DXXV – “DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK COTADO PARA SUCEDER GRUBBA? TENSÕES E CHOQUES DE OPINIÕES ENTRE AUTORIDADES E INSTITUIÇÕES!

Por Felipe Genovez | 16/08/2018 | História

PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 31.05.2011, horário: 10:35 horas:

Estava tomando um café próximo da Corregedoria da Polícia Civil (centro de Florianópolis – altos da Rua Felipe Schmidt – embaixo do Lyra Tênis Clube) quando recebi uma chamada telefônica da Delegada Sandra Andreatta. Logo de início ela foi lendo uma nota de um jornal de Criciúma relatando que o Secretário Grubba estava com os dias contados e que Maurício Eskudlark seria o novo Secretário da Segurança Pública. Sandra leu também que o ex-Secretário e Delegado André Mendes seria nomeado para um importante cargo. Ouvi atentamente a notícia e comentei que não acreditava em nada daquilo e que “Grubba” continuava muito forte, inclusive, que o governador não abriria mão do Ministério Público comandando a Pasta da Segurança, justamente porque isso importava em controle sobre as Polícias (leia-se: Delegados e Oficiais). Sandra parece que balançou diante do meu balde de água fria enquanto aproveitei para emendar:

- “Quem manda na Segurança não é o ‘Grubba’, não Sandra! Além do Governador quem manda são alguns Promotores amigos dele, é o Agostini, o filho do Onofre, e outros lá que são da turma dele. Então é pura ilusão achar que o ‘Colombo’ vai querer trocar o Ministério Público por um Deputado Suplente, dá licença...”.

Sandra pareceu cair na real depois dos meus comentários, sabia da sua ligação e torcida por Maurício Eskudlark... E, aproveitei para emendar:

- “Tudo bem, tudo bem, até poderia ocorrer isso, mas desde que fosse uma iniciativa do próprio ‘Grubba’ ou dos amigos dele lá no MIninstério Público de não quererem se desgastar, já visse como é que está começando a pegar essas greves. Agora é o Judiciário que já está se mobilizando, depois a Saúde. Também, isso poderia ocorrer caso o nome de Grubba aparecesse para o Tribunal de Justiça, mas aí seria mais complicado...”.

Sandra me deu um corte:

- “Sim, e agora o pessoal da Celesc também está se mobilizando”.

Interrompi:

- “Isso que o pessoal da Segurança ainda não se manifestou, mas imagina se os Oficiais da PM vão ficar quietos, os Agentes Prisionais, os Peritos? Não, não, o governo não vai ter como atender a todo mundo. Lá na Assembléia-Geral eu não quis me manifestar, tu sabes que a gente é muito visada e depois eu te disse que não queria ser impertinente, mas imagina, com uma greve ou movimento dos Delegados eu duvido se o Ministério Público não iria ser chamado a intervir com o Grubba no comando da SSP? Claro que sim, vão estipular multa diária, sanções. Eu não quis me manifestar, mas também tem a imprensa, qual seria a posição da mídia? Existem muitos interesses em jogo e o governo não tem como dar um subsídio de vinte e quatro mil reais para os Delegados em início de carreira, como ficaria o restante dos servidores? Com certeza que a mídia se colocaria contra. Por isso que eu não quis me manifestar porque do contrário eu teria que falar em independência institucional, da necessidade de nós construírmos um projeto para o futuro muito maior que ‘carreira jurídica’ e ‘subsídios’, que envolvesse Delegados e Oficiais da PM e a criação da ‘Polícia Estadual’, pode ser até que isso venha demorar, mas abriria o caminho para o futuro, daria estabilidade com o segundo grau na carreira e seria para sempre, serviria de modelo para outros Estados dentro de um projeto muito maior em nível de Brasil. Agora essa briga de cachorro magro atrás de reposições... Eu escrevi na rede que a saída seria pedir a incorporação do abono de dois mil reais, das horas extras, do adicional permanência... O ‘Grubba’ já tinha se manifestado apontando para esse caminho, mas parece que não levaram a sério...”.

Sandra intercedeu meu quase monólogo:

- “Ué, por que tu não apresentasses essa proposta lá na assembleia?”

Continuei:

- “Sandra, primeiro, eu já tinha colocado essa proposta na rede, mas o ‘Renatão’ não deu importância, ele já estava com tudo pronto, ele conhece as minhas ideias. Depois, eu não quis me manifestar porque daria a conotação da ‘proposta do Felipe’ que está querendo sozinho... Tu sabes que o nosso caminho é a independência institucional, essa foi a nossa bandeira durante a campanha para a Adepol. Eu fiquei admirado é de ver aqueles Delegados lá que estavam na nossa chapa e que acabaram se encantando com o microfone, com a vitrine e passaram a defender as propostas do ‘Renatão’... Estava tudo armado, era para ser subsídio, eu tinha dito para ti lá, lembra? Mas uma coisa eu tenho que reconhecer, se o ‘Renatão’ está com um projeto pessoal de ser candidato a deputado nas próximas eleições, podes ter certeza que ele está no caminho. Imagina, Presidente da Adepol, tem esses Delegados novos na mão, os aposentados... Lá na Assembleia-Geral havia uns oitenta por cento de Delegados novinhos, sabe como eles são, não conhecem a história, os projetos a fundo. Depois, o ‘Renatão’ está aparecendo na mídia direto, agora está lá na ‘Deic’ faturando encima da prisão do ex-Deputado Nelson Goetten, desse jeito ele vai chegar lá, o Maurício Eskudlark que se cuide”.

Já entrando nos finalmente de nossa ligação, Sandra aproveitou para comentar que estava mais frustrada com as minhas observações muito pertinentes a respeito da realidade que nos circundava. Comentei, antes de encerrar a ligação, que só tinha ido na Assembléia porque ela havia me telefonado e pedido que eu assim procedesse, porque do contrário não teria ido. Sandra insistiu que foi importante a minha presença e eu reiterei que só fui porque a considerava muito. 

Imagens de Sandra Andratta em dois momentos que simbolizam alegrias e tristezas:

Enquanto uns riem outros choram e assim a vida segue:

“Construção - O deputado Maurício Eskudlark não acredita que os delegados da Polícia Civil entrem em greve, embora haja uma insatisfação em relação ao salário. Mas destacou que está sendo construída uma solução. ‘Apresentei e está tramitando na Assembleia uma PEC que retorna a carreira para o patamar jurídico e que certamente incidirá no salário’, acrescentou o parlamentar do futuro PSD” (Blog do Paulo Alceu, 06.06.11).

Data: 06.06.2011, horário: 15:15 horas – “O fator Delegado Jorge Koch”:  

Tinha acabado de ouvir o Delegado Juarez Medeiros na DRP de Criciúma e a convite dele fui até o gabinete do Delegado Regional Jorge Kloch. Logo que chegamos no gabinete do DRP o Delegado Juarez foi relatando o teor da conversa que tivemos minutos antes, quando eu tinha argumentando que os Delegados e a Adepol perderam um grande momento para aprovarem uma proposta de incorporação de vantagens como as horas extras, o adicional permanência e o abono previdenciário, e que a decisão de pleitearem subsídios de vinte e quatro mil reais era algo difícil, quase impossível no atual momento. Jorge Kloch afirmou com “catchêgoria” que no próximo dia dezesseis o governo iria ter que dar uma resposta, mas que isso não iria acontecer, aí vai ter uma nova assembléia da Adepol em que nada vai ser decidido, e daí...

Juarez Medeiros argumentou que a minha consideração era muito importante a respeito da incorporação dos benefícios. Fiquei impressionado como Juarez estava reverenciando o Delegado Regional Jorge Koch, uma pessoa que nunca tinha levantado qualquer bandeira em defesa da instituição ou da classe, um apadrinhado político do Deputado Federal Ronaldo Benedet.  Eu preferi ser ouvinte dentro daquela conjuntura, lembrando que no sul só tive quatro votos, e tinha certeza que daqueles dois não saiu nada. Aproveitei para ser simples e apenas reiterei que o nosso caminho era a “independência institucional”, lembrando que quando perdemos a isonomia salarial com o Ministério Público dois fatores foram cruciais: a fragilidade/vulnerabilidade da carreira de Delegado de Polícia e a falta de uma instituição independente.

Relatei que no primeiro caso conseguimos aprovar o nosso projeto de criação do sistema de entrâncias para Delegados e excluindo a possibilidade de policiais militares usurparem a função de Delegado de Polícia nas comarcas e municípios, conquistas que foram originadas com a entrada em vigor da LC 55/92. Depois disso, faltava a independencia institucional e foi por isso que lancei minha candidatura à presidência da Adepol, para dar visibilidade à nossa estrada para o futuro, com a criação da Procuradoria-Geral de Polícia, o segundo grau na carreira, a integração dos Oficiais da PM e, finalmente, a Polícia Estadual. Nisso o Delegado Jorge Koch me surpreendeu, pois enquando eu fazia essa explanação ele concordava comigo, demonstrando pleno conhecimento das minhas ideias, do meu trabalho... Foi o bastante para sair dali e mudar minha impressão: seu jeito de parecer uma espécie do “dono do pedaço” dava lugar uma pessoa com discernimento e que de bobo não tinha nada, talvez os outros, dentro daquela máxima de que em terra de cego quem enxerga é rei, pois estava ali alguém que em silêncio denotava enxergar mais que outros.

Horário: 18:10 horas – “Notícias dos Delegado Hélio Natal Dornsback e a eleição do Delegado Sindical da Adepol no Oeste”:

Estava retornando de Criciúma quando recebi uma ligação no celular. Era o Delegado Hélio Natal Dornsback de Chapecó relatando que houve eleição para o “Delegado Sindical” da Adepol na região do extremo oeste e que haviam se candidatado os Delegados Cassagrande da DRP de São Miguel do Oeste e Aden da DRP de Xanxerê, além do Delegado Fabiano, este membro da atual diretoria da Adepol (leia-se: Renatão). Natal estava indignado com a forma como havia sido realizado o processo eleitoral, ou seja, a Delegada Regional Tatiana parece que havia dado um “golpe”, conduzindo o processo eleitoral sem dar muita margem a discussões ou critérios. Natal relatou que foi chamado para votar e estava tudo pronto. Moral da história: o Delegado Fabiano foi eleito o “Delegado Sindical”, o que ao seu ver não poderia ocorrer porque o mesmo já era membro da Diretoria da Adepol. No curso da conversa Natal queria que eu fizesse alguma coisa para anular o processo eleitoral em Chapecó, adotando alguma medida judicial. Procurei ter habilidade na conversa, argumentando que o próprio processo eleitoral da Adepol havia sido questionável, desproporcional, considerando que “Renatão” não se desincompatibiizou do cargo, usou a máquina, participou de reuniões da direção da Polícia Civil na Acadepol, em regiões do Estado... e as eleições para Delegado Sindical era mais um passo na busca do controle dos Delegados nas diversas regiões, criando uma ponta avançada para formação de opinião, especialmente, considerando o projeto de aprovação dos “subsídios”. Natal parece que não gostou muito da minha posição de me abster em adotar qualquer providência judicial para reverter a eleição de Fabiano. Comentei ainda que o Delegado Renato Hendges estava fazendo de tudo, de presidente da Adepol a Delegado da Deic, Delegado-Geral... e que não tinha para ninguém, inclusive, argumentei que não se construía uma instituição daquela maneira, com um “salvador da pátria”, e que agindo assim ele estaria fazendo muito mal com vistas ao nosso futuro. 

Data: 21.06.2011, horário: 17:20 horas:

Recebi uma ligação do Delegado Hilton Vieira e confesso que fiquei surpreso, logo soube que se tratava de um precatório, cuja ação eu encabeçava e estava sob os auspícios do advogado Edson Konell Cabral. Expliquei para Hilton que não sabia de nada, ou melhor, desconhecia como estava a tramitação do assunto. Hilton comentou que segundo informações o causídico estava retendo dinheiro das ações em sua conta. Preferi não comentar o assunto, apenas argumentei que isso era coisa do advogado e sua esposa e que caberia aos policiais procurarem os mesmos para acertar seus direitos, ou melhor, o pagamento do que era devido. Hilton, parecendo distante do mundo policial e preocupado com o seu “din-din” comentou que iria ver o que poderia ser feito. Perguntei, por curiosidade, o que ele estava fazendo e Hilton respondeu que estava trabalhando como “pedreiro” numa obra sua no município de Palhoça. Fiquei imaginando Hilton com a pele ‘acinzentada’ de  cimento, areia, pó, mãos calejadas, rosto queimado do sol... E, também, lembrei dos velhos tempos de “poder” à frente dos serviços correcionais da Polícia Civil, mas que na inatividade não contam nada, ou melhor, ninguém faz a mínima questão de lembrá-lo, mesmo que ele teimasse em mentir para si mesmo que o que importava era colocar a cabeça no travesseiro e dormir sossegadamente, com a consciência tranquila já que cumpriu com o seu dever... (frase que um dia me disse). 

Pensei em dizer algumas palavras para dentro do meu âmago, mas me perdi no próprio vazio do nada, já que passamos pela vida acreditando em “quase tudo e quase nada” que acaba virando “pó” no decorrer do espaço temporal, ou melhor, o “nada” também poderia ter seu conteúdo dilacerante... , capaz de nos conduzir a uma visão escatológica do futuro que nos espera. Em resumo Hilton Vieira foi um vencedor na vida, trabalhamos juntos desde os tempos da antiga Delegacia de Acidentes de Trânsito, a Faculdade de Direito, a sua cirurgia na face, depois a carreira de Delegado, a Corregedoria...

MP: atenção Lio Marin que tem o nosso integral apoio em nome da esperança e da integração das Polícias, 'MP' e Judiciário:

“Vergonha – ‘Tribunal de Contas aponta que há irregularidades nas contas do Estado, manda para a Assembleia que as aprova, mesmo com parecer contrário do TCE, e, o Ministério Público se cala. E por que isso acontece? Porque estesórgãos são beneficiados com a distribuição errônea dos recursos do Fundo’. Manifestação do deputado petista Jorge Boeira cobrando responsabilidade do Ministério Público, que faz ouvidos de mercador em detrimento da educação.
Feio” (http://www.pauloalceu.com.br/index?colunas=ant - 30.06.11).