NEUROINOVAÇÃO
Por José Chavaglia Neto | 16/01/2011 | EconomiaO mundo dos negócios dos dias de hoje é extremamente competitivo. Desta forma, os profissionais e empresas que não se adequarem a esse contexto, infelizmente estarão destinados ao fracasso. Contudo, algumas pessoas têm chamado a atenção por se destacarem na criação de produtos, marcas e negócios excepcionalmente rentáveis, tornando suas empresas líderes no mercado. Observando esses profissionais, percebeu-se que eles fazem parte de um grupo: o grupo dos inovadores.
Muitos livros têm levantado a questão acerca da inovação, afirmando que qualquer pessoa pode ser um inovador a qualquer momento. Porém, comprovadamente, isso não é verdade, pois se assim fosse, provavelmente todas estariam ricas e suas empresas estariam no topo do mercado. A verdade é que apenas 2% das pessoas do mundo fazem parte desse grupo privilegiado. Elas são privilegiadas porque perceberam que são as inovações que determinam o sucesso de uma empresa no mercado. Elas são o que são porque fazem o que todo mundo considera que seja impossível de ser feito.
Os profissionais inovadores só o são por atenderem a três requisitos: percebem as coisas de forma diferente das demais pessoas; têm coragem de fazer o que tem que ser feito; e transformam suas ideias inovadoras em "pragas" sociais que se alastram facilmente.
Até aí, tudo bem! Mas falta saber como isso funciona na prática para as pessoas. O cérebro de uma pessoa tem um gasto de energia limitado, ou seja, não é porque ele tem que fazer uma nova atividade que gastará mais energia por isso. O cérebro otimiza os resultados de forma bastante eficiente. Em outros termos, a coisa funciona como uma espécie de loteria cerebral, pois diante das muitas informações do ambiente externo, o cérebro finalmente escolherá a informação a ser percebida. A probabilidade de ocorrência de uma percepção depende de informações vindas do exterior.
Além disso, a percepção depende da herança genética das pessoas, assim como de sua experiência de vida. Esses fatores ajudam o cérebro a escolher e formar a percepção. No caso dos inovadores, eles percebem de forma diferente, vendo coisas que não podem ser vistas por pessoas comuns (pelo menos de forma voluntária). Definitivamente, essa é uma vantagem considerável na hora de criar um produto campeão de vendas no mercado.
O segundo fator de sucesso de um inovador é a sua capacidade de fazer aquilo que tem que ser feito. Uma pessoa inovadora tem diante de si um grande desafio, que é o de enfrentar seus próprios "demônios", ou seja, seus medos.
Fisiologicamente, o medo se localiza em uma região do cérebro chamada "amígdala", que, por sua vez, tem conexões diretas com o sistema de excitação do cérebro (o hipocampo). Quando uma pessoa é exposta a uma situação de decisão, a relação entre a amígdala e o hipocampo gera os sintomas do estresse derivados do medo. No entanto, esses sinais são apenas indicadores de um sentimento deletério à obtenção do sucesso, pois ocorre um efeito paralisante, o que impede a maioria das pessoas de tomarem decisões acertadas.
Os inovadores têm o poder de controlar o medo e, por isso, não temem pelo fracasso de suas ideias perante a sociedade. Eles não ficam paralisados diante do perigo iminente do ridículo, do preconceito e até mesmo do perigo físico.
Depois de perceber o mundo de forma diferente e de fazer aquilo que tem que ser feito, o inovador faz com que suas ideias se propaguem na sociedade, criando verdadeiras manias entre os consumidores. Isso pode ser feito por meio da inteligência social, que pode ser resumida na capacidade de fazer com que determinada ideia se fixe na mente das pessoas.
De forma prática e pontual, trata-se de fazer o consumidor perceber o produto como uma reprodução dele mesmo, ou seja, por meio da personificação do produto, despertando o amor próprio do consumidor pelo produto ou ideia em questão.
Existem duas maneiras de vender e espalhar uma ideia por aí: a primeira se refere à alusão a coisas novas, que serve muito bem para os adolescentes com cérebro ainda em formação (que buscam por exclusividade). Em segundo lugar, existe a possibilidade de propagar uma ideia por meio da familiarização. Essa tática funciona de forma eficaz em pessoas adultas com o cérebro já formado. Evidentemente, os padrões culturais influem nesse contexto, porém, somente até certo ponto, pois os fatores fisiológicos da evolução do cérebro são fortes o bastante para tomarem conta da ação dos indivíduos diante desses estímulos ao seu inconsciente.
Este artigo não vai terminar de forma habitual, com conclusões a respeito do assunto. Naturalmente, diante de tanta informação, alguns questionamentos surgem pertinentes ao momento. Por exemplo: "Então, se eu não faço tudo isso, nunca poderei ser um inovador? Eu posso me tornar um inovador de valor? O que faço para me tornar um inovador?" Essas e outras perguntas serão respondidas propositalmente na segunda parte deste artigo. Pois agora, é melhor que se faça uma intensa reflexão a respeito do que foi exposto, para que se tome consciência dos motivos que levam alguém a ser um inovador. Afinal, ser um inovador significa, por vezes, estar sozinho, ser taxado de maluco, inconveniente, sonhador, fútil etc. Portanto, antes de continuar, pondere as vantagens e desvantagens de entrar nesse campo do conhecimento, pois ele é um caminho sem volta. A partir do momento em que o leitor conhecer a verdade sobre o sucesso empresarial e profissional, certamente passará a ver o mundo de forma diferente.
Continua...