Nosso futebol não é mais aquele...
Por ivan Ferreira Sampaio | 26/09/2014 | CrônicasNosso futebol não é mais aquele!
Ivan Sampaio
Interessante. A derrota fragorosa que a Alemanha nos impôs me fez lembrar a Copa de 1994 em que vencemos a Itália em um jogo marcado pela tática e conquistas de espaços mínimos. Liderada por Parreira nossa seleção sabia defender-se impondo um jogo compactado não permitindo aos adversários que jogassem e que representassem algum perigo ao Gol de Taffarel.
Ensaiando seus primeiros passos no mundo Global, Galvão Bueno acompanhava com entusiasmo e desenvoltura a caminhada da conquista, rivalizando com o saudoso Luciano do Vale e o comentarista Juarez Soares, que na época reinavam absolutos como o melhor narrador e comentarista esportivo da televisão e que durante toda a copa não pouparam críticas aos esquemas táticos e modo de jogar de nossa seleção. Queriam o futebol alegre e agressivo tal como o da conquista do Tri ou da seleção de 82 que encantou o mundo com futebol envolvente e agressivo, mas que culminou com a derrota que endeusou o atacante Paolo Rossi da Itália que fizera três gols e que até então pouco ou nada tinha feito na copa. Um técnico americano campeão de basquete citava que tudo começava em uma defesa solida, não o contrário.
Muitos comentaristas esportivos, desconhecedores destes princípios, infelizmente, agem como “diabinhos” dos espetáculos esportivos que por não entenderem, não conseguem fazer a leitura e infernizam os ouvidos e mentes de torcedores com formulas e criticas que fogem a realidade e ao calor do momento. Quando o time ganha, elogiam. E quando perdem já possuem respostas na ponta da língua, claro. São engenheiros de obra pronta que não permitem paz e vida duradoura a qualquer treinador, como se o futebol apresentasse receitas prontas e os times surgissem com entrosamento instantâneo. Tal ausência de bom senso ajuda a criar o caos e a inflamar os apaixonados torcedores que nada querem além de vitórias.
Felipão deveria ter seguido os conselho de seus “olheiros” e ter sido cuidadoso na escalação e modo de jogar de seu time. Mas o bordão “Pra frente Brasil” prevaleceu desconsiderando a força e a organização do inimigo. A mesma Alemanha só conseguiu derrotar a Argentina nos minutos finais da prorrogação. Uma derrota honrosa. Felipão “foi na onda” e todos perdemos. Em 1994, enquanto o Brasil todo vibrava com a conquista do tetra, Luciano e Juarez Soares, perdidos, graças as suas previsões pessimistas, mantinham-se a criticar o modo de jogar da seleção campeã por fugir aos modelos impostos por Telê e Cia. Felipão apostou no talento de nossos jogadores que já não mais existe e desprezou o pragmatismo e a coerência técnica. E um novo Barbosa surge nos anais da história do futebol. Tratado pelos pontapés de Joaquim Law, corremos para o cantinho escuro e seguro de nossa importância. Lá vamos lamber as chagas e deixar o tempo passar...
Texto editado no final da copa do mundo