Normal Superior

Por velma lobato belem | 29/06/2011 | Educação


Um foco político voltado à valorização dos profissionais da educação básica.
*Velma Lobato Belém
Resumo
Este artigo tem como objetivo contribuir para uma reflexão política sobre a valorização dos profissionais da educação básica. Tendo como foco, chamar à atenção a retomada de uma luta pedagógica atuante na educação, visando uma qualidade de ensino a todos, sem distinção de cultura, de raça, e de cor, respeitando o desenvolvimento individual e as etapas. Ressalta a importância de um saber pedagógico em todo contexto escolar, na sala de aula um fazer acontecer de forma coerente e contundente o processo de ensino aprendizagem. Dessa forma os profissionais poderão exigir de si mesmo, e dos outros a colaboração política de um fazer bem seu trabalho e assim exercer seu compromisso social com a educação. Competindo aos profissionais da educação o arrojo político de um salário mais justo, e isto, de fato não sendo mero discurso do poder Legislativo.
Palavras - chaves: valorização, competência, ensino, aprendizagem, recurso e política

1. Para falar de valorização do profissional da Educação básica é necessário saber ensinar com qualidade.

Estamos diante de mudanças contínuas, o avanço da tecnologia e da ciência são as cartas caras da educação, ou seja, tudo circula em torno do capital liberal, tudo gira em torno do tempo e o tempo a favor do progresso da rede de comunicação em grande escala em parceria com a ciência. Isto significa que assim como as coisas avançam os profissionais de todas as áreas também se qualificam e procuram melhores mecanismos utilizando a tecnologia para o bom desempenho de suas atividades, e isso tudo a pedido da ordem do sistema (o sistema capitalista).

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Fazendo uma breve recapitulação dentro da história da educação brasileira, lembramos da Maria Lúcia Aranha (2000), quando se reporta as primeiras revoluções, sendo uma delas a revolução burguesa, dando um inicio ao capitalismo:

Em 1750, a entrada da maquina a vapor nas fabricas marca o inicio da revolução industrial, que altera definitivamente o panorama socioeconômico com a mecanização da indústria. Torna-se inevitável que a burguesia, já detentora do poder econômico e sentindo-se espoliada pela nobreza, reivindique para si o poder político.

Quando se fala de mecanização das indústrias se fala também de mecanização dos estudos, no que diz respeito ao ato de ensinar, ou seja, este imbuído no sistema de forma que não se separam quando se trata de professor e de aluno. A pedagogia liberal ainda impera ramificando-se dentro das tendências: a Tradicional, Liberal Renovada Progressista, a Escola Nova (a não-diretiva), a Tecnicista. Diante das exigências de uma sociedade em progresso capitalista percebe-se o âmbito educacional sendo alvo político das ideologias dominantes com isso nasce às mudanças contínuas de tendências para tendências. Em vista de compreender essas mudanças contínuas a educação torna-se palco de preparatório de pessoas para o atendimento da sociedade, buscando uma mão-de-obra que atenda as necessidades do mercado. Em meados do século XVII e XVIII, visando acompanhamento de técnicas para manuseios de máquinas, ou seja, o homem acompanhando a revolução industrial e dele sendo servo definitivamente (Aranha 2001, p.119).
Um dos principais representante da crítica ao capital, falou a esse respeito como o trabalhador dentro desse sistema tornou-se dependente por todo custo de suas vidas, Karl Marx em uma abordagem descrita por Germain Garnier:

O trabalhador transformou-se em mercadoria e terá muita sorte se encontrar um comprador. E a procura à qual está sujeita a vida do trabalhador, é determinada pelo capricho dos ricos e dos capitalistas. Se a oferta excede a procura, um dos elementos que compõe o preço- lucro, renda da terra, salários- será pago abaixo do seu valor; uma parte da procura destes fatores será retirada do uso e o preço corrente seguirá para o preço natural. Mas onde existe uma extensa divisão do trabalho é extremamente difícil para o trabalhador orientar o seu trabalho para outras aplicações, e por causa da subordinação ao capitalista é o primeiro a sofrer dificuldades.
Dessa forma, o trabalhador perde mais e perde fatalmente com a mudança do preço corrente para o preço natural. Ao mesmo tempo, é a habilidade do capitalista para dar ao capital outras utilizações que condena o trabalhador (limitado a um só emprego do respectivo trabalho) à fome ou força a sujeitar-se todas as exigências do capitalismo. ( MARX,1802,p.66)

Diante do exposto tende-se a lutar contra o capitalismo, mas já estamos mergulhados dentro dele desde antes de nascermos. Embora, não necessariamente precisarmos estar fora, mas por estarmos dentro do sistema, sofrendo as necessidades que o sistema nos impõe é que surge a criatividade de reinventar uma luta política a favor dos mais desfavorecidos. Nesse caso, especificamente luta política voltada às questões educacionais, não esquecendo que a educação também estar comprada por esse sistema, e a ciência , a tecnologia são os passos substanciados do capitalismo, pois é subsidiada por ele. De forma que na exploração de homem por homem rende ao governo milhões. Desses milhões, a União Federativa do Brasil designa-se a educação 47,1% para o estado e 29,3% para o município. ( Plano Nacional de Educação)
Em vista de todo esse apanhado de mudança do sistema feudal para o capital, a educação também é posta como alvo dos interesses do mercado, dando-se abertura ao surgimento das tendências pedagógicas. E a Educação tem como pioneira, a pedagogia Liberal á qual se distribui dentre várias tendências para atender a toda essa demanda capitalista, porque é na preparação do indivíduo para a sociedade é que ele vai servir a sociedade e ao sistema a qual é regido. Dessa forma as tendências lembram o papel que cada escola deve exercer conforme as tendências abaixo observem:
A tendência liberal tem como papel adequar às necessidades individuais ao meio social. A tendência liberal renovadora não diretiva- escola nova basea-se na formação de atitudes. A Tecnicista, por exemplo, serve como modeladora do comportamento humano através de técnicas especifica. Libânio (2001).

Enfim, o papel do professor frente às tendências liberal, segundo Libãneo ( 2001) era: A predominação do autoritarismo em sala de aula, com relação ao educando usando sempre como recurso a imposição do silêncio para obter a disciplina na sala.
Acredita-se que atualmente não se tem este tipo de atitudes nas salas de aula, pois o aluno que queremos formar é aquele aluno reflexivo e participativo, aonde este aluno possa interferir na sociedade de maneira que exercite a cidadania, cumprindo deveres e procurando usufruir de seus direitos. ( L.D.B.9394/96)


2. Os Profissionais da Educação Básica em Protesto: A Valorização de sua profissão.

A nossa Constituição Federal de 1988 nos sustenta com um sonho de valorização dos profissionais da area.Tem plano de carreira, formação continuada e piso salarial de R$ 926,00 para cada 20 horas semanais. (Art.206, V,p.108)
Na realidade isto é sonho para aqueles que ainda não ingressaram na carreira pública, pois o ingresso os torna efetivos em função da profissão do magistério, e pesadelo para aqueles que já se encontram dentro do quadro de funcionário público da rede municipal de ensino, visto que alegam uma série de dificuldades que vivem diariamente para exercer certas metodologias em sala de aula, por falta de recurso didático; Também em detrimento da própria estrutura física na maioria das escolas que são ditas precárias, e a quantidade elevada de alunos por turma super lotando as salas.
Nisto tudo, tratando de profissional da educação em seu enfretamento diário por tentar fazer seu papel de ensinar os alunos a aprenderem de fato aquilo que eles vão para à escola em busca, que é o conhecimento sistematizado.
Voltando a questão de profissional, segundo SANTOS, (2004), ele comenta a respeito da compreensão da palavra profissional:

Profissional é aquele que exerce, por profissão, determinada atividade, no caso, na educação escolar como docente, técnico ou gestor, supervisor, orientador educacional, coordenador pedagógico etc. A nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional ( L.D.B) Lei de n.9394\96, dedicada todo Título VI aos Profissionais da Educação, classificando-os em Docentes ( para ministrar aulas) e Não Docentes (para as atividades de administração, planejamento, inspeção, supervisão escolar e orientação educacional. (SANTOS, 2004, p.35)

Ou seja, o profissional é considerado profissional somente em exercício de sua profissão, principalmente quando se pensa no profissional propriamente da educação, nesse caso o professor. O que realmente nos interessa comentar é a respeito de uma classe de professores educadores voltados a um arrojo político com o objetivo de compreender que ser educador não dicotomiza com a política de subjetividade da própria profissão docente.
Aproveitando o ensejo de que não separa a luta dos profissionais por salários mais dignos, em relação a pratica docente, cabe neste momento lembrar-nos de Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia, cujo pensamento reflete a dimensão política em luta pela defesa dos direitos dos educadores, observe o seguinte comentário:

Se há algo que os educandos brasileiros precisam saber, desde a mais tenra idade, é que a luta em favor do respeito aos educadores e à educação inclui que a briga por salários menos imorais é um dever irrecusável e não só um direito deles. A luta dos professores em defesa dos seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento de sua pratica docente, enquanto pratica ética. Não é algo que vem de fora de sua pratica docente, mais algo que dela faz parte. (FREIRE, 2003, p.66)

Compreendendo a citação acima, se fala especificamente a uma classe de professores compromissados com responsabilidades de sua causa profissional a qual não esta separado de sua ética, tanto quanto em exercício de sua profissão, quanto no estado do não exercício da sua profissão, isto é, sendo professor, porém, em suas atividades extraclasse, não estão isentos da responsabilidade em executar seus diversos papéis sociais. A ética, conforme o Dicionário Unificado da Língua Portuguesa, neste caso se resume: Parte da filosofia que trata da conduta humana, sobre o ponto de vista do bem e do mal (RIOS, 2010.p.294).
Em parceria com uma ética subjetivada de valor inestimável a qual faz parte de uma formação particular de cada ser humano, que adquire no decorrer de seu desenvolvimento inicial, é que colaboram para este ser enquanto ser adulto em plena produtividade de sua profissão engaja-se por uma causa e por ela se apaixona, conseqüentemente o torne um ser devotado a esta causa, neste caso, a sua própria profissão. Quando o profissional de fato é compromissado com coletividade em vista com todos aqueles que o cercam, logo sua política de vida ética torna visível a todos.
Diante do referido, trás a memória a lembrança de um militante ferrenho em devoção a uma causa, com a meta de alcançar a liberdade de viver e de estar dentro de uma sociedade de forma justa e igualitária junto com outros seres humanos. Estamos falando de Luther King (1929-1968), disse ele em um dos seus discursos, que tinha como tema: Três dimensões de uma vida perfeita:

A primeira, prosseguiu,é uma grande nação, oferecendo ao mundo a declaração da independência e enormes progressos tecnológicos, mas é também imperfeito por causa do seu materialismo e porque tem privado 22 milhões de negros, homens e mulheres, da vida, da liberdade e da procura da felicidade. Assim como as grandes cidades, nações e civilizações são imperfeitas, assim têm sido muitos dos nossos grandes líderes. O indivíduo deve esforçar-se para conseguir a própria perfeição. A primeira dimensão de uma vida perfeita é o desenvolvimento das forças interiores de uma pessoa. Ela deve trabalhar incansavelmente para atingir a excelência no campo dos seus esforços, não importa quão humilde seja. Aplique-se seriamente a descobrir qual a sua finalidade na vida e então dedique-se apaixonadamente a realizá-la.(KING,1964,p.25).

Não é um discurso romântico, e nem fixação cientifica, mas é a classe dos educadores deste país, de um Estado pertencente à nação brasileira, que tenta buscar eficácia em seu trabalho de educar e conquistar condições melhores para fazer sentir-se cidadão e promover cidadania. Ser professor alfabetizador, ou professor das séries iniciais, não implica deixar de lado a manifestação política por uma causa justa de igualdade de condições de vida aos outros professores a nível maior em face de mestres que dão aulas em Universidades, como por exemplo: não é porque sou professor alfabetizador que me sentirei diminuído intelectualmente frente aos mestres em educação, é claro, com humildade falarei dos nossos mestres; mas é bem verdade que quando se trata de Doutor e Mestre a situação muda, pois eles têm toda uma carreira de magistério e uma longa caminhada de esforçados estudos, para estarem em pleno gozos de suas respectivas carreiras.
Porém, como professores formados, especialista em educação em andamento, fora ou inserido na mercantilização do sistema educacional, cabe comentarmos ou fazermos parte de um estado democrático, que nos leva a uma reflexão contínua sobre a justa renumeração do salário do professor da educação básica, seja da rede municipal ou estadual. Muitos comentários surgem sobre um rendoso aumento para os professores, observem a nota de um jornal na Capital Manaus:

A secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino (SEDUC) planeja realizar concurso público com cinco mil vagas para professores de todas as disciplinas dos Ensinos Fundamental e Médio, além de Pedagogos, Secretários e outros... O salário poderá chegar a 4mil, segundo a assessoria de imprensa da secretaria. ( DEZ MINUTOS, 2010.p.10)

Enfim, se de fato ocorrer esse reajuste o qual nossos governantes prometam a situação dos professores concursados tomarão novos rumos, tais como, qualidade de vida para os docentes melhorarão,suas famílias começarão a usufruir um mínimo de conforto e poderão aproximar-se a uma base de condições provavelmente em alguns aspectos de igualdade de Direitos em pequenos passos frente aos grandes dominante.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MARX, Karl. Manuscritos Econômicos ? FilosóficoS. São Paulo: Martin Claret, 2002.
MENEZES, Carvalho João Gualberto de. (orgs). Educação Básica: Políticas, Legislação e Gestão - Leituras. São Paulo: Thomson, 2004.
FREIRE, Paulo Coelho. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários á Prática Educativa. 27. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo Coelho. PROFESSORA SIM tia NÃO: tas a quem ousa ensinar. 1. Ed. São Paulo: Olho d´Água, 1993.
SANTOS, Clovis Roberto Dos. Ética Moral e Competência dos Profissionais da Educação. São Paulo: Avercamp, 2004.
SEDUC planeja novo concurso. Dez Minutos, Manaus, 20 Outubro 2010.
SCOCUGLIA, Afonso Celso. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: Histórias e Memórias da década de 60. Brasília: Plano, 2003.
TARDIF, Maurice e Lessard Claudes (org.) O Ofício de Professor: Histórias, perspectivas e desafios internacionais. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.