O Cego Do Cajú
Por Marcelo Cardoso | 10/06/2008 | ContosA mulher dele era ótima ... Um monte de curvas rechonchudas e um par de coxas extraordinárias ... Aliás, extraordinária era ela ! ... Mas não é junto, não ! ... É separado mesmo:extra – ordinária ! ... Ela era uma mulher extra – ordinária ! ... Topava tudo que só se faz escondido: de costas, um para o outro ! ... E quando se virava de frente, aí nem se fala ... Aliás, como ela se virava: de frente p'ra atrás e de trás para a frente ! ...Ela adorava uma viração ...
Mas o marido era cego, coitado ! ... Não via nada e ainda dava uma força p'ra ela quando ela chegava em casa cheia de presentes e dizia assim:
- "Essa pulseira de ouro foi a Zezé que me deu e esse anel de brilhantes foi a Ruth ... As minhas amigas adoram me dar presentes... Como a Marly, que me deu essa calcinha"! ...
EM TEMPO: "Como a Marly" foi um ato falho !É que Marly é o nome da mulher do cego do Cajú", mas ninguém precisava saber disso ...
Mas, continuando o que eu estava dizendo ...
E foi, então, que eu fui interrrompido pelo amigo p'ra quem eu estava contando essa estória que, abriu um parêntesis e fez a seguinte observação:
- "Mas péra aí !... Você não disse que o cara era cego, pô ! ... Que êle não via nada e que ainda assim dava uma força p'ra ela ?" ...
Não, cara ! ... Êle enxergava ... e enxergava até muito bem ! ... Eu o chamei de cego do Cajú porque, além dele morar no Cajú, êle também acreditava que todos os "presentes" que a mulher trazia p'ra casa eram mesmo dados à ela pelas amigas ... O que êle não enxergava era o que estava por trás daqueles "presentes" ... Aliás, não era só por trás ... Era por trás, pela frente, por cima, por baixo e pelos outros lados também ! ...