O caráter dos três desconhecidos no conto Three Strangers de Thomas Hardy.
Por Adaline Matias Alves | 03/04/2013 | ContosAtravés do título empregado a este conto de Hardy, observamos uma certa confusão por conta da significação de Three Strangers, mas depois de uma leitura bastante profunda encontraremos a razão pelo qual Hardy usou este termos para falar dos três desconhecidos. Ao longo do ensaio serão abordados certos comportamentos destes desconhecidos que nos causa uma impressão um tanto peculiar.
Hardy descreve o primeiro desconhecido como sendo um homem bem velho, moreno e de feição pouco atraente (Hardy, 1883, p.20), até ai não percebemos nada que comprometesse este homem ou algo de concreto sobre seu caráter, mas ao chegar a casa, observando suas palavras para com o pastor, inicialmente podemos descrevê-lo como um homem educado pela forma como pede abrigo, “The rain is so heavy, friends, that I ask leave to come in and rest a while.” (Hardy, 1883, p.21). O seu comportamento nos parece ser de uma pessoa boa, mas, conhecendo a história, podemos ver sua habilidade de encobrir o que realmente é, até sobre sua profissão quando a cita e também quando o autor nos descreve suas vestimentas, denota-nos ser um homem do campo quanto na verdade ele era relojoeiro, profissões de um homem da cidade. Por ser realmente o ladrão de ovelhas podemos dizer que ele pode ter tido esse comportamento para que ninguém desconfiasse de sua má feitoria.
Quanto ao segundo desconhecido, claramente percebemos sua diferença do primeiro. Para nós leitores ele nos parece ser uma pessoa folgada, podemos dizer assim, devido suas atitudes, também podemos dizer que ele representa a desigualdade moderna por se achar no direito de abusar os pastores só porque representa a autoridade. O modo como chega à casa do pastor, a forma como pede abrigo, faz-nos analisar que é realmente bastante diferente do primeiro desconhecido quando ele diz, “I must ask for a few minutes’ shelter, comrades, or I shall be wetted to my skin before I get to Casterbridge.’” ( Hardy, 1883, p.24). Podemos então comparando com o primeiro alegar que ele usa de certa ironia, podendo querer com essas palavras forçar a aceitação do pastor em sua casa, sendo arrogante e deixando uma má impressão para todos inclusive para a mulher do pastor, a Sra. Fennel, que desde sua chegada não vai com a cara dele, ele realmente era uma pessoa estranha para aquele povo, pois era totalmente diferente deles além dos modos diferentes. Observando sua aparência, com chapéu e terno, associamos ao homem urbano, seu traje parece denotar que ele vem da cidade.
Mesmo com o seu modo educado há certas ações onde notamos que Thimoty Summers assim chamado o primeiro desconhecido, transmite certo desconforto a Sra. Fennel que mostra ser econômica, ficando insatisfeita com o ato dos dois desconhecidos.
Vale ressaltar que o fato do segundo desconhecido se sentir íntimo e beber toda a bebida da caneca da família, nos deixa um tanto alertas para desconfiar do que este desconhecido possa nos revelar no fim do conto. Até mesmo o primeiro desconhecido, demonstra desconforto com uma ação espaçosa do segundo, quando fica insatisfeito ao ouvir a Sra. Fennel dizer que não iria mais fabricar a aguardente. “ Ha, ha, ha!’ said the man in the chimney-corner, who, in spite of the taciturnity induced by the pipe of tobacco, could not or would not refrain from this slight testimony to his comrade’s humour”. (Hardy,1883, p.24). Sobre esse desconforto da Sra. Fennel nos está claro quando ela mesma fala com o pastor,
‘Why should you do this?’ she said reproachfully, as soon as they were alone. ‘He’s emptied it once, though it held enough for ten people; and now he’s not contented wi’ the small, but must needs call for more o’ the strong! And a stranger unbeknown to any of us. For my part, I don’t like the look o’ the man at all.’ (Hardy, 1883, p.25)
Antes de saber sobre a real identidade do primeiro desconhecido, com todos esses acontecimentos indiferentes por parte do segundo, poderíamos achar que o segundo desconhecido poderia ser o ladrão de ovelhas, pela estranheza que ele passa para todos da casa, mas logo que o terceiro estranho aparece no conto, aí nos parece ficar claro que finalmente este seria o mal feitor.Vale ressaltar que ao longo do conto o autor nos deixa um pouco confusos em relação ao verdadeiro ladrão de ovelhas até que o terceiro estranho revele toda a verdade. A princípio o terceiro nos pareceu ser o ladrão com sua atitude de fugir da porta da casa, mas, quando ele revela tudo podemos dizer que ele era um homem do bem que queria apenas ver o irmão para despedir-se e que não teria dito antes por querer salvar a pele dele, com este ato, nos faz entender que ele é diferente do irmão.
Ao analisarmos o comportamento desses três estranhos, observamos uma certa ligação entre eles, a forma como o primeiro se identifica com o segundo,notamos isso quando eles cantam juntos na casa do pastor, além do terceiro ser irmão do primeiro. E ao final do conto a impressão que inicialmente teríamos do segundo estranho desaparece, pois, percebemos frieza e ousadia do primeiro estranho quando, segundo Hardy, ele confabula com o carrasco, ganhando sua admiração e que logo depois o segundo descobre que foi enganado assim como queria enganar os Fennels. E por fim, no desfecho do conto, acaba que cada um dos três desconhecidos tinham um pouco de estranheza, deixando claro agora o título dado por Hardy “Three Strangers”.
REFERÊNCIAS
BRAGA, Rubem. Contos Ingleses. Tradução de Afonso Arinos de Melo Franco “ Os três desconhecidos”. Disponível em http://books.google.com.br/books?id=6CDmN2-Oj7kC&pg. Acesso em 18 de Fev. 2013.
HARDY, Thomas. Wesses Tales. “Three Strangers” Disponível em http://www.gutenberg.org/files/3056/3056-h/3056-h.htm. Acesso em 24 de Fev. 2013.