O chefe espião.
Por Romão Miranda Vidal | 29/04/2012 | Crônicas
O CHEFE ESPIÃO.
Hoje pela manhã assisti a um programa de televisão, em um canal por assinatura – O chefe espião- que a exemplo de outros já assistidos, permitem aos que o assistem, ver como o empresário norte-americano se comporta em relação aos seus funcionários.
Exemplos bem sucedidos de dirigentes que sentem na pele, as dificuldades, o estresse, a angústia, o desespero, os sonhos acalentados e nunca realizados, os problemas familiares dos seus colaboradores. Experiências duras e cruas, que os R.H’s da vida jamais irão sentir ou sequer sabem que existam.
A experiência que estes programas nos têm trazido são vastas e úteis. Aprendi no decorrer destes programas, que pessoas estranhas ao seu meio de atuação, pessoas novas no seu departamento ou secção, ou mesmo no seu ramo de atuação como profissional liberal, que momentaneamente se encontre prestando algum tipo de serviço, devem ser tratadas com certa discrição, com elegância, educação e amor ao próximo. Jamais comentar a respeito do trabalho, se ele for desgastante e estressante, a não ser que esta pessoa venha trabalhar com você, mas mesmo assim mantenha-se discreto e prestativo. Não comente a respeito dos seus superiores, tão pouco faça elogios demasiados, quanto menos críticas desabonadoras.
Comporta-se de forma solidária e humana. Qualidades que muitos de nós as temos e não as colocamos em prática. São qualidades que fazem a diferença no dia a dia em qualquer ambiente de trabalho.
Nós todos que operamos em vários segmentos de mercado, que viajamos constantemente, travamos conhecimentos com várias pessoas, mesmo que por pouco tempo. E um comentário desairoso sobre este ou aquele assunto, empresa, pessoa ou marca, pode ser utilizado de várias formas. Como arma contra você mesmo. Não de forma direta. Mas indireta. Digamos que um profissional especializado em pesquisar futuros profissionais para esta ou aquela empresa e tenha você como à pessoa a ser pesquisada. E você detona a empresa ou o dirigente da empresa. Se a empresa estava interessada em você ou se um dia você for bater à porta desta empresa, provavelmente ela não se abrirá.
O policiamento hoje, não se restringe só ao que falamos, mas ao que postamos nos meios sociais de comunicação. Palavras grosseiras, fotos, desenhos, imagens em geral podem ser interpretadas como igualitárias ao seu caráter e modo de viver e sentimento em relação ao próximo.
Este policiamento ou ainda este comedimento na forma de se expressar, de tomar posições, de externar seus pontos de vista, exigem uma reflexão mais aprofundada. Palavras uma vez proferidas jamais voltarão ou serão apanhadas. Pensamentos quando expresso por escrito, nos meios de relacionamento via Internet, são eternos. Conversas telefônicas e em especial as de cunho comercial e profissional, simplesmente pode fazer você desejar morar no centro da Antártica. Geladeira para sempre. O mesmo vale para os relacionamentos de ordem pessoal, com um grupo de pessoas, que se encontra pela primeira vez. Tolerância. Paciência. Polidez faz a diferença.
A situação que vivemos se assemelha a um mundo em que existem olhos que tudo vêem que controlam nossos passos e ações. Mas agora também gravam, não só por meios eletrônicos, mas na mente. O mundo não era tão competitivo. Hoje o seu colega de turma, recém formado como você é seu maior e direto competidor no mercado. Um comentário desairoso, menos elegante em relação a este ou aquele assunto comercial, industrial e até pessoal em relação a dirigentes, poderá ser usado contra você. Acredito que não será usado de forma direta. Mas servirá de munição para o seu colega, não proceder da mesma forma que você. Munição esta que se devidamente registrada poderá formatar um “menu” de como não proceder em reuniões, conversas informais e pronunciamentos.
Na realidade o mundo que hoje exige um esmero profissional de elevado quilate, muitas vezes depara com situações nas quais a pessoa como profissional é excelente, mas de trato difícil. A convivência em grupos de trabalho, o relacionamento com o público, com clientes nem sempre é fácil para certas pessoas, mas o seu desempenho profissional é excelente. A solução?
Quem sabe é chegada à hora de nos policiarmos, de arquitetar formas de agir, de planejar ações, de se educar para a vida profissional, não só na área de competência, mas na área de humanas, de psicologia do relacionamento, da forma de postura em sociedade, de formatar e treinar a respeito de situações, nas quais a pessoa sente uma vontade enorme de impor seu ponto de vista. De comentar de forma mais abrasiva alguma situação e ou posição tomada por um elemento da empresa, ou em reuniões sócias onde geralmente, comentam vários assuntos, muitos deles banais. Mesmo assim é hora de nos policiarmos.
Este nosso tipo de arquitetura emocional é sadio, quando devidamente usado. Em geral muitas pessoas vão às reuniões com os “espíritos armados”, com posições previamente tomadas e com posições planejadas para detonar quem ousar impor o ponto de vista ou opinião. Aí de quem ousar contrariá-lo. E os resultados podem ser desastrosos. Não estamos afirmando que se deve concordar com tudo e com todos. Ao contrário. Analisar previamente quais as estratégias a serem usadas. Fazer um treinamento mental para determinado tipo de acontecimento e quais as reações a serem usadas. Ninguém constrói um edifício sem o devido planejamento, nem as pirâmides dos Astecas, dos Egípcios o foram.
A atitude preventiva deve ser usada no dia a dia. Do nosso porteiro do prédio, do cobrador de ônibus, do nosso funcionário e ou colega de trabalho. A atitude preventiva exemplifica-se por um simples e sorridente bom dia. Qual das duas opções é a melhor? Entrar no seu ambiente de trabalho e não cumprimentar as pessoas?, Ou mesmo carregando o mundo das costas, cumprimentá-las cordialmente e com afetividade?
A administração de nossas atitudes comportamentais devem ser elaboradas de forma constante e permanente. Até na posição de ocupar um lugar na mesa de reuniões ou de trabalho em equipe.
Por fim, o mundo nos espera cada vez mais competitivo. As máquinas fabricadas por nós, muitas vezes ou sempre são lacônicas e indiferentes aos nossos relacionamentos e ações. Nós seres humanos nos diferenciamos da máquina. Nós temos o raciocínio lógico. Nos temos a premissa de sermos criados para distinguir de forma precisa, que se não nos adotarmos atitudes não agressivas e invasivas, quando não contundente a convivência e a vivência com o próximo ficará mais difícil e mais distantes.
O bom seria que passássemos a utilizar os exemplos do chefe espião americano, para melhorar as nossas vidas.