Neurose

Por Mário Paternostro | 05/03/2011 | Crônicas

Muitas vezes quis seguir caminhos diferentes, quis eu escrever a minha história sem que ninguém palpitasse. Nunca fiz distinção do sim e do não, e usei acho, na hora que deveria dizer. Se estava certo, jamais saberei. Amigos fiz vários pelos caminhos, sobraram poucos, ou melhor, quase nenhum. Agora vá saber se eram amigos ou apenas caminhantes como eu pela vida?
Não sei em que momento eu comecei a desenhar meu futuro, se foi quando aprendi o que era a vida ou quando a vida inteira se expandiu dentro de mim? E se eu nunca tivesse escrito um verso sequer, se nunca pegasse numa caneta pra escrever poesias, será que eu estaria hoje em pé com minhas divagações? O tempo não volta, sua linha é sempre pra frente, mas as perguntas não param. Se eu dormisse cedo como todos, evitaria certamente o mau humor e as olheiras, mas e a vida que pulsa em mim nessa hora, em que parte do dia ela iria gritar. Se eu tivesse usado uniforme , batido ponto e seguisse as normas todas, onde eu estaria agora?
Paro muitas vezes pra pensar porque existo, e se existo tenho que me argüir sempre. Se eu mudasse em determinado tempo a direção da minha vida e a guiasse por outros caminhos, em que atalhos eu me encontraria hoje? Se eu tivesse negado tudo que me foi dado, será que eu seria um pedinte de palavras? Ou quem sabe me transformaria em um funcionário do alto escalão, com diploma na parede, muito dinheiro no banco, uma mulher bonita pra exibir e a frustração de não conhecer os desatinos que hoje me fazem fazer uma folia pela vida? Se brincasse de inventar amores apenas pra saciar o desejo latente, talvez tivesse deitado com mais de mil mulheres, mas com certeza não conheceria o fogo das paixões. Se eu dobrasse a esquina contrária àquela que eu dobrei, será que encontraria uma fortuna em dinheiro. Mas essa esquina pela qual eu entrei me fez encontrar no fim do arco-íris um pote, mas não de ouro, e sim de talentos. A vida não conhece o efeito borboleta, por isso, vivo o presente no futuro conversando com o passado.