DXXVI – “OS DEPUTADOS ESKUDLARK, DARCI DE MATOS E SARGENTO SOARES EM AÇÃO! O DESTINO CRUEL DO POLICIAL ‘NETO’! DESABAFOS DE UM 'CORREGEDOR'”.
Por Felipe Genovez | 16/08/2018 | HistóriaPROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Data: 11.07.2011, horário: 10:35 horas:
Estava no meu gabinete na Corregedoria da Polícia Civil, quando fui surpreendido com a chegada do Delegado e Corregedor Nilton Andrade que veio me contar a “boa nova” de pé e meio acanhado:
- “Felipe, eu estive na semana passada com o Aldo e pedi a minha exoneração do cargo de Corregedor. Eu tenho quase dois anos de férias e licenças-prêmio para gozar e acho que está na hora de eu sair. Falei para eles que a minha lotação é a 3ª DP da Capital e poderia voltar para lá e ficar cuidando dos meus inquéritos. Depois estive com o Secretário e expliquei para ele a minha situação. Ele entendeu e disse que eu poderia trabalhar onde quisesse e que poderia ficar na Corregedoria. Eu no início achei que quem iria decidir quem seria o novo Corregedor seria o Aldo, mas depois entendi que vai ser o Secretário quem vai decidir. Eles aceitaram a minha decisão e a minha idéia é ficar por aqui, fazer processos disciplinares, só trabalhar em processos, porque aí eu posso me afastar enquanto a portaria é publicada. Depois volto para presidir... Eu estava lá é começaram a cogitar sobre nomes para me substituir. O Secretário comentou que não é fácil encontrar alguém com experiência. Bom, cogitou-se até o teu nome. Perguntaram quem eu achava que teria condições, e até o teu nome foi cogitado”.
Procurei não externar minha opinião, mas argumentei:
- “É uma pena, não é por estar na tua presença, mas foi um prazer trabalhar contigo aqui. A minha preocupação é quem é que vai te substituir, a gente não sabe quem virá e o que pensa, quais serão as suas ideias. Já trabalhei com o Hilton, com o Sérgio Maus”.
Nilton fez mais alguns comentários, em especial, disse que não acreditava em negociações salariais, chegando a citar o nome do Delegado Marlus que está no Gabinete do Secretário e que tem bom trânsito no governo. Nilton estava se referindo ao Delegado Marlus como uma pessoa que acompanhou as suas conversações com o Delegado-Geral Aldo e com o Secretário Grubba.
Data: 25.07.2011, horário: 16:10 horas:
Tinha acabado de chegar em Joinville e resolvi fazer uma visita para a Delegada Marilisa. Entrei na Delegacia da Mulher sem ser notado e fui direto para o segundo andar. Sem bater, abri a porta e avistei Marilisa debruçada no telefone conversando com alguém. Logo que me viu surgiu espontaneamente um sorriso em seus lábios em sinal de alegria e o sinal para que entrasse e sentasse. Enquanto Marilisa fazia sua interloucução com adrenalina turbinada, pude notar a pele das suas pálpebras manchadas, deixando transparecer o passar dos anos... Lembrei de uma foto mais antiga onde aparece bem radiante e agora aquela visão. Não pude deixar de lembrar de minha tia (Lúcia) que uma vez me disse que “o tempo também vence os campeões”.
Depois que Marilisa encerrou a ligação passamos aos cumprimentos e a colocar os assuntos em dia. Relatei que estava de férias e resolvi dar uma chegada para saber das novidades. Marilisa relatou que dentro de instantes iria até a “Brothe Haus” (Padaria na Max Colin – Joinville) para se encontrar com os Delegados Isaias, Guzzo, dentre outros para conversarem sobre a reunião que teria na Capital com a Adepol na sexta-feira próxima. Marilisa me mostrou um anteprojeto de lavra do Delegado Isaias que tratava dos “subsídios” dos Delegados e que seria apresentado ao Delegado Renato Hendges (Presidente/Adepol). Dei uma olhada no anteprojeto e fiz algumas anotações e repassei para Marilisa. Em seguida fiz um relato a respeito do nosso projeto de lei que trata sobre a indenização aposentatória, apresentado pelo Deputado Darci de Matos. Pedi que Mariisa fosse até o computador e abrisse o sítio da “Alesc”, a fim de que pudesse ter conhecimento da tramitação do nosso projeto. Marilisa não sabia de nada e pude observar que nunca tinha antes acompanhado a tramitação da matéria. Comentei que o Deputado Sargento Amaury Soares havia sido nomeado relator do projeto (depois que foi desarquivado a pedido do Deputado Darci de Matos) e que deu voto contra. Depois, o Deputado Maurício Eskudlark pediu vistas e para nossa surpresa, ao invés de apresentar parecer favorável, ao contrário, votou com o “relator”, ou seja, foi contra também. Aproveitei para comentar:
- “Marilisa, logo que eu soube do voto contra do Deputado Amaury, liguei para o Maurício e pedi que ele olhasse com carinho o assunto, pedisse vistas e ele se comprometeu a fazer o que fosse necessário. Só que depois eu fui ver o resultado e foi ele justamente quem votou contra, olha só... Eu acho que ele deve ter negociado alguma coisa, tenho quase certeza que ele apresentou um projeto dele, ao invés de apoiar o projeto do Darci, só que restringiu...”.
Marilisa ficou indignada com o que descobriu e eu fiquei pensando: “Meu Deus, não é fácil, coitada da Marilisa, só agora que descobriu o que realmente ocorreu”. Resolvi ligar para o Deputado Maurício Eskudlark e consegui conversar com o mesmo que disse que estava no oeste catarinense já que a Assembléia Legislativa estava em recessso. Achei engraçado que Maurício parecesse desconectado, mas procurei insistir para colocá-lo dentro do assunto que era sobre o nosso projeto da aposentadoria indenizatória (copiado da Polícia Militar). Maurício nada comentou sobre seu voto favorável ao relator, fazendo-se de desentendido ou que não sabia de nada. Pedi para que Maurício desse uma olhada na tramitação do projeto já que o Deputado Sargento e relator tinha dado parecer contra. Maurício disse que iria dar uma olhada. Duvidei em silêncio, mas na verdade meu objetivo era turbinar Marilisa que estava do meu lado ouvindo a nossa conversa. Depois que encerrei o contato Marilisa tentou conversar com o Deputado Darci que retornou a ligação. Foi engraçado, porque esse parlamentar o queria falar sobre boletim de ocorrência, já que a PM, com o apoio do Secretário Grubba, estava sendo autorizada a fazer registros de ocorrências, o que estava causando grande celeuma entre os Delegados e manifestações do presidente da Adepol/SC.
Em seguida, Marilisa fez um relato a respeito do nosso projeto e pude sentir que o parlamentar estava meio distante ou sendo forçado a falar sobre algo que não acredita mais. Depois que Marilisa encerrou a ligação me disse que na condição de Secretária do Partido do “PSD” teria condições de cobrar o acompanhamento da matéria. Como Marilisa tinha compromisso com os Delegados, resolvi abreviar minha estada e nos despedimos quando já estávamos no estacionamento da Delegacia da Mulher. Deixei um a abraço para a Escrivã Ivonete (minha querida amiga invisível). Marlisa tinha insistido para que eu a acompanhasse na reunião dos Delegados, mas eu resisti.
Depois que deixei a repartição encontrei o Agente Neto que dias atrás tinha sido absolvido pelo Tribunal do Juri da acusação de participação em crime de homicídio em Joinville. Neto aol me ver caminhando pela frente da Delegacia da Mulher parece que não acreditou no que estava vendo e esbanjou um sorriso grintando:
- “Doutor Felipe, foram sete votos a zero, fui absolvido”.
Não parei para conversar porque estava com pressa e lembrei do que Marilisa tinha me dito durante nossa conversa: “Que antes do ‘júri’ conversou com o Promotor "O. T." e concordou com o mesmo que o policial ‘Neto’ poderia ser ‘velhaco’, pois fez muitas dívidas e não as pagou, mas ser mandante de crime isso jamais!” Marilisa relatou também que Tramontin durante o Júri teve uma postura inatacável e depois o encontrou e ele comentou que nunca tinha perdido um júri, e aquele era o primeiro... Marilisa comentou que replicou Tramondin dizendo que ele não tinha perdido o júri e sim ganho e que ele concordou que não viveria com a consciência tranquila pelo resto da vida tendo dúvidas sobre o caso do policial “Neto”. Achei interessante que no primeiro contato que Marilisa teve com Tramontini para tratar sobre o policial Neto, encontrou o Promotor no seu gabinete debruçado sobre o processo, dessa vez menos simpático do que nas outras oportunidades, envolto a um monte de documentos esbravejanto:
- “Tá vendo isso aqui, olha só como esse ‘Neto’ é um ‘v’., deve para um monte de gente na cidade”.
Marilisa relatou que concordou que o policial realmente era um “v.”, mas entre ser isso e mandante de crime existia uma distância muito grande. Marilisa disse que ainda comentou sobre o trabalho da Corregedoria e Promotor "T." quis saber qual era o posição do órgão correcional? Marilisa respondeu que o ‘doutor... pediria a absolvição do policial porque não encontrou elementos que justificassem uma condenação. Acabei me fixando na figura do Promotor “T”, e que Marillisa tinha comentado que quando trabalharam juntos em umas investigações acabaram estabelecendo uma relação de confiança e amizade, e eu, sem nunca ter trabalhado com esse representante do “Parquet” também passei a ter excelente conceito, em que pese o que teria uma vez me dito o Delegado Natal... (Dirceu Silveira - DRP de Joinville e o Delegado Bini trabalharam juntos reunindo provas para que ocorresse a prisão do policial ‘Neto‘; pouco tempo depois do júri que o absolveu ‘Neto’ descobriu um tumor malígno e veio a falecer rapidamente; e seu filho que cursava medicina na UFSC veio a abandonar o curso...).
Data: 15.08.2011, horário: 14:20 horas:
Estava na minha sala na Corregedoria da Polícia Civil e recebi a visita do Delegado Nilton Andrade que veio me trazer alguns procedimentos para carga. Durante o curso da conversa Nilton fez quase que um desabafo, relatando um episódio que o envolveu na semana passada, quando foi designado pelo Delegado-Geral para representá-lo num evento no Comando-Geral da Polícia Militar, cujo pato-do-dia (leia-se: prato) era a discussão sobre “boletins de ocorrências” e os conflitos de competências entre as duas instituições. Nilton relatou que o clima estava péssimo entre as duas instituições e que a “PM” havia postado uma nota pesada na rede:
- “Eu fiquei quinta e sexta-feira sem dormir direito, só pensando nesse evento, no que eu iria dizer. O Aldo me colocou nessa fria, eu cheguei lá e passei um vídeo institucional, fiz só isso, não falei nada e o clima ficou ruim. A coisa está feia, do jeito que está não dá. Eles me pegaram de surpresa, não tem aqueles momentos que tu não sabes o que dizer? Pois é, foi assim, me chamaram lá e pediram para que eu representasse o Aldo. O Valério está doente, com problemas de coluna, não podia ir e acabou sobrando para mim”.
Interrompi:
- “Mas porque não mandaram o Marlus?”
Nilton parou e pensou um pouco:
- “É, poderia ter sido ele, já que é assessor lá do Aldo”.
Interrompi:
- “Sim, e não é ele que é amigo do Colombo? Não foi ele que indicou o Valério? Dizem que o Marlus está reclamando agora que a pressão dele está subindo, que ele tá começando a ficar preocupado”.
Nilton confirmou que também soube alguma coisa e continuou sua narrativa:
- “Eu já falei, eu vou ficar até quando der. Não vou abrir mão dos meus alongamentos pela manhã, dos meus exercícios, de pegar a bicicleta...”.
Depois conversamos sobre câncer de próstata, de pressão alta e Nilton desabafou:
- “Nós já demos muito por esta instituição, então agora vai ser assim, eu não vou abrir mão de manhã de fazer o que gosto, depois eles descontam das minhas férias”.