O comportamento e suas consequências
Por Marla Cruz Dias | 13/05/2011 | PsicologiaO comportamento e suas conseqüências
Autoras:
MÜLLER, Ana Paula F.
BRAGA, Gicélia O.
NASCIMENTO, Helia
ALVES, Juliana A.
FRAGA, Maria José
PINHO, Samilis
DIAS, Marla C.
Bacharelada do curso de Psicologia das Universidades Unijorge.
RESUMO
Este artigo tem como objetivo geral demonstrar a importância desse experimento que foi visualizar empiricamente, o embasamento teórico da tríplice contingência, ou seja, da relação entre estímulo, resposta e conseqüência, afetando os comportamentos, levando-nos a estabelecer relações também com os comportamentos humanos. Método e Resultado; O experimento foi realizado no laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade Jorge Amado. Para tal, foi utilizado um rato branco proveniente do laboratório de Psicologia Experimental a fim de ter seu comportamento estudado por dupla de estudantes do 2º semestre do turno noturno do curso de Psicologia. Durante todo o experimento o rato permaneceu no interior da caixa de Skinner, instrumento escolhido para a aplicação das técnicas necessárias ao estudo.
Palavras-chave: Experimento; comportamento; extinção; reforço.
INTRODUÇÃO
Através do método dedutivo, partindo de uma teoria genérica para prever comportamentos de sujeitos estudados, utilizamo-nos de uma pesquisa experimental em laboratório, com ratos em uma caixa de Skinner.
Com os experimentos realizados, foram observados os efeitos do condicionamento, através da manipulação das variáveis independentes (reforço e extinção) e da dependente (freqüência das respostas), no comportamento do animal estudado.
Uma vez que o comportamento operante produz conseqüências no ambiente, que é também afetado por elas, os psicólogos precisam estar aptos a perceber o quanto essas conseqüências tendem a manter os comportamentos que são socialmente aceitos e a reduzir aqueles que são considerados inadequados.
Daí a importância desse experimento, estabelecer a correlação entre os comportamentos animal e humano apresentados na teoria com a comprovação científica (prática).
"Pode-se aprender a programar conseqüências especiais para os comportamentos que desejamos reforçar em nossos futuros pacientes" (Moreira e Medeiros, 2007).
A caixa de Skinner é um instrumento que foi criado por B.F. Skinner, em 1932, que contém uma alavanca que quando apertada por um rato, sob as condições estabelecidas pelo realizador do experimento, o animal é recompensado com água ou alimento (água, no caso do experimento deste relatório).
Depois, o comportamento do rato é colocado sob o controle de uma variedade de condições de estímulos e reforços, sendo gradualmente modelado, com respostas que não faziam parte do seu comportamento antes do experimento.
Os reforços, definidos como conseqüências que geram aumento na freqüência na probabilidade do comportamento acontecer, variavam entre contingente, ou seja, aplicado logo em seguida ao comportamento pretendido, ou diferencial, apresentado após algumas respostas que obedecem a certos critérios e não outras similares ao comportamento alvo.
As operações estabelecedoras são condições de privação e/ou saciação que servem de ajuda nos experimentos, permitindo o condicionamento ou modelagem de um comportamento de forma mais rápida.
Desta forma, para facilitar o condicionamento do animal, foram utilizadas operações estabelecedoras de privação de água, para que a sede proporcionasse maior rapidez de resposta, diminuindo o tempo de latência (tempo decorrido entre o estímulo e a resposta) das mesmas.
O objetivo desse experimento foi visualizar empiricamente, o embasamento teórico da tríplice contingência, ou seja, da relação entre estímulo, resposta e conseqüência, afetando os comportamentos, levando-nos a estabelecer relações também com os comportamentos humanos.
Após condicionarmos o comportamento de pressão à barra para a obtenção de água, foi realizada a extinção operante, que consistiu na suspensão do reforço, conduzindo ao retorno do comportamento ao nível anterior, da linha de base (primeiro passo do experimento, onde não há reforço, só observação do comportamento natural), provando que os efeitos do reforço são temporários.
Entretanto devemos ressaltar que essa extinção não se deu de forma automática, mas após um período chamado de "resistência à extinção", caracterizado pelo número de vezes que continuava havendo emissão de resposta, mesmo depois da suspensão do reforço.
Foi possível ainda a observação de outros efeitos do processo de extinção operante, a saber: aumento na freqüência de resposta no início do processo, maior variedade das formas de resposta apresentadas e o aparecimento de respostas consideradas emocionais, como ansiedade e raiva.
Por fim, foi modelado o comportamento pretendido, reforçando de forma diferenciada as respostas que mais se aproximavam do referido comportamento.
Numa etapa posterior, realizamos nova extinção, que se mostrou mais difícil, com o animal apresentando um tempo maior de resistência a parar de se comportar.
Método e Resultado
O experimento foi realizado no laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade Jorge Amado. Para tal, foi utilizado um rato branco proveniente do laboratório de Psicologia Experimental a fim de ter seu comportamento estudado por dupla de estudantes do 2º semestre do turno noturno do curso de Psicologia. Durante todo o experimento o rato permaneceu no interior da caixa de Skinner, instrumento escolhido para a aplicação das técnicas necessárias ao estudo.
As práticas eram feitas uma vez por semana e a prática inicial teve o objetivo de coletar dados do comportamento sem o emprego de nenhum estímulo arbitrário. Desta forma, conhecemos o comportamento do animal no seu estado "natural" (elaboração da linha de base, comportamentos incondicionados) para servir como parâmetro posterior à introdução das técnicas de condicionamento.
Dentro da caixa de Skinner, durante 30 minutos, registramos (a cada 3 segundos) a freqüência com que o rato se comportava das seguintes formas: farejar, levantar, limpar-se, tocar a barra, ficar parado e pressionar a barra (comportamento-alvo, ainda desconhecido para o estímulo "beber água"). O resultado total neste período está abaixo no gráfico Linha de Base.
A etapa seguinte consistiu em empregar a técnica de modelagem do novo comportamento de "pressionar a barra" para beber água (quantidade que não saciava totalmente, algo equivalente a um "gole"), para daí seguir nas próximas etapas técnicas que utilizariam as teorias de reforçamento e posterior extinção.
A fim de facilitar o processo de modelagem, o laboratório responsabilizou-se em deixar o animal no dia anterior ao experimento, privado de água.
O animal foi colocado na caixa de Skinner com um recipiente com água e conforme seus comportamentos foram se aproximando ao alvo, o botão da caixa era por nós acionado (gerando um sinal auditivo junto à presença de água - reforço) em uma razão fixa de 5 vezes para cada comportamento aproximado. Ao final do cumprimento da razão fixa de um comportamento razão e assim sucessivamente até atingir o comportamento-alvo (pressionar a barra), os demais comportamentos anteriores foram abolidos na técnica de reforçamento. Os comportamentos aproximados foram consecutivamente os seguintes:
? Dirigir o focinho em direção à barra;
? Apoiar na parede da barra;
? Tocar na barra;
? Pressionar a barra., este era abortado e um comportamento mais aproximado tinha seu condicionamento iniciado à mesma
Ao final desta etapa, o animal em estudo demonstrou ter incorporado o comportamento de pressionar a barra para obter água em seu repertório comportamental, permitindo-nos continuar com as outras etapas do experimento.
Na etapa seguinte, precisamos "relembrá-lo" do novo comportamento, repetindo o processo de modelagem, mas que obviamente demorou menos tempo para que o animal respondesse. A aplicação da técnica do reforço contínuo foi então completada quando evidenciamos o aumento demasiado da freqüência que o animal pressionou a barra para obter água em relação à linha de base e a diminuição da freqüência das outras classes de comportamento, conforme podemos ver no gráfico Reforço abaixo:
Além disso, podemos avaliar que conforme o tempo do reforçamento aumenta maior é a freqüência do comportamento, mais forte fica a ligação entre R-C. Podemos visualizar isto no gráfico Fa/min Reforço do comportamento-alvo, conforme abaixo:
A etapa seguinte era verificar as respostas que acontecem na extinção do comportamento de pressionar a barra.
O animal foi inicialmente "relembrado" do comportamento condicionado de pressionar a barra. Feito isto paramos de reforçar e registramos a freqüência dos comportamentos observados e os resultados seguem no gráfico Fa/min Extinção I, abaixo:
Logo após o início da extinção do reforço, identificamos uma variabilidade nos comportamentos como morder a barra e se coçar bastante. Verificamos que com o tempo houve um retorno aos comportamentos de linha base do animal, onde p.ex. "farejar" era o de maior freqüência.
A próxima etapa foi voltar a reforçá-lo (sempre com o mesmo comportamento de pressionar a barra para beber). Só que agora ele precisaria chegar a pressionar a barra por 10 vezes antes de conseguir a água (o reforço). Iniciamos com a freqüência de 2, 4, 6 e assim sucessivamente até 10 (repetindo por 5 vezes cada freqüência). Esta freqüência foi alcançada ao final desta prática.
Na última prática foi feito a "lembrança" da necessidade da repetição do comportamento por 10 vezes para depois iniciar o processo de extinção, os resultados estão evidenciados no gráfico Extinção II a seguir:
A quantidade de vezes que o rato pressionou a barra aparece no gráfico de extinção II, por que nos primeiros 2 minutos, o animal tentou incontrolavelmente obter reforço (15 vezes seguidas), porém após estes minutos iniciais não apresentou mais este comportamento. Entretanto, começou a manifestar comportamentos que não tinham sido apresentados até então, como arrepiar pêlos.
Conclusão
Os resultados obtidos neste trabalho, apresentam coerência com a teoria estudada, pois demonstram empiricamente a possibilidade de, através de uma conseqüência programada, conseguir modelar um determinado comportamento.
Vale ressaltar que comportamentos não são equações matemáticas e que, nas teorias comportamentais, lidamos sempre com aumentos ou diminuições de "probabilidades" deles ocorrerem e não com certezas herméticas, pois não devemos esquecer as idiossincrasias individuais e culturais, que levam cada sujeito a reconhecer de forma diferenciada reforços e punições. Uma conseqüência punitiva para um sujeito, pode ser reforçadora para outro e vice-versa.
Resguardadas as limitações idiossincrásicas, o presente trabalho fez-se muito útil, na medida em que forneceu instrumentos para a atuação do psicólogo, como facilitador na construção ou melhoria da auto-estima, autoconfiança e de repertórios comportamentais adequados à socialização dos indivíduos.
Referência Bibliográfica
1. KANTOWITZ, Barry H. Psicologia Experimental: Psicologia para compreender a pesquisa em psicologia. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006.