O ASSUNTO AGORA É O FIADO

Por João Bosco de Andrade Araújo | 06/02/2017 | Crônicas

Por mais que um comerciante, principalmente os pequenos, faça de tudo para não vender fiado quando abre um negócio, esta vontade fica apenas na teoria porque na prática tudo é diferente. Primeiro aparecem pessoas conhecidas, vizinhas, amigas etc. Neste caso fica bem difícil o pequeno comerciante dizer não quando uma delas pede para pagar depois. Aqui começa a primeira saia-justa. Em segundo lugar, com o passar do tempo, vão aparecendo aqueles fregueses que apelam para ganhar a confiança e logo a seguir começam a comprar fiado também, principalmente porque fazem questão de pagar no tempo combinado e só depois vão atrasando até chegar ao famigerado calote. Pelo visto, desde que foi inventado o dinheiro, ou seja, o comércio, o fiado também nasceu simultaneamente. Portanto, quanto a isto a situação entre pequenos comerciante e freguesia é uma faca de dois gumes. O certo é que, quem se propor a montar um ponto comercial sempre estará sujeito a ter um jogo de cintura, pois ficará entra a cruz e a caldeirinha, uma vez que ao comprar certa quantidade de material de um fornecedor e ao fazer a negociação de tal produto, ficará à mercê da confiança da sua freguesia. Se esta não pagar sua dívida, o comerciante em questão ficará em maus lençóis juntos aos seus fornecedores, pois terá que fazer, como se costuma dizer, “das tripas coração” para também não dar calote nos seus fornecedores. E neste caso, o prejuízo ficará só com o comerciante que, se não dispuser de um capital de giro, mais cedo ou mais tarde irá à bancarrota, ou seja, à falência. Sendo assim, se por acaso, o mesmo comerciante tentar se erguer, voltando ao mercado reiniciando em outro ramo de negócio, sempre pisará no freio quando o assunto for fiado. Pois desta praga ninguém fica livre e pra começar nem o dito cujo, que também está no mesmo barco, isto é, sempre comprando fiado e se envolvendo em dívidas. Quanto a isto, o mais importante é não se tornar um inadimplente contumaz, chegando a ficar com o nome sujo, perdendo o crédito. Neste caso, aí tudo se torna mais difícil para ambas as partes.