O choro das estrelas
Por ronaldo campello | 19/08/2010 | PoesiasO choro das estrelas
Crianças celestiais choram em desespero e toda hoste angelical nada pode fazer
Despencando no coração mais escuro do abismo mais profundo, a dor se alastra.
E na fria face fenecem sentimentos...
Deixe que chorem todos, deixe, deixe que chorem, pois, no fim, no fim de tudo, tudo será esquecido, será esmagado como folha seca e o que restar não terá mais importância, tudo se torna banal... Nada será mais lembrado
A noite reserva surpresas
O mar poucas vezes devolve seus mortos
O coração mais puro, por mais que demore um dia será maculado.
A folha mais branca e alva de papel sempre se torna amarelada e assim, só assim passa ter algum pouco valor, o que mais vale é o escrito que não são mais do que um jogo de ilusões...
Ecos do passado me sopram ao ouvido
Pesadelos abismais sobre nosso amor
Liras que dobram em cortejo funéreo
As dores eu ainda sinto, mesmo após tanto tempo, os olhos ainda não consigo abrir...
Crianças celestiais choram em desespero e toda a hoste angelical nada pode fazer
Ao passar o tempo em agonia não percebi o quanto minha carne enfraquecia, cataléptico, amortalhado dentro de um sonho, coberto com sudário pesado de teus olhos que de tão negros não permitiam passar nem um mínimo facho de luz... Agonizei, definhei, mas tão somente agora consegui perceber que não velavas por mim, somente querias minha vitalidade.
Eras muito bela
...meus sonhos nunca tinham evocado uma estátua tão perfeita...
Tanta melancolia, tanta tristeza, dor excessiva.
Tantos louvores, tantos desejos e incensos queimados ao pé de teu altar erigido no paraíso sombrio de minha alma.
... Estatua da paixão na palidez, no olhar imóvel, nos lábios sedentos se o arfar do peito lhe não denunciasse a vida...
Escutai, escute o choro das estrelas, o choro do demônio que possuiu o anjo.
Escutai, o choro do anjo que tocou o coração do demônio
Impuros corações e amaldiçoados
Ó anjo eternal aonde vou me abrigar?
Nosso leito de flores não existe mais, elas estão murchas e secas e sem cor, o vento que sopra do norte as irá espalhar, manchadas com nosso suor e gozo, contaminadas com o pecado original, nosso pecado...
Fomos expulsos, assim como as folhas secas de nosso leito, folhas que já se molharam com o orvalho e lágrimas de tuas faces...
Crianças celestiais choram em desespero e toda a hoste angelical nada pode fazer....
Os ossos ainda se movem a carne ainda possui cor...
Os olhos lacrimejam....