NOS DEVOLVAM AS NOSSAS AVÓS

Por Aida Susete pietzarka | 01/07/2014 | Crônicas

 -Vó, posso dormir na sua casa?

- Nesse final de semana não, pois vou ao baile com minhas amigas.

Algumas décadas atrás nunca se ouviria um diálogo assim, entre uma menina e sua avó com mais de oitenta anos.

Onde foram parar nossas avós?

Aquela avó "mãe-com-açúcar", na casa da qual podíamos chegar sem avisar, em qualquer dia, à qualquer hora e avó estava ali, tricotando uma manta para seus netos, ou um pulôver, ou ao redor do fogão, preparando guloseimas deliciosas, contando com a chegada de um filho ou neto.

Aquela avó que era o ponto de equilíbrio da família, a matriarca, o modelo; onde todos podiam buscar aconchego, carinho, colo.

A avó que tinha sua cadeira de balanço na sala ou na cozinha, ao redor do fogão à lenha e que era seu palco para contar histórias, de conversar sem pressa e sempre ter um bom conselho para dar.

Com a era moderna, a globalização, as famílias tendo cada vez menos filhos, e as mulheres tendo que trabalhar fora, as avós foram ficando sozinhas mais cedo e na busca por soluções, surgiram os bailes para terceira idade, cursos de informática para idosos, que foram reintegrando à sociedade, pessoas que já estavam inativas, o que contribuiu para uma maior longevidade, idosos mais saudáveis, mais produtivos.

Isso tudo foi muito positivo por um ponto de vista, mas também tirou nossas avós de suas casas e as levou para a rua, para os salões, levando junto com elas, o equilíbrio das famílias, o modelo de lar, o refúgio, o colo.

Os filhos que já haviam perdido suas mães para o mercado de trabalho, assistiram também suas avós vestirem mini-saias, calçarem salto alto e irem viver intensamente a última fase de suas vidas, quiçá vivendo até um grande amor, na maturidade.

Tempos modernos, novos conceitos, mas que deixa uma cicatriz profunda na base das famílias. 

Que sejam felizes, que vivam plenamente, mas guardem um pouquinho de tempo para serem avós de nossos filhos. Eles merecem.