Neuroeconomia

Por José Chavaglia Neto | 18/03/2010 | Economia

No momento exato em que a humanidade se deparou com a maior crise desde a "crise de 1929", os modelos de análise econômica passaram a ser contestados por grande parte dos economistas desta época, que colocaram em evidência o questionamento referente à qualidade ou capacidade dos modelos existentes em analisar de forma consistente os problemas econômicos contemporâneos, reconhecidamente mais complexos do que os de outrora, dada a evolução do modo de produção capitalista.

Neste meio tempo, muito se falou e escreveu sobre este tema, contestando justamente os modelos econômicos derivados da racionalidade humana, em especial a figura do homo economicus que representa a maximização econômica do homem através do seu comportamento quando este se depara com situações econômicas.

Neste contexto e diante das falácias geradas acerca de diversos modelos alternativos aos modelos existentes - antagônicos aos modelos baseados na racionalidade - alguns poucos casos mereceram destaque por sua seriedade e por se tratar de um conteúdo capaz de suprir a demanda existente por explicações coerentes para os problemas econômicos de agora. Entre estes novos modelos, pode-se destacar a neuroeconomia. Este modelo pode ser genericamente chamado de economia comportamental - para todo efeito, a neuroeconomia é uma ramificação da economia comportamental.

Esta ramificação da economia tem chamado a atenção tanto de cientistas como dos profissionais de mercado. Isto, pois este modelo interpreta os atos econômicos com base em um arcabouço teórico multidisciplinar envolvendo áreas do conhecimento além da ciência econômica como: medicina, psicologia, física e química, por exemplo.

Esta abordagem prima por testes de laboratórios praticados principalmente por meio da IRM - Imagem de Ressonância Magnética e pela TAC - Tomografia Axial Computadorizada. Estes testes buscam indicar por meio de uma consistente análise do cérebro como o ser humano reage diante de determinadas situações econômicas.

As possibilidades geradas por esta nova abordagem trouxeram à teoria econômica maior capacidade para a compreensão dos problemas econômicos, com um maior nível de confiabilidade do comportamento humano referente a este como um ser econômico. Um exemplo disso pode ser visto através dos vários testes que os neurocientistas em parceria com alguns economistas fizeram tomando como base a teoria dos jogos.

De forma genérica, a neuroeconomia veio contribuir para a formalização, experimentação e contestação de teorias já amplamente utilizadas no mundo acadêmico e para o surgimento e propagação de outras novas. Apresentando o homem como ser econômico de forma como nunca antes vista na ciência econômica.

Portanto, esta nova abordagem sobre a análise econômica surge como uma inovação que quebra o paradigma existente com relação ao próprio conceito de análise em economia. Permitindo tanto à comunidade científica quanto ao mercado almejar resultados mais próximos da realidade.

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