O caminho do pensamento spinoziano: Da ideia de substância à liberdade humana

Por GEORGE LUIS CARDOSO SILVA | 21/11/2017 | Filosofia

George Luís Cardoso Silva

Resumo

Este artigo visa perpassar, ainda que de forma rasa, conceitos do pensamento spinoziano, para se chegar ao que para o filósofo seria liberdade e as condições necessárias ao homem para obtê-la. Em um primeiro momento compreender a noção de Deus para Spinoza, já que para ele o ser absoluto seria uma substância perfeita, presente em toda a natureza, incluindo aí o ser humano, seu corpo e sua alma. Ao se definir as relações do corpo e da alma, vê-se que o homem é afetado de diversas maneiras externamente, as afecções, e internamente com as paixões e os afetos. Diante dessa realidade, Spinoza propõe um caminho a se percorrer para alcançar a liberdade: o caminho da razão, do conhecimento.
Palavras-chave: Liberdade, substância, conatus, paixões, afetos, afecções.

Introdução

Dentre os diversos anseios existentes no interior humano, a liberdade é algo que sempre o inquietou. O desejo de ser livre é algo natural ao homem. Entretanto existem diversos empecilhos que o impedem de saborear, se existente a possibilidade, a liberdade. Dentro dos diversos temas tratados por Spinoza está a liberdade. O fiósofo, depois de percorrer um longo caminho em sua obra “Ética” propõe caminhos para a libertação humana.
Para se entender o pensamento spinoziano acerca da liberdade é de suma impotância e necessidade compreender conceitos essenciais de sua filosofia como Deus, substância, paixões, afetos, afecções e conatus. Acusado de heresia Spinoza é expulso de sua comunidade religiosa e até mesmo de sua família. Neste contexto ele desenvolve seu pensamento.
As conclusões de Spinoza acerca de Deus podem ser consideradas, como afirmado por alguns comentadores, como um suposto panteímo. O filósofo afirma que Deus seria a substância absoluta. Tudo o que existe é atributo dessa substância perfeita, são modos e manifestações dela. Assim vê-se que para ele Deus não possui um caráter de transcendência, mas, pelo contrário, imanente. A substância se encontra presente em tudo.
O homem não é diferente da natureza, sendo assim seu corpo e sua alma são atributos da substância, em um grau de hierarquia mais elevado, porém. Assim todas as ações do homem estão ligados a sua natureza, tudo que acontece é de alguma maneira necessário. Spinoza denomina como afecções as ações externas que interferem na vida do homem e de afetos e paixões os seus instintos.
O que separa o homem da liberdade para o filósofo é justamente as suas paixões e afetos. Ao realizar maus encontros o ser humano estaria diminuindo o seu desejo de auto conservação, sua autonomia, se tornado como um servo. O homem viveria assim em uma servidão acreditando ser livre. A liberdade, por sua vez, só viria através do conhecimento. É necessário que o ser humano tenha conhecimento de sua natureza e potencialidades, não para e livrar das paixões, já que isso é impossível, mas para saber lidar com elas, sendo a partir disso, de fato, livre.

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