Nossas Escolas Devem Cumprir o Papel de Libertar
Por Eloisa A. Cerino Rosa Lima | 16/08/2012 | EducaçãoNossas Escolas Devem Cumprir o Papel de Libertar
Paulo Freire, educador humanista e militante, tentou nos mostrar qual o papel da educação na construção de uma nova sociedade, ressaltando que esta nova sociedade será conquistada através de uma nova maneira de educar, da luta e da organização da classe trabalhadora. Para ele, o saber mais importante, mais necessário para que a classe trabalhadora/oprimidos se libertem, é a tomada de consciência da situação de oprimidos ao qual vivem os mesmos, como também ter consciência do porque de sua opressão e quem são os responsáveis por tal situação.
Critica ainda a proposta de educação das “elites”, que vem de forma vertical, formando um educando-massa que apenas escuta e obedece. Mostra que uma educação libertadora deve partir da união entre reflexão e ação, onde o papel do educador é despertar nos educandos uma consciência critica, fazendo com que eles rejeitem o opressor que vive dentro de si. Esta educação tem como base o diálogo e o respeito aos educandos não somente como indivíduos, mas como expressão de uma pratica social, pois segundo ele a educação é um processo que humaniza as pessoas.
Paulo Freire trabalhou duas “concepções opostas de educação”, ou seja, a concepção bancária e a concepção problematizadora. Na concepção bancária o educador é o que sabe e o educando o que não sabe, é o educador quem escolhe os conteúdos aplicados, tem autoridade total sobre os educandos e se sente como único sujeito do processo, enquanto os educandos são apenas objetos receptores de informações, não participam do processo de escolha dos conteúdos e devem se adaptar as determinações do educador. A educação bancaria cumpre o papel de dividir os que sabem, dos que não sabem, ou seja, oprimidos e opressores.
Na concepção problematizadora valoriza-se o dialogo, pois ele é peça fundamental para que educadores e educandos aprendam juntos. Nesta concepção o educador é um sujeito que sabe que não sabe tudo e respeita todos os tipos de saberes e experiências vividas pelos educandos, ou seja, os alunos também tem o que dizer. Porém, Paulo Freire ressalta que este método revolucionário de educar não pode ser confundido com espontanéismo, pelo contrario, o educador deve garantir sua autoridade sem ser autoritário, sendo assim, as diferenças devem ser garantidas sem que a autoridade do educador se transforme em autoritarismo diante da liberdade do educando. Ele afirma que existem dois tipos de educador, ao qual ele chama de educador diretivo libertador e educador diretivo domesticador. O diretivo libertador convida os alunos a pensar, a questionar a realidade, numa relação de camaradagem e respeito que humaniza as pessoas, ao contrario do diretivo domesticador que apresenta a realidade como algo acabado, onde a única saída é adaptar-se a ela e jamais tentar transformá-la, o diretivo domesticador sente-se bem ao ser autoritário e prepotente, pois tais atributos não exigem competência ou respeito, além de dispensar explicações.
Referencias bibliográficas: GADOTTI, Moacir. Convite á leitura de Paulo Freire. Serie Pensamento e Ação no Magistério. SP: Ed. Scipione, 1991. Pp.65-74
Eloísa A. C. Lima, graduanda do Curso de Licenciatura em Educação do Campo – Área de Linguagens – UnB (Universidade de Brasília).