O Chapéu mexicano do "Furacão"
Por Edson Terto da Silva | 30/04/2011 | SociedadeEdson Silva
Sei que não é tarefa fácil escolher um gol mais bonito de Copas do Mundo. Certamente, muitas pessoas terão os seus preferidos, sejam eles marcados por brasileiros ou atletas de outras seleções e com critérios que podem ir desde a beleza plástica propriamente dita dos gols, como pela importância dos mesmos. Das 19 Copas, que ocorreram desde 1930, já vivenciei 13 delas, pois nasci em 62, ano da Copa do bicampeonato brasileiro, mas obviamente não me recordo desta e da outra seguinte, em 66, quando tinha 4 anos. Já das outras 11, a partir do tricampeonato de 70, recordo-me de todas.
E um dos gols brasileiros que acho mais lindos de todas as Copas, foi justamente marcado em 70, no jogo estreia daquela Copa disputada no México, quando o Brasil começou perdendo, mas goleou a Tchecoslováquia por 4x1, com dois dos gols marcados por Jair Ventura Filho, o Jairzinho, que seria apelidado de "Furacão", dada sua velocidade naquele mundial. Em um dos gols, Jairzinho apara um longo lançamento, da um balão, ou o chamado chapéu no goleiro Viktor, depois mata a bola no peito e estufa a rede, coisa linda.
A imagem exata da bola passando apenas alguns centímetros sobre os braços estendidos e a cabeça do goleiro adversário, eu veria depois estampadas em revistas. Não me esqueço dos realces coloridos das revistas (já que, em 70, eu assisti aos jogos em TV em preto e branco e de vizinhos). A nossa camisa amarela com as barras verdes das mangas e das golas ; os shorts azuis com uma listra lateral branca; o branco das meias, que traziam pequenas barras em verde e amarelo. Mas me chamava ainda mais atenção a alegria e a vibração de nossos craques, como o próprio Jair, Pelé, Rivellino e Tostão, só para citar alguns.
Se for falar em gols bonitos ou importantes de nossa Seleção, eu poderia lembrar o de Falcão contra Itália, em 82, o de Nelinho, acredito que também contra a Itália, em 78, um de Zico contra a Escócia, em 82, os de Sócrates e Eder contra a URSS, entre tantos outros. Mas o lindo gol de Jairzinho me marcou muito, eu tinha apenas oito anos e sempre que possível, nos campinhos de "peladas", lá estava eu infernizando zagueiros e goleiros para fazer mais um gol com chapéu no goleiro, igual ao do Brasil na Copa do México, ...
Edson Silva, 49 anos, é jornalista e trabalha em Sumaré
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