Notas, ritmos e melodias: música na escola, agora é Lei.

Por Iza Aparecida Saliés | 19/01/2011 | Educação

Notas, ritmos e melodias: música na escola, agora é Lei.

Iza Aparecida Saliés

Os Estados devem preparar para o início do ano letivo de 2011 dentre as novas perspectivas para o ensino, uma merece destaque, a inclusão do conteúdo de musica no currículo da educação básica, agora é lei.

Musica na sala de aula significa que o ensino do componente curricular chamado de Arte deve sofrer alterações, pois a implantação da Lei Federal 11.169, de 18 agostos de 2008, determina que todas as escolas tanto privada como pública devem oferecer conteúdos musical, na educação básica até o mês de agosto de 2011.

A lei não determina a obrigatoriedade do oferecimento do diploma, isso significa que o conteúdo de música deve compor com a disciplina de Arte, assim sendo, o conteúdo sobre a música é componente obrigatório no currículo escolar.

A inclusão desse conteúdo no contexto da disciplina de Arte é conquista de anos e anos de luta, pois defensores dessa bandeira como compositores, maestros, cantores acreditam que a escola é o canal de divulgação, disseminação e de conhecimentos dos diferentes aspectos da atividade musical de forma mais técnica, conceitual e formal.

Para o compositor Felipe Radicetti , a música além de cumprir um papel mediador das relações sociais pode ser usada como um elemento agregador das disciplinas escolares. Sua colocação reforça a necessidade da inclusão da música no currículo escolar entendendo que para muitos a música, enquanto conhecimento apropriado ainda está muito distante da realidade deles.

Há uma grande preocupação da sociedade em inserir os assuntos, temas e atividades como disciplina do currículo, no caso da música como conteúdo, há necessidade de fortalecer as escolas com professores habilitados e dotar de condições para efetivar a aula prática, considerando as especificidades exigidas pela atividade musical. E nossas escolas, as públicas não possuem condições favoráveis para tal.

A escola precisa adquirir instrumentos, estabelecer horários, discutir com os professores que atuam nessa disciplina de modo a oferecer esse conteúdo articulado na disciplina de Arte.

A seleção de conteúdos de musica para a escola pode utilizar das cantigas de roda para a educação infantil e no ensino fundamental pode apresentar a história da música, e para todas as modalidades ou tipo de música precisam ser trabalhados os ritmos, melodia, instrumentos e sonoridade.

O ensino da música propriamente dito, ou seja, o ensino da técnica de lidar com os instrumentos, leitura das notas musicais, estilos e melodias são habilidades que precisam ser ensinadas por profissionais licenciado em música e não apenas em Arte.

Um professor habilitado em Arte aprende na academia as diferentes modalidades de arte onde a música é uma delas, quando o professor atua na sala de aula de Arte, a composição dessa disciplina no currículo deve abordar os aspectos gerais, conceituais, teóricos desse componente, não há um foco especifico para a música.

As especificidades das modalidades estudadas na disciplina de Arte são vistas separadamente como: a dança, as artes plásticas, teatro, pintura em tela, coral, tocar instrumentos, trabalhos manuais, todas essas atividades exigem um conhecimento especifico que requer um professor próprio para ensinar.

Além da necessidade de dominar todas essas especificidades o professor deve ensinar ainda, o que diz respeito às questões teóricas da disciplina como: a história da arte, da música, da dança, da pintura e as suas devidas técnicas.

Então como pode um professor ministrar sua aula de forma a ensinar música, sendo habilitado em Arte?

Os professores habilitados que estão na rede pública fizeram o curso de Educação Artística (Artes Plásticas, Artes Cênicas e quem fez Música, fez outra habilitação. Essa é a realidade do ensino de arte nas escolas públicas do país.

Hoje a disciplina de Arte do currículo escolar possui no máximo 2 aulas semanais, então como fica a inclusão do conteúdo de musica, e quando precisar fazer aula teórica e prática? Com fica?

Não podemos deixar que a prática das modalidades do ensino de música interfira nos conteúdos necessários para o conhecimento formal do aluno no que diz respeito ao estudo da arte contemporânea, moderna, antiga, ou seja, em suas diferentes concepções teóricas e conceituais. Se não for garantida a discussão do que realmente deve ser ensinado corremos o risco de perder o sentido da disciplina de Arte.


Referências Bibliográficas

AZEVEDO, Fernando Antônio Gonçalves. Sobre a Dramaticidade no Ensino de Arte: Em Busca de um Currículo Reconstrutivista. In: Som Gesto Forma e Cor: Dimensões da Arte e seu Ensino. C/Arte, Belo Horizonte, 1995.

BARBOSA, Ana Mae. A Imagem do Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1991. 134.

FERRAZ, Maria Heloísa C. De Toledo e FUSARI, Maria F. de Resende. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 1992.


COSTA, Karina. Currículo deve trazer ensino de música. Jornal A Tarde, 29 de novembro de 2010. Primeiro Caderno, p.A6. Salvador/BA.