Normas ABNT: pra quê isso?

Por Fernando | 06/05/2015 | Educação

Todo semestre é a mesma história: milhares de estudantes por esse Brasil afora entram em desespero quando são apresentados às famosas normas ABNT e descobrem que terão que formatar seus trabalhos finais de acordo com elas. Se fosse só formatação de página, caractere e parágrafo já estaria bom. Mas não. Ainda tem o tamanho das citações, o recuo e o tamanho da fonte delas, as referências bibliográficas e suas origens (veio de artigo? Veio de revista? Veio da internet? Veio de livro? É do mesmo autor? Tem mais de um autor? ... e por aí vai...).

Então vamos conhecer um pouco melhor a história que originou esse conjunto mutante de regras (sim, porque elas vivem sendo alteradas, mas as “principais” não costumam sofrer alterações) e tentar se convencer de que elas são importantes. Pelo menos pra alguma coisa. Quem sabe assim nossa monografia cause um pouco menos de medo na hora de montar o texto?

Palavra de ordem: normatização

Sabe o que é normatização? É quando você submete algo a normas fixas, de modo que sempre que esse “algo” for produzido, será levando estas regras (ou normas) em consideração.

Até mesmo uma calça precisa ser produzida de acordo com normas e especificações técnicas.

Com exemplo fica mais fácil, não é? Então vamos a um. Calça jeans. Uma calça, pra ser considerada uma calça, precisa seguir certas normas. Precisa ter dois tubos circulares para cobrir cada perna em toda a sua extensão. Unindo estes tubos, há um tubo mais largo – porém mais curto – que cobre os quadris (envolvendo a pelve e o derrière. Bom... pelo menos, deveria...). Isso é uma calça e, como ela é normatizada, pode ser categorizada por tamanho, por comprimento, por cor, às vezes até por tecido (com ou sem elastano, por exemplo). Se não fosse normatizada, seria impossível organizar suas vendas pois seria impossível categorizá-las! Teríamos diálogos assim nas lojas:

“- Moça, me vê aquela calça jeans que é costurada igual moletom e tem uma perna mais curta que a outra, por favor. Você tem dela número 38?

- Não, só 42. Mas tem uma calça aqui que não é jeans, mas tem bolsos atrás igual a uma e é feita de cambraia de linho. Na frente ela fecha com cordão de cadarço.

- Com cordão de cadarço? Não tem dela com fecho em zíper?

- Tinha, mas acabou.”

Viu que confusão? Não há elementos padrão numa calça e na outra, ou seja, não há normas. A coitada da vendedora não teria como definir estantes para cada tipo, pois todas seriam diferentes. Imagine se fosse assim nos trabalhos científicos? Se cada um pudesse escolher a fonte, provavelmente veríamos trabalhos inteiros em Lucida Console, Tahoma e até em Comic Sans (o pessoal da comunicação tem pavor dessa última). Se pudessem escolher o tamanho das letras, teria engraçadinho usando fonte 18 ou até 20 pra aumentar o número de páginas na marra e fazer o trabalho parecer maior. Se as citações pudessem ser colocadas de qualquer maneira, alguns colocariam ao longo do texto, outros deixariam em parágrafos separados e provavelmente ninguém daria às maiores um recuo de 4cm de distância da margem esquerda! Ficaria bem mais difícil encontrá-las pelo trabalho afora. E as referências, então?? O mesmo livro poderia ser citado de várias formas:

- Livro: “E o vento levou”. Autor: Margareth Mitchell. Ano: 1939 (já tem um erro aqui: esse é o ano de lançamento do filme, mas o livro foi publicado três anos antes).

- “E o vento levou” (livro). Lançado em: 1936. Autora: Margareth Mitchell.

- “E O Vento Levou” (não se usa primeira letra maiúscula em todas as palavras do título).

- “E o vento levou”, de autoria de Margareth Mitchell, no ano de 1936.

E muitas outras formas. Aliás, nenhuma destas acima está correta, então não copie, ok? ;)

Viu como fica confuso? Esteticamente fica mais complicado encontrar as informações que precisamos porque temos que decifrar a forma como elas foram colocadas ali de acordo com o juízo que o autor do trabalho fez (se ele achava que ficava mais legal colocar tudo em maiúscula, ou em negrito, ou o ano antes do título, ou o autor depois da editora...).

No início, todos levamos um susto com a rigidez dessas normas mas, depois de um (curto) tempo, nos acostumamos a elas e passamos a identificar qualquer informação em qualquer citação. É como se mudar pra uma casa grande que nunca havíamos visto antes. No começo, até nos perdemos lá dentro mas logos montamos nosso mapa mental e conseguimos até desenhar a planta baixa dela. Não é assim que acontece?

A monografia funciona da mesma forma.Com as normas ABNT é a mesma coisa. Então não se preocupe: trabalhe em sua monografia com calma e deixe para conferir a formatação do trabalho por último. Se bater mesmo a dificuldade, sempre haverá quem possa ajudar você com isso. Mas não deixe só pra essa pessoa, hein? Aprenda essas normas agora, pois provavelmente precisará delas mais vezes em sua carreira acadêmica.