O Ateneu

Por César Vaz Ângelo | 31/05/2017 | Resumos

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ ÂNGELO, César Henrique Vaz. Resenha do livro O Ateneu O Ateneu, um dos livros mais interessantes da nossa literatura, foge a qualquer classificação rígida de periodização literária. A história tem início com uma frase que se tornou famosa: “Vais encontrar o mundo, disse- me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para lutar”. Sérgio, protagonista da história, frequentava como externo uma escola regular a qual não via com muito interesse, sendo que bocejava até o final de cada aula e se recordava com mais clareza do pão com manteiga que lanchava na hora do intervalo. Em seguida, teve um professor particular que o auxiliava em casa. Algum tempo depois, chegou o momento de ir para o internato. Antes de sua instalação fora visitar duas vezes o Ateneu, nome do internato. A primeira vez que o visitou, em um dia festivo na instituição, ficou maravilhado com a organização do evento. Não entendia muito bem aquilo tudo, mas a inocência de criança o fez ficar encantado. A segunda vez foi na festa dos ginastas que contou com a presença da princesa Isabel. Na terceira vez em que visitou o Ateneu conheceu pessoalmente Aristarco Argolo de Ramos, diretor do colégio. No primeiro encontro Aristarco pediu a Sergio que cortasse os cabelos, ainda compridos por gosto de sua mãe; e conheceu Dona Ema, esposa do diretor, que o encantou profundamente. Dia quinze de fevereiro as aulas começaram. Sergio compareceu pela manhã no horário regulamentar. Aristarco, todas as manhãs, ocupava-se com a parte financeira do colégio. No primeiro dia, Sergio não quis juntar-se aos outros. Na sala que ficou tinha cerca de vinte companheiros, sendo que Rebelo, recomendado pelo professor Mânlio foi seu primeiro amigo. Sergio observava minuciosamente os colegas, fazendo comparações um tanto maldosas: “O Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, motilidade brusca e caretas de símio”. Rebelo alertou Sérgio sobre os colegas, os chama de corja e o aconselha a ficar longe deles. Enquanto fala sobre os alunos do Ateneu, Rebelo aponta para Franco, sempre de joelhos, castigado por mau comportamento. Entre os muitos conselhos de Rebelo um se destaca. Ele pede a Sérgio seja forte, seja homem. Diz que os fracos são tratados como meninas. Perturbado por Barbalho, um dos colegas, Sérgio não suporta os insultos e parte e parte para o confronto físico. Leva a pior e é levado para a enfermaria. Ao banheiro chamavam natação. Foi construído um tanque onde os meninos nadavam. Esse reservatório de água tinha uma parte funda para os maiores e outra parte rasa para os pequenos. A água, segundo o narrador, era imunda, pois as dimensões do tanque impediam a total renovação. Os grupos eram divididos, os maiores nadavam em um horário e os menores em outro, mas devido a má fiscalização as turmas se misturavam. Na primeira vez que Sérgio foi tomar banho no tanque sentiu duas mãos o puxarem pelos pés. Como não sabia nadar ficou desesperado até ser resgatado por Sanches um dos alunos mais velhos. Depois de algum tempo teve motivos para crer que o próprio Sanches o havia puxado para o fundo com a intenção de parecer um herói aos seus olhos. Naquele momento foi exatamente o que aconteceu, mas Sérgio reprimiu a aversão que sentia por ele e se tornou amigo intimo dele. Sanches era um dos vigilantes, alunos que tinham a função de zelar pelo comportamento dos outros alunos. Depois de algum tempo e alguns dissabores, Sérgio sentiuse fraco, desejou protetores. Esqueceu as lições de Rebelo. Sanches acabou se tornado seu braço protetor. Desiludido com a nova realidade, Sergio não mais estudava, mesmo assim, durante algum tempo, manteve-se entre os alunos regulares, com média satisfatória, mas a decadência era iminente. Valeu-se de Sanches que era bom aluno e demonstrava boa vontade. Sanches o auxiliou em todas as disciplinas, mas com o tempo a repugnância que sentia pelo amigo voltou com força. Durante um intervalo em que ficava na sala estudando com Sanches viu que sua aversão tinha fundamentos. Um dia, ao escurecer, passeando juntos, ouviu a mais inesperada declaração de amor e desatou a rir do acontecido. Para fugirem do assunto acabaram falando sobre a beleza do fim de tarde em que ambos concordaram. Alguns dias depois andando os dois por um lugar escuro e mal policiado, Sanches declarou-se novamente. Enojado com o que ouviu, Sergio afastou-se e sacrificou definitivamente a amizade. Sergio decaiu nos estudos e uma das piores coisas que havia no Ateneu era o livro das notas. Todas as manhãs, perante o colégio em peso, o diretor lia as observações anotadas pelos professores sobre cada aluno. Por algum tempo, Mânlio o poupou do castigo até que perdeu a paciência. No momento da leitura das notas, por ser a primeira vez Aristarco perdoou. Outras notas ruins se seguiram e Aristarco não teve piedade. Mas Sergio não se indignava, estava no momento de depressão contemplativa, andava sozinho pelo colégio. Rebelo o procurava, mas ele o evitava e Sanches, rancoroso, continuava com sua vingança. Diante de tentos problemas Sergio viu na religião uma fuga para tudo isso. Era devoto de Santa Rosália, sem nenhum motivo. Tinha uma imagem da Santa em um cartão que ganhara de uma prima, então morta, e o guardava com carinho. No mês de maio problemas de saúde impediram que o pai de Sergio o visitasse como fazia semanalmente. As desventuras sofridas por Franco e Sergio acabaram aproximando-os mutuamente. Uma vez aquele recebeu uma carta da província, depois de ler entregou-a a Sergio. Era de seu pai, um pobre desembargador que residia nos confins de Mato Grosso. Na carta o pai de Franco iria a Corte e esperava encontra-lo um bom menino, estudioso, educado. Depois desses entusiasmos a religião foi escurecendo. Abandonou o Cartão de Santa Rosália em um livro qualquer na sala de estudo. O pai de Sergio acabara de deixar o hospital e o plano deste de contar tudo o que se passava no colégio e assim conseguir um auxílio foi por água a baixo. Sergio buscou por outros caminhos a personificação moral de pequeno homem, menosprezando prêmios e aplausos com que se diplomavam os grandes estudantes. Com isso, adquiriu certa antipatia no meio, que o lisonjeava. Uma ocorrência inesperada abalou as estruturas do Ateneu entristecendo o diretor. Pouco depois do jantar uma alteração violenta, gritos de socorro. Um homem surgiu ensanguentado segurando uma arma cortante. Caiu de bruços de repente, capturado por Bento Alves, um dos alunos. Mas qual crime cometeu o infeliz? O homem da faca era um dos jardineiros do colégio, brigou com outro criado da casa, em disputa pelo amor de Ângela, uma das empregadas, e o matou. Depois da façanha Bento Alves sumiu. Frequentava aulas superiores, sem que fosse um estudante notável. Fazia-se respeitar pela sisudez. Sergio comparecia timidamente às reuniões do Grêmio Literário Amor ao Saber as quais Nearco, novato, também passou a comparecer e adquirir prestígio. Aquele, no entanto, preferia a biblioteca com cerca de quinhentos livros zelados por Alves. A frequência a biblioteca presenteou Sergio com dois amigos: Bento Alves e Júlio Verne. Com o tempo cresceu a amizade entre Sergio e Alves. Este, inclusive, dava-lhe presentes e ameaçava bater em quem fizesse algum mal a Sergio. Chegou a presenteá-lo com flores. Malheiro, inimigo de Alves, percebeu que o atingiria através de Sergio e passou a importuná-lo de forma constante. Alves ficou sabendo o que acontecia e desafiou Malheiro. Depois do confronto Alves saiu com um ferimento no braço, mas Malheiro levou a pior e acabou servindo de piada para os outros alunos. Bento Alves, depois de afirmar a Sergio através de um bilhete que enfrentava Malheiro por ele, andava afastado. As férias chegaram e Sergio aproveitou ao máximo os momentos de liberdade, longe da rotina exaustiva do Ateneu. Um acontecimento veio chamar a atenção de todos. Uma carta escrita por Cândido e assinada com Cândida chegou às mãos de Aristarco. A carta revelava um romance entre dois alunos: Candido e Emílio Tourinho; e o local de um encontro entre os dois. Sergio tinha motivos para temer uma repreensão pública de Aristarco. Depois de voltarem das férias Bento Alves e ele retomaram a amizade, mas Sergio percebeu um novo fervor por parte de Bento, até que um dia, de repente, atirou-se a ele de uma forma brutal. Rolaram ao fundo do vão da escada. Sergio conseguiu livrar-se do pretendente, mas foi pego pelo diretor. Aristarco, de forma violenta, perguntou o que estava acontecendo e Sergio, devido ao calor do momento atacou Aristarco de forma insolente. O diretor, em tom comovido, se diz surpreso e decepcionado, retira-se deixando Sergio arrependido pela atitude tomada. Voltando ao assunto da carta, Aristarco chamou os dois envolvidos e seus cumplices e os humilhou perante todos do colégio. Depois disso os “culpados” foram levados ao gabinete do diretor onde, segundo boatos, sofreram castigos físicos. Apesar de todos os acontecimentos Aristarco não quis expulsar ninguém por medo de com isso prejudicar as finanças da instituição. Depois de tantas desilusões, Sergio finalmente encontrou um verdadeiro amigo que não queria nada além da sua amizade. Tratava-se de Egberto, o conhecera na transição para as aulas secundárias. A nova amizade fez com que o prazer pelo s estudos voltasse em Sergio, faziam todas as tarefa juntos, e assim conseguiram uma excelente nota em uma disciplina, e como prêmio foram jantar na casa de Aristarco. Ao jantar compareceram, além dos premiados, o patriarca da família, sua esposa Dona Ema e sua filha Melica. Sergio só teve olhos para Dona Ema, a forma doce e maternal com que o tratava causava-lhe uma sensação inexplicável. Depois do jantar, de volta ao Ateneu, Sergio percebeu uma coisa: a amizade por Egbert não era mais a mesma, esfriara. Na hora dos intervalos preferia andar só, pensando em Dona Ema a todo instante. Durante uma conferência que houve no Ateneu Sergio lembrou-se de Franco. Encerrado o evento foi visita-lo, estava doente, alojado em um local mal iluminado e úmido. Teve pena da criança. Havia alguns dias que Franco sentia-se mal e não contara a ninguém, até que um dia não conseguiu levantar da cama. Um médico, chamado por Aristarco, foi duas vezes vê-lo e fez algumas recomendações banais. Numa manhã alegre de domingo, Franco estava morto. O corpo foi levado para a capela, o enterro foi discreto. Nos pertences do falecido, Sergio encontrou a sua gravura de Santa Rosália e supôs que Franco morrera beijando-a. Durante a festa para premiação dos melhores alunos, abarrotada de gente, Aristarco mostrava sua empáfia, mas no momento de falar para o público, pela primeira vez, sentiu medo. O busto de bronze, porém, oferecido pelos alunos em sua homenagem o encheu de confiança. Falou como nunca. Chegado o momento das premiações, medalhas de ouro e prata, e logo depois o professor Venâncio tomou a palavra e mostrou a estátua de Aristarco para todos os presentes. Alguns dias depois da grande solenidade Sergio adoece: sarampo. O pai havia ido para a Europa devido a seus problemas de saúde e levara a família. Sergio estava sozinho no Brasil sob os cuidados de Aristarco. Doente e sob a responsabilidade do diretor, foi levado para a enfermaria e ficou sob os cuidados de Dona Ema que o tratou como a um filho. Certo dia trouxe uma carta para Sergio, de seu pai que estava em Paris. Quando estava quase totalmente recuperado, ainda no leito, ouviu gritos: fogo! Fogo! Abriu a janela e viu o Ateneu ardendo em chamas. Aristarco e sua família haviam saído. Entre os reclusos das férias encontrava-se Américo que desde sua chegada ao colégio mostrava-se contrariado. Os bombeiros chegaram, mas não havia muito o que salvar. Os desabamentos desde muito cedo tinham começado. Uma multidão observava atônita, impotente e comentavam, buscavam explicações para o incêndio. Américo fora o responsável pelo atentado. Para isso, rompera o encanamento do gás. Desaparecer depois disso. 

Artigo completo: