Néctar: divagações fenomenológicas II
Por Virginia vicamf | 22/01/2013 | CrescimentoGeralmente a cautela precede a vitória assim como só a experiência leva o indivíduo ao conhecimento, em suma paciência e persistência são fundamentais àquele que almeja uma existência afirmativa e obter resultados satisfatórios em seus empreendimentos...
Não há originalidade quando afirmo que é preciso conhecer para amar e, que a quantidade é proporcional a qualidade do conhecimento a respeito do objeto ao qual estamos envolvidos afetivamente, ou seja nosso interesse amplia-se de acordo com o vínculo afetivo. Desta forma o processo inverso também procede. Perdemos o interesse a partir do momento em que deixamos de estarmos envolvidos afetivamente... Quais as razões da perda de interesse? Seria ele a impaciência? Tédio advindo da falta de novidade do objeto a oferecer ou da potência do aprendiz em sua busca?
O meio ambiente passa ser “amado” a partir do contato inicial que desperta desejo e curiosidade e assim passamos a tecer vínculos na caminhada, cada um destes vínculos traz consigo uma gama de outros visto estarmos entrelaçados uns aos outros. Nosso primeiro vínculo é com a mãe dependendo da qualidade desta relação primordial e experiências advindas da mesma sejam elas afirmativas da existência ou não passamos a projetá-la no decorrer de nossa permanência no meio . No entanto devida a complexidade do ser humano há outros aspectos envolvidos na maneira de como prosseguiremos a jornada, com mais ou menos desejo de conhecer ou seja de amar e o quanto nos permitiremos a exercê-lo. Os instintos de preservação estão envolvidos. O por que desta longa introdução para falar de uma espécie de vida aparentemente menor mas não menos complexa que a espécie humana, que é a das borboletas(do grego Psiquê= alma) ? Porque simplesmente, sua existência é de grande significado, tanto no aspecto subjetivo como objetivamente, na preservação do meio ambiente no qual estamos inseridos, além de que esta tão sedutora, pela beleza e processo vital (metamorfose) tornou-se fonte de inspirações aos poetas, filósofos e artistas desde os primórdios da civilização e, encontra-se ameaçada de extinção justamente pela intervenção humana no habitat e por sua ambição de poder, desmedida, que vem crescendo paralelamente ao seu domínio tecnológico que não se foi proporcional ao desenvolvimento nas demais áreas do conhecimento. Como salientou o físico Luiz Alberto Oliveira( cosmólogo curador do Museu do Amanhã) recentemente, “o homo é diferente do homus sapiens”. O que nos leva a refletir que nossa estrutura biológica “homo” não acompanhou os avanços das conquistas dos “ sapiens”, conhecimento agregado a esta, gerando um desconforto, alienação,etc...Visto estamos em constante construção e em processos passíveis de alterarmos o nosso rumo bem como o da história, em possíveis “metamorfoses”, relembrando o filósofo F. Nietzsche em as metamorfoses do espírito , proponho algumas questões :
Amamos as borboletas? A pesar de tanto falarmos sobre amor, sabemos amar a nós mesmos e ao outro? Buscamos conhecer para melhor interagir? O que nos impediu de conhecermos mais havendo bibliografia extensa sobre diversos assuntos nas áreas humanas, biológicas, etc...? Seria o medo de conhecer que nos impediu como espécie de amar, cuidar, proteger? Quais as causas de temermos, se em caso afirmativo? A psicologia nos ofereceu algumas respostas bem como a filosofia. Pensar, observar é preciso penso, assim como recuperar alguns dos instintos de conservação do "humus" que provém de "humus" = terra, que o processo civilizatório reprimiu, restringiu e confundiu, vindo a alterar e intensificar outros tais como o desejo desenfreado de posse, poder, controle, que não são observados em algumas culturas ditas primitivas que vivem em harmonia com "humus". Creio oportuno re agregar alguns conceitos perdidos, restabelecer diálogos...
Em uma prosa poética de quase oito anos tentei chamar a atenção para o fato que vem ocorrendo com as borboletas e conosco mesmos, enquanto desatentos aos processos nos quais estamos envolvidos: Ressonantes - Instantes “puros” presentes, liberdade d’ olhar que ao perceber captura em um milésimo de segundo em que respira ( inspira e expira ) vivencia o isto , que na surpresa se doa; Instante inocente, vibracional perpetuado nas ondas produzidas pelo evento...Deixai virem /irem borboletas...Delas aprendeis a errância, fragilidade e qualidade de metamorfosear! Catalisadoras de sonhos, “fazedoras de vento “, expandem o invisível... No ressonante dinamismo multiplicam-se essências; vozes aladas que recriam imagens...A surpresa se dá ao inocente errante. O amor está no perceber/receber o instante. Ressonantes “agoras” tecem o amanhã de estrelas! Imagens,cordas,vozes potencializam o te´cer( Ser) !
Para finalizar estas considerações, disponibilizo trechinhos do estudo sobre a Borboleta Monarca que como ocorre com muitas outras espécies, a mortalidade é causada pela mão humana que faz com estas percam seu habitat e, principalmente por destruir suas fontes de asclépias e néctar. Esta espécie de borboletas é a única a fazer uma migração bidirecional tão longa, chegando a voar até 4.830 Km no outono para chegar ao destino onde passará o inverno.
" A orientação dos insetos é geralmente pouco compreendida, e as monarcas não são exceção. A capacidade apresentada pelas monarcas, que estão espalhadas sobre uma área superior a 100 milhões de hectares, em convergir para uma área muito pequena nas montanhas do centro do México é espantosa, e pode ser um dos mistérios mais fascinantes da ecologia animal. Outros animais utilizam sinais celestes (o sol, a lua ou as estrelas), o campo magnético da terra, marcos (cadeias de montanhas ou corpos de água), luz polarizada, percepção da energia infravermelha ou alguma combinação desses sinais para migrar, porém o grau com que esses sinais são utilizados pelas monarcas é desconhecido(...) Muitos pesquisadores concordam que o sol é a dica celeste mais provável de ser utilizada pelas monarcas que migram para o sul. Kanz (1977) e Schmidt-Koenig (1985, 1993) sugeriram que as monarcas utilizam o ângulo do sol ao longo do horizonte, em combinação com um
relógio corporal interno, para manter a rota do vôo a sudoeste, cuja hipótese foi confirmada por Mouritsen e Frost (2002). Pelo fato de as monarcas geralmente migrarem em dias nublados, essa bússola solar deve ser combinada ao uso de algum outro sinal. Cientistas sugeriram que as monarcas podem utilizar uma bússola magnética para se orientar, conforme demonstrado com alguns pássaros migratórios (Wiltschko e Wiltschko, 1972, Emlen et al., 1976). Entretanto, Mouritsen e Frost (2002) mostraram que as monarcas migratórias exibiam um vôo aleatoriamente orientado quando recebiam apenas sinais de campos magnéticos e não reagiam às mudanças de campo magnético, sugerindo que essas borboletas não utilizam o campo magnético da terra para se orientar durante a migração. Eles propõem que as monarcas podem utilizar padrões de luz polarizada, os quais penetram a cobertura de nuvens, para se orientarem em dias nublados.(...)P ara ler todo estudo acesse o link http://www.ecologia.info/borboleta-monarca.htm
*A asclépia é considerada uma erva nociva em algumas localidades, sendo geralmente destruída. Além disso, os herbicidas utilizados para matar plantas em culturas agrícolas, à margem das rodovias e em hortas, podem prejudicar as fontes de asclépias e néctar, além de matar .
Dica - Vídeo Youtube http://youtu.be/ILjhooJ3UPU as monarcas diretamente.