O Banquete: Uma Leitura aos confins da Filosofia
Por Bruno Marinelli | 21/09/2010 | FilosofiaO Banquete: Uma Leitura aos confins da Filosofia
INTRODUÇÃO
De inúmeras obras acerca do pensamento de Platão, com certeza o Banquete é uma das mais discutidas e faladas.
Dentro desta perspectiva este trabalho quer levar o leitor a mais uma interpretação acerca da obra, e, para tanto não encerramos neste trabalho todas as discussões possíveis que se possa faze da obra, mas do contrário queremos abrir cada vez mais discussões acerca de uma obra tão rica e marcante.
O desfecho deste trabalho é dado e forma interpretativa, de outro modo, não nos atemos em querer refletir categoricamente cada diálogo, mas este trabalho quer girar ao redor do foco central dado por Platão, a saber, a cena filosófica que Platão nos evoca em seu diálogo.
1.1- O Que se esconde por detrás da cena.
Ao ler o Banquete fica-nos claro que Platão discutia aquilo que de melhor existia no seu tempo, a saber, a poesia, e os pré-socráticos, é sobre estes dois viés que Platão constrói toda a sua filosofia. O Banquete esta repleto desta realidade, contendo ainda dentro do aspecto da poesia uma forte identificação mítica.
Ler o Banquete como se fosse uma cena seguida e continua de nada nos diria senão um jantar entre amigos, mas Platão desde inicio da obra anuncia algo grande e supremo para a construção do conhecimento e pra a reflexão filosófica, a saber, a grande influência de Platão é Sócrates, e, portanto é ele o foco central de todo o banquete que gira todo ao redor de sua figura.
Durante o desenvolver do enredo mencionado por Platão vemos alguns personagens interessantes como: Agatão, o anfitrião da festa; Fedro; Aristófanes; Eriximaco, o médico; Pausânias; Alcibíades, o bêbado; e Sócrates. Cada personagem exerce papel de grande importância ao se tratar da cena filosófica que Platão quer chegar com o seu diálogo. Para tanto como se era de costume durante o banquete era digno que os convivas oferecessem a celebração a um deus ou a um dos convidados, enfim geralmente este ato era terminado em uma brava luta de oradores que discutiam acerca de temas mais variados possíveis. Na realidade a proposta dada por Platão no Banquete é a discussão acerca do autêntico amor.
Outro fato interessante no corpo do texto platônico é que Platão inaugura, uma nova pedagogia e o Banquete trás isso ao leitor como podemos notar uma forte condução racional que nos leva a um caminho, a busca pela verdade, e esta a encontramos na presença de Sócrates. Todos os VI primeiros discursos é um elogio ao amor Eros. Todavia, nos V primeiros diálogos podemos notar que estes são anunciados pelos professores tradicionais, porque fica evidente que a figura de toda a cena seja Sócrates aquele que é esperado, temido, e abstém-se de um lugar honroso dentro do próprio Banquete.
Um fato até que cômico é a figura de Alcibíades que interrompe toda a cena, conforme é de se pensar até então todo o desfecho do banquete havia sido acabado, pois todos já haviam se pronunciado no caso de Fedro que abre a discussão e Sócrates que a encerra, mas eis que após a exposição socrática entra Alcibíades, a questão fundamental é porque Platão coloca Alcibíades no contexto do Banquete?
Fica evidente que Alcibíades é colocado por Platão para demarcar o momento apíce de todo o Banquete que é a Irônia e a Maiêutica socrática. Sócrates inaugura seu discurso questionando o que realmente seria a natureza do amor e quais as suas ações ao homem, para isso reconhece que ficava perturbado ao ouvir seus amigos desvendando grandes tratados acerca do amor, mas agora começa através da ironia a desvendar, ou melhor, a preparar o caminho para a sua reflexão, que não antes é nascida sem antes fazer os convivas a dar luz aos seus conhecimentos, fica claro o processo da maiêutica na obra. Sem abster-se de tamanha definição Sócrates através de Diotima desvenda-nos o que seria a conquista suprema do ato do amor, que seria a conquista e a busca definitiva para a ciência o belo em si. Após desmistificar todos os demais relatos Sócrates é mais uma vez homenageado pelos convivas, que ficam inertes a tamanha oratória. É aqui que entra a figura de Alcibíades que bêbado faz uma declaração a Sócrates comparando-o a um sileno e a um Sátiro de Mársias um flautista que desafia os deuses. Aqui Alcibíades retrata Sócrates como um encantador, pois, através de sua arte de falar deixa a todos desconsertados e admirados de tamanha sabedoria e beleza. Platão em Sócrates evoca já de inicio toda a sua filosofia e por isso Sócrates é modelo, a figura sobre como se deve portar e ser um exímio filósofo.
CONCLUSÃO
Muito grande se faz à figura de Platão e de Sócrates para a filosofia. Conforme podemos notar a riqueza que o Banquete evoca em todo o seu corpo é extremamente significativa para a pedagogia platônica e para a própria expressão da filosófica que será demarcada com a justiça do conhecimento, de outro modo, a moral e o conhecimento não se anulam, e a expressão maior para tamanha integridade é Sócrates. que demarca sua filosofia a partir do ser humano , despertando no mesmo valores supremos e íntegros.
Todo o Banquete gira em torno de Sócrates, Platão faz questão de dar os detalhes o mais forte possível acerca da figura do seu mestre, pois é ele a referencia central do próprio banquete.
A cena filosófica é o processo em que Sócrates demonstra a real autenticidade do Amor, para isso usa de todos os meios favoráveis para chegar a esta definição, a saber, para chegar à autenticidade acerca do amor Sócrates desmistifica de forma categórica o que fora dito até então, para isso utiliza da ironia e da maiêutica.
Outro ponto interessante que podemos tomar é o amor como conquista suprema na busca pela ciência o belo em si, aqui Platão abre toda uma realidade para a sua filosofia, que será desmistificada após em sua obra a República.
Bibliografia
PLATÃO. Os Pensadores. Tradução de. José Calvalcante de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1972.