NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM EM UM CONTEXTO DE EXCLUSÃO DIGITAL

Por KELLY NATANRY MIRANDA | 04/07/2015 | Educação

I – INTRODUÇÃO

As Novas tecnologias da informação trazem profundas transformações e repercussões em todos os aspectos da vida em sociedade, entre eles, destacaremos sua contribuição para a democratização do conhecimento e influência nos métodos educacionais, levando em consideração o panorama brasileiro com suas profundas desigualdades sociais.

No meio deste processo veremos a atuação das Instituições de Ensino à Distância e seu papel na minimização das desigualdades sociais e no projeto de inclusão digital.

Ainda faremos a relação entre os conceitos de exclusão digital, tecnofobia e analfabetismo funcional. E ao final demonstrar que a inclusão digital e social é o melhor caminho para garantirmos uma vida mais digna, sendo que ela só alcançará o sucesso quando houver uma mudança de vontade em toda a nação, no sentido de se rebelar contra os conceitos e preconceitos cristalizados em nossa cultura.

1 NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE EDUCACIONAL

Estamos vivendo profundas mudanças nos cenários social, tecnológico, político e econômico. O crescimento exponencial do volume de informação, a rapidez nas mudanças no campo tecnológico nem sempre dão ao cidadão comum a oportunidade de compreender e acompanhar essas inovações.

O ensino convencional não tem condições de preparar seus alunos para este novo cenário. A educação tem que deixar os velhos paradigmas educacionais centrados no professor/mestre frente aos alunos passivos em uma sala de aula, presos a cronogramas e estruturas rígidas, dificultando a integração dos sujeitos do processo educacional às novas informações e ferramentas que as inovações têm trazido ao universo educacional.

 A Educação tem hoje o desafio de preparar o cidadão para este competitivo mundo virtual.

1.2 Educação à Distância

Diante de tantas mudanças surge a proposta da Educação à Distância (EAD) que busca construir um novo modelo educacional aplicando as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC’s) à educação.

A EAD se apresenta como uma importante ferramenta de aprimoramento, pois o ritmo acelerado de mudanças sociais, políticas, econômicas, culturais, educacionais, entre outras, passa a exigir uma educação continuada. Ela vem introduzir novas concepções de tempo e de espaço na Educação e contribui para mudanças substanciais nas instituições de ensino.

Esta nova proposta metodológica utiliza-se de todas as tecnologias eletrônicas: computadores, os sistemas de simulações, os hipertextos, as multimídias, as redes de computadores que asseguram a interconectividade e a interoperabilidade, ultrapassando os limites de espaço e tempo físico.

A inserção destas novas ferramentas e recursos transformadores e inusitados está dando ao Ensino uma concepção totalmente inovadora. A EAD tem a seu dispor meios de promover a comunicação e a interação entre grupos de educação presencial e grupos de educação não formal em processos dialeticamente sincrônicos e diacrônicos. Ambientes dinâmicos virtuais de aprendizagem podem proporcionar o desenvolvimento de conhecimentos tanto a nível individual quanto cooperativo e em uma escala muito maior, certamente por isso ela vem como uma proposta à superação de algumas desigualdades sociais.

          1.2.1 A EAD e a inclusão social

A EAD sintoniza os métodos educacionais com as tecnologias: Isso vai desde estudos via correio, rádio e televisão até o uso da Internet. Através dessa sintonia ela busca a democratização da educação e mesmo do uso das diversas tecnologias. A lógica da EAD via redes de comunicação, particularmente, via Internet e pelo uso dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), encaminha-se pela lógica do mundo atual e ela não é o resultado de um processo recente o aparecimento de uma EAD moderna e reformulada, via redes de comunicação, só ocorreu graças às inovações tecnológicas que criaram na educação novas exigências e necessidades.

Algumas características da EAD podem ser citadas a fim de contextualizar e elucidar seu campo de  abrangência:

• Separação física entre professor e aluno, no espaço e no tempo.

• Controle do aprendizado pelo aluno através de documentos impressos ou de alguma forma de tecnologia.

• Comunicações massivas: uma vez que os cursos estejam preparados é possível, conveniente e vantajoso, utilizá-los para um grande número de estudantes.

• Crescente utilização da tecnologia da comunicação e informação com o uso da realidade virtual.

Essa “nova” EAD, via Internet, segundo Carmem Maia e Marilene Garcia (2000) reúne vantagens para os educandos, que são:

• Flexibilidade de horários e de locais de acesso.

• Dinamismo no tocante à atualização do material e do contato e troca entre as partes envolvidas.

• Abertura a novos conhecimentos, já que por estar na rede de computadores permite aos envolvidos consultar ou visitar outras páginas ampliando conceitos e informações.

• Não há fronteiras entre nações atingindo pessoas de qualquer parte do mundo.

• É tranqüila para o aluno no tocante ao conhecimento da Informática, pois tem interface amigável.

• É adaptável às necessidades do aluno já que permite um rol extenso de uso, podendo ser utilizada desde a formação permanente e continuada até cursos mais elaborados de graduação e pós-graduação.

Colocando a EAD na perspectiva da inclusão digital e social, podemos entender que os usos dos sistemas de informação podem ser utilizados de forma a aprofundar o fosso digital ou diminuí-lo. Da mesma forma se enquadra a relação entre o ensino tradicional – calcado nas salas de aula físicas e territorialmente definido – e a EAD. Essa última pode ajudar à inclusão, já que pelas características apontadas contêm particularidades que propiciam ao educando flexibilizações para seu uso, elevando o grau de acesso à educação, diminuindo o abismo entre escolarizados e não-escolarizados.

2 EXCLUSÃO DIGITAL, TECNOFOBIA E ANALFABETISMO FUNCIONAL

No mundo das NTCI’s há dois posicionamentos radicais e antagônicos com relação ao seu uso: De um lado o extremo encantamento e euforia dos “tecnófilos” e o lamento e revolta dos “tecnófobos”.  

Ambas    as posições são inadequadas, porque são acríticas. Não cabe curvar-se ao determinismo tecnológico que resulta em aceitação irrestrita nem tampouco se entregar a uma repulsa obsessiva por tudo o que é tecnológico, já que as tecnologias trazem consigo muitos benefícios.  Destarte, busca-se uma posição equilibrada entre os dois extremos.

Neste contexto digital, existem aqueles que estão totalmente à margem deste processo, sem ter condições de vivenciar e compreender as inovações tecnológicas: O Analfabeto funcional.

2.1 Exclusão digital

 

Para Sawaia (1999)  a exclusão é um processo relacionado com a inclusão, são como duas faces da mesma moeda. O que existe é uma dialética inclusão/exclusão, que transcende as interpretações restritas ao campo econômico (empregabilidade) e da crise estatal, bem como das noções de adaptação individual ao sistema social e normatização e culpabilização individual. Trata-se de um processo sutil, subjetivo que engendra dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas, em que o incluído existe porque existe o excluído. Nesta relação gestam-se subjetividades e modos de vida. Exclusão, neste contexto, refere-se a descompromisso político com o sofrimento do outro.

Conforme o Mapa da Exclusão Digital (Fig. 01) apenas 12,46% da população brasileira tem acesso a computadores e somente 8,31% têm conexão com a  Internet sendo que maioria dos que têm acesso a essas tecnologias, 97%, se concentra na área urbana, assim, os moradores das zonas rurais estão totalmente alheias à difusão das NTIC’s.

Fig. 1                                                         

Desde que a internet chegou ao Brasil em 1995 persiste o problema: Como fazer com que o potencial educativo e instrutivo das NTCI’s chegue a todos?  Não é um projeto simples, tampouco existe uma fórmula para isso, mas há que se considerar que existe a necessidade premente de ampliar as políticas públicas bem como as iniciativas empresariais e populares, pois o problema Sócio-educacional da exclusão digital toca a toda a sociedade.

É necessários conhecer a fundo quantos são e quem são aqueles que precisam mas têm grandes dificuldades em apropriar-se e utilizar-se das NTIC’s, seja por falta de conhecimento seja por fatores econômicos e a partir destes dados criar políticas específicas para a minimização desses obstáculos.

2.2 Tecnofobia e Analfabetismo Funcional

Normalmente a tecnofobia é apresentada como medo e recusa da tecnologia, e encara as inovações que ela apresenta como instrumentos de influência maléfica, com efeitos destrutivos contra a educação e os bons costumes, ou como agente de deterioração da cultura e da erudição. Este tecnofóbico considera que algo de ruim pode acontecer ao se familiarizar com os novos avanços e não reconhece a necessidade de operá-los, nem de acrescentá-los à humanidade, pensa que antes as coisas eram resolvidas da mesma forma e que a tecnologia pode escravizar o homem. Esta é sem dúvida uma posição contra a qual não há muito que fazer, pois não se pode combater a convicção pessoal do indivíduo, afinal, o que lhe causa repulsa pela tecnologia são fatores intrínsecos e nada tem a ver com o contexto socioeconômico.

Por outro lado, existem aqueles que temem a tecnologia por desinformação, neste grupo estão os indivíduos que fogem das tecnologias porque não conseguem compreende-la e se sentem constrangidos e inferiores por não saber operá-la. São os analfabetos funcionais.

Analfabetos funcionais sabem ler, mas não compreender. De acordo com os dados do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional/ INAF, de 2007,

75% dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais. Três em cada quatro brasileiros. Destes, 8% são analfabetos absolutos, 30% lêem mais compreendem muito pouco e 37% entendem alguma coisa, mas são incapazes de interpretar e relacionar informações. O estudo do INAF indicou que apenas 25% dos brasileiros com mais de 15 anos têm pleno domínio das habilidades de leitura e de escrita. 

Em Face desta problemática, a inclusão digital mostra-se cada vez mais complexa e difícil de ser atingida, pois não basta distribuir salas com computadores, é necessário suprir carências de instrução de base que não se resolve com medidas de curto prazo

III CONCLUSÃO

 

3 O DESAFIO DA INCLUSÃO SOCIAL/DIGITAL

 

Após a análise desse problema verificamos necessidade de considerarmos que, como historiadores e economistas brasileiros já vêm argumentando há muito, para o Brasil atingir um patamar de qualidade social na educação tanto presencial quanto à distância, teria de se tornar um país educacionalmente desenvolvido.

Assim, dentre outros possíveis elementos, impedindo o acesso digital universal e uma aprendizagem eficaz e qualificada em atividades ou cursos realizados a distância, está a combinação no país de baixa renda e uma enorme desigualdade social, restrição de tempo de acesso (quando há) e baixo nível de escolaridade da maioria da população.

A revolução educacional que levará à inclusão social e digital está atrelada a uma alfabetização efetiva. Levando o indivíduo a um processo de aquisição de conhecimento intimamente ligado à instrução formal e às práticas escolares – É a alfabetização para a vida - é preparar o indivíduo para uma vida com mais dignidade e com participação legítima na sociedade.

4 REFERÊNCIAS

Boletim Informativo do Comitê para Democratização da Informática – Maio/2003 – Ano 2 – nº 12, disponível em: http://integracao.fgvsp.br /ano6/06/pesquisas.htm . Acesso em 25 fev 2010.

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HORTA-TAVARES, Rosilene. Analfabetismo funcional versus aprendizagem qualificada: a importância da autonomia intelectual – Faculdade de Educação Universidade Federal de Minas Gerais – Maio/2008, disponível em: http://www.abed.org.br/congresso2008/tc/552008114038AM.pdf. Acesso em 09 mar 2010.

 

SATHLER, Luciano. Como lidar com as novas tecnologias da informação. Mundo Jovem, Porto Alegre, setembro/2006, p. 18-19, disponível em: http://www.lucianosathler.pro.br/.../index.php?... Acesso em 09 mar 2010.

 

HORTA, Isabela. Tecnofobia na era digital – Diálogos Universitários – Comportamento – Janeiro/2008, disponível em http://www.dialogosuniversitarios.com.br/pagina.php?id... Acesso em 09 mar 2010.

 

MALAQUIAS, Bruno Pires. O analfabetismo digitalIBDI Instituto Brasileiro de Direito da Informática – Maio/2003, disponível em  http://www.ibdi.org.br/site/artigos.php?id=159. Acesso em 09 mar 2010.

FRANCISCO , Deise Juliana; MACHADO, Gláucio José Couri. Sociedade, EAD, inclusão digital e formação de professores. s.d. disponível em: www.rieoei.org/deloslectores/1172Francisco.pdf. Acesso em 21 mar 2010.

HICKEL, Melita, Educação a Distância e as possibilidades de inclusão(ões),  Junho/2011, disponível em: http://www.abed.org.br/congresso2011/cd/285.pdf. Acesso em 21 de abr de 2014.

NERI, Marcelo Cortes, Mapa da Inclusão digital, Maio/2012, disponível em: http://www.cps.fgv.br/cps/bd/mid2012/MID_sumario.pdf. Acesso em 21 de abr 2014.

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