NO MEIO DO CAMINHO TEM UMA PRAÇA
Por DOMINGOS SALVIO FIOROT | 08/11/2012 | PolíticaNO MEIO DO CAMINHO TEM UMA PRAÇA
E não se trata de uma pracinha qualquer é uma praça que tem raça, que resiste no tempo, resiste ao progresso e, sobretudo continua a sobrepor os interesses e bem estar de uns poucos aos interesses e bem estar coletivo.
A praça da raça está literalmente no meio do caminho de um sem número de transeuntes, dificultando a circulação diária de milhares de pessoas que tem que contornar a Praça da Raça, que, na maioria das vezes, vazia e sem viva alma, a todos desafia.
Ela já desafiou vários prefeitos e inúmeros governadores e tem-se a impressão que algum figurão muito importante more em seu arredor, tamanha é a sua resistência no espaço.e no tempo.
Isto me faz lembrar uma piada que ouvi sobre um cemitério que existia numa pequena localidade.
Muito grande, o cemitério forçava as pessoas a contorná-lo para acessarem a outra extremidade, onde tinham que cumprir suas obrigações.
Numa tarde, um trabalhador noturno viu o portão frontal do cemitério aberto e fez um atalho, atravessou-o ao meio e saiu pelo outro portão que ficava na mesma direção, no final dele.
Lá pela madrugada, na escuridão da noite, quando retornava pelo mesmo atalho, no meio do atalho tinha uma enorme cova, muito funda que alguém havia começado a fazer e lá caiu.
O trabalhador tentou inúmeras vezes sair do buraco, tendo sido mal sucedido todas às vezes e, por fim, resolveu permanecer lá, esperando o dia clarear, quando, certamente, alguma alma viva viria socorrê-lo.
Logo depois, um bebum que vinha da boemia, pra lá de Bagdá, acabou por cair no mesmo buraco que havia no meio do atalho.
Este último ficou tentando sair do buraco, mas sem sucesso.
O primeiro embruacado ficou observando as frustradas tentativas do seu colega de infortúnio e, quando se cansou disto, resolveu aconselhá-lo a aquietar-se e ao tocar nas costas dele, acabou por lhe dar grande um incentivo, pois o bebum pensou tratar-se de alguma alma penada que queria pegá-lo e arrancando forças de onde não tinha, conseguiu sair do buraco, como num passe de mágica.
Fico a pensar que se Drummond soubesse disto ia dizer que aquela pedra do meio do caminho era um pedregulho e também penso que precisamos que uma alma viva dê um toque de incentivo nas costas de quem de direito, para tirar a Praça da Raça do meio do caminho.
DOMINGOS SALVIO FIOROT