DVII – “ASCENSÃO DE ‘GRUBBA’ E AS REVELAÇÕES DE JULIO TEIXEIRA: OS BASTIDORES DO GOVERNO RAIMUNDO COLOMBO E DO MINISTÉRIO PÚBLICO”.
Por Felipe Genovez | 12/07/2018 | HistóriaPROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Data: 24.01.2010, horário: 14:00 horas:
Conforme já havia sido combinado previamente, fui ao encontro de Julio Teixeira na “Livros e Livros” localizada na Rua Jerônimo Coelho (centro de Florianópolis). Para minha surpresa encontrei ele sentado numa mesa ao lado do Escrivão de Polícia Milton Sché Neves. Foram três horas de conversação e Julio Teixeira fez algumas revelações históricas:
- “O Raimundo agora tem uma dívida comigo. Estava prometida a Secretaria de Segurança Pública e não deu, depois a Delegacia-Geral e, finalmente, o Detran, mas aí o Eduardo Pinho se atravessou dizendo que era da cota pessoal dele o cargo de diretor. Sim, tu dissestes muito bem que o impeachment do Paulo Afonso também pesou. Tu Sabes que o Gercino foi convidado para ser o Secretário de Segurança e não aceitou, o Pedro Steil também foi e também não aceitou. Tu conheces o Pedro? Ele é meu amigo, os filhos dele se criaram com os meus, depois se separou, mas hoje não está mais. Daí convidaram o Afonso Ghizzo que também não aceitou. O Conselho Superior do Ministério Público se reuniu e resolveu recomendar que os Promotores de Justiça não aceitassem o cargo de ‘SSP’, veja bem, resolveu ‘recomendar’ que não aceitassem o cargo de Secretário de Segurança, tu sabes por quê? É uma orientação do Conselho Nacional, quem ingressou depois de mil novecentos e oitenta e oito..., mas foi uma orientação, bom, aí convidaram o ‘Grubba’ que aceitou. Ele ingressou em oitenta seis ou oitenta e sete no ‘MP’. Tu sabes lá no Ministério Público como é que eles veem o ‘Grubba’? Diz aí, tu sabes como esse pessoal vê o ‘Grubba’? Eu conversei com eles, sou amigo deles, e é uma unanimidade, dizem que ele é um... eu digo, um...!”.
Tive que interromper:
- “Fala sério, mas quem é o ‘Grubba’ afinal de contas?”
Julio Teixeira reiterou:
- “Felipe, queres saber mesmo, é isso aí que eu disse, ele é um tremendo um s... Por isso que não vai durar muito, é só esperar, olha só como é que está a criminalidade? Está explodindo, o governador já se arrependeu, foi um tiro no pé, agora é só uma questão de tempo...”.
Interrompi:
- “Vocês viram o ‘Beltrame’ lá no Rio de Janeiro? Dizem que ele entra num restaurante e é aplaudido de pé, imagina, de pé, todo mundo se levanta quando ele entra e o aplaudem, que moral para os Delegados, lá no Rio de Janeiro os Delegados estão com muita moral, a Polícia...”.
Fiz um relato dos contatos com Delegados de Joinville e que se aceitasse Julio Teixeira teria que ser o vice e Marilisa Bohem a segunda vice. Julio gostou e eu argumentei:
- “Imagina, nós teríamos mais acesso ao Governador do que o próprio Delegado-Geral, olha só a importância de ter uma diretoria com esse perfil, enquanto que o “Renatão”...”.
Milton Sché sugeriu que escolhesse membros da diretoria da Adepol dentre Delegados do interior, principalmente os novos e que acabasse com a “velharia” que insistia em frequentar a sede da Adepol e engessar as decisões... Milton também argumentou que iria se filiar ao Sintrasp para ver se conseguia montar uma chapa para concorrer as eleições à presidência daquela entidade. No final da conversa, depois de fazer abordagens históricas sobre minha passagem pela Polícia Civil, telefonei para Marilisa e a coloquei na linha com Julio Teixeira e os dois conversaram, tendo repassado a informação que no dia vinte e nove de janeiro os Delegados novos iriam se encontrar em Florianópolis para discutir o futuro da instituição. Depois que Julio Teixeira encerrou a ligação deixou uma pérola:
- “Eu conversei e ela me disse que o projeto é o Felipe pelo histórico dele de lutas e eu em razão do meu histórico político, perfeito, eles estão corretos em pensar assim, está muito bom...”.
(...)”.
Fiquei pensando: “Esse Julio é meio louco mesmo, ninguém tinha lembrado do nome dele, fui eu que disse para o Dirceu Silveira lá em Joinville que qualquer projeto meu na Adepol passaria pelo nome de ‘Julio Teixeira’, depois conversei com Marilisa no almoço, relatando como queria montar a cabeça da nossa chapa, mas tudo bem, tudo é válido, o importante é unir...”, pensei. No que diz respeito ao novo Secretário Grubba teríamos que ver ser realmente a passagem dele seria breve ou longo no comando da Segurança Pública, pois Julio Teixeira era muito bom de “tiro no escuro”, fazer prognósticos “balões”, tudo isso temperado com uma espécie de “samba de crioulo doido”. O fato era que “Grubba” poderia surpreender entrando no jogo político do governo Raimundo Colombo, entretanto, isso só o tempo é que poderia dar respostas...
Depois fiquei imaginando o porquê dessa preferência do Governador Raimundo Colombo por convidar alguém do Ministério Público para comandar os destinos da Segurança Pública? Lembrei que Colombo era muito ligado ao Kaiser Jorge Konder Bornhausem, portanto, seria natural que fosse se aconselhar com alguém visionário e experiente..., e nesse sentido o Ministério Público cairia como uma luva para sepultar disputas internas entre Delegados e Coroneis... Mas, também, poderia ter alguma influência de Esperidiao e Angela Amin, já que o Procurador de Justiça João Carlos Kurtz possuía excelente trânsito com essas duas alas políticas...
Data: 02.02.2011:
Fiz contatos com os Delegados Marlus Malinverne e Valério Brito convidando-os para participarem da minha pré-chapa com vista às eleições da Adepol-SC, entretanto, ambos alegaram que não tinham interesse. Marlus disse que estava assessorando o Delegado-Geral Aldo e que não poderia se comprometer com lutas classistas. Já Valério argumentou que talvez quando se aposentasse seria possível que viesse a se interessar por luta classista. Tentei fazer contato também com o Delegado Ademir Tadeu de Oliveira – DRP de Joaçaba, mas não consegui conversar com o mesmo. Conversei com os Delegados Luiz Gonçalves (de Rio do Sul) e Aden (DRP de Xanxerê), que pediram para pensar um pouco... A pré-chapa já estava praticamente montada, com os Delegados “Julio Teixeira” de primeiro-vice, Adriano Bini como segundo vice, Sandra Andreatta como Secretária-Geral, Henrique Stdodieck como segundo secretário-geral, Marilisa Bohem como Tesoureira-Geral, Rubens Passos de Almeida como segundo Tesoureiro-Geral, Rui Garcia, como terceiro Tesoureiro-Geral. Conselho Fiscal – titulares: Damásio Mendes de Brito, Carlos Quilante e Roberto Castro. Suplentes: Márcio Schultz, Igor e Aden. Conselho Ético – titulares: Antonio Carlos Pereira, Helio Natal Dornsback, Alber Rosa, José Klock e Veronice Schreiner. Suplentes: Edselmar Bussanello, Nilton Andrade, Dirceu Silveira, Jorge Xavier, Lauro Radcka. Braga.
Horário: 18:30 horas:
Estava na Corregedoria da Polícia Civil e resolvi ir até a sala do Corregedor Nilton Andrade e perguntei:
- “Conversei com o Dirceu lá em Joinville e ele disse que falou contigo na reunião do Conselho Superior da Polícia Civil para me convencer a ser candidato à presidência da Adepol”.
Nilton imediatamente confirmou:
- “Sim, sim, vai ser bom,vamos! Eu até estava pensando, já que muita gente vota no ‘Renatão’, ele deu aquelas aulas dele lá na Acadepol e os Delegados novos todos votaram nele para o Conselho Superior da Polícia Civil, então eu pensei em convencer ele para ser o teu vice na chapa...”.
Interrompi:
- “Não, se eu for candidato o meu vice vai ser o Julio Teixeira. Ele pode até ser o segundo vice...”.
Nilton me interrompeu acenando positivmente:
- “Não tinha pensado no Julio, mas tu tens razão, então segundo vice...”.
Interrompi:
- “Pode ser, eu convidei a Marilisa para ser segundo-vice, mas não tem problema...”.
Nilton completou:
- “É que a gurizada nova vota nele, então para garantir seria melhor colocar ele de segundo vice para puxar votos, não achas...?”.
Concordei e no curso da conversa disse para Nilton que ainda não estava certo se aceitaria esse desafio, mas que iria pensar. A seguir convidei Nilton para integrar o conselho de ética e ele sugeriu que eu escolhesse Delegados novos, chegando a citar o nome do Delegado Rodrigo Schneider, ex-diretor da Acadepol.