Museu Dr. Carlos Barbosa uma ferramenta para a Educação de Jaguarão
Por Renize Renize Araújo | 08/10/2010 | SociedadeUniversidade Federal do Pampa
Curso Tecnólogo em Gestão de Turismo
Museu Dr. Carlos Barbosa uma ferramenta para a Educação de Jaguarão
Renize A. Araújo
Maurício Aires Vieira
RESUMO
Este trabalho discute a necessidade de uma educação patrimonial sólida para inserir a população local no contexto histórico que pertence. Também evidência a importância do Museu Carlos Barbosa para o município de Jaguarão, ressaltando a valorização do Patrimônio Histórico- Cultural para a cidade.
Palavras-chave: Museu Carlos Barbosa, Patrimônio Histórico, Educação Patrimonial.
1. INTRODUÇÃO
O Museu Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, localizado na cidade de Jaguarão, RS, na fronteira com o Uruguai, desponta entre os mais esplêndidos acervos históricos do Brasil.
Trata-se de um prédio em estilo eclético, de 1886, que foi conservado, com sua mobília, como um ícone do requinte construtivo que predominou no sul, entre as classes abastadas, em fins do século XIX e princípios do século XX. O período é apontado como o ápice do desenvolvimento cultural e econômico do município que, embasado na indústria charqueadora e adquirindo gado em grande quantidade nos territórios orientais, acumulou riquezas e conquistou posição de relevo no cenário nacional.
Da prosperidade de Jaguarão originou-se o belo patrimônio arquitetônico, a paisagem urbana reconhecida e destacada, em grande parte, por possuir conjuntos de casarios e não somente bens históricos isolados, que sobreviveram à evolução da cidade como testemunhos ou referenciais do passado.
2. Conscientização do patrimônio Histórico-Cultural
Hoje o museu Carlos Barbosa é um patrimônio histórico e cultural muito rico, pois evidência as raízes da tradição da cidade, porém é escassa a divulgação, e pouco apreciado pelos jaguarenses, acreditasse que por falta de conhecimento, estímulo e até mesmo por uma questão cultural.
O conceito de patrimônio cultural não se restringe apenas à arquitetura e a outros bens imóveis, mas deve ser entendido de forma bem ampla, pois ele pertence também a todas as manifestações culturais de um povo. E não se devem considerar apenas as manifestações das classes dominantes, mas também as expressões de todas as classes sociais, pois isto é o verdadeiro testemunho de uma civilização. (PELLEGRINI FILHO, 1993)
O município de Jaguarão é portador de uma grande cultura local e arquiteturas que ainda conservam características do século passado, muito bem preservadas.
3. Educação Patrimonial conscientizando a população jaguarense
É imprescindível a elaboração de seminários e palestras para a conscientização dos moradores, falamos de manobras para uma nova ressignificação da cultura do município e também devemos pensar na construção de conhecimentos junto com a sociedade, pois ela e o descendente vivo da história cultural da cidade, agentes passivos e ativos que construíram a identidade local.
Observa-se a necessidade de divulgar através da uma educação patrimonial o Museu para que não seja mais exclusivamente um aparato de objetos e lembranças do passado. Percebe-se que os objetivos voltados para o reconhecimento do patrimônio cultural da cidade encontram-se acanhados e desestruturados, logo se salienta a revigoração e construção de novos objetivos para uma atuação ampliada e permanente que faça acontecer uma integração com a cultura e a população local.
De acordo com Starling Santana, (2002):
"Educação patrimonial é um instrumento de alfabetização cultural que amplia o sentido de conexão com a memória histórica, social e cultural dos grupos sociais, promovendo a valorização e o reconhecimento da diversidade cultural [...] (STARLING; SANTANA, 2002, pág. 95).
Por isso salienta-se a popularização do museu, para que assim aconteça com mais intimidade o conhecimento do passado, possibilitando através das visitas, visualização da história do século XIX, e por conseqüência concretização da aprendizagem.
Não basta somente ter projetos pedagógicos de acordo com a realidade da sociedade, é necessário instigar para perceber o que o município tem a oferecer para contribuir a formação dos cidadãos que pertencem à cidade.
Notasse a falta de conscientização da sociedade local sobre os bens culturais que possuem, do mesmo modo observas-se que as autoridades políticas preocupam-se com a conservação dos prédios históricos. Porém não investem numa sensibilização da população, para que a mesma além de reconhecer um bem material, também tenha a capacidade de perceber que todo e qualquer patrimônio é dotado de história e faz parte de sua própria identidade e formação cultural.
O autor Horta; Grumberg; Monteiro, 1999, pág.06 cita o princípio básico sobre Educação Patrimonial:
Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho de Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto desses bens, e proporcionando a geração de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. (HORTA; GRUMBERG; MONTEIRO, 1999, pág. 06)
Baseando-se nas palavras do autor torna-se muito coerente dilatar a história da população local para que reconheçam e se orgulhem do passado, revitalizando a cultura e a história pertencente aos jaguarenses.
É necessário que os moradores da cidade conheçam a biografia do Dr. Carlos Barbosa para que assim a divulguem, pois museu é um espaço de celebração de valores, de construção de identidade, de pesquisas e reformulação de conhecimentos e que tem a missão de transmitir a cultura, tornando-a mais concreta e muito mais fácil de ser absorvida.
Conclusões:
Há necessidade de sublinhar o que temos de melhor e belo, através da Educação Patrimonial, venerar a diversidade da nossa cultura, preservado-a para que nunca se perca ao longo dos tempos.
É fundamental o apoio dos órgãos governamentais para reavaliarem os Projetos Políticos Pedagógicos das escolas municipais, assim como a aliciação e interesse da população para a ampliação da cultura histórica de jaguarão. Bem como o incentivo para atividades docentes dirigidas a construção de saberes, pois através da história evidenciada no Centro Histórico será possibilitado um maior e diversificado aprendizado, proporcionado que os estudantes identifiquem suas próprias raízes e heranças culturais.
Logo adaptar os Projetos Políticos Pedagógicos e inserir a sociedade local na reconstrução da sua própria cultura resultará no êxito de difundir e visualizar o vasto legado cultural. Assim como já diz o grande autor Paulo Freire:
"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo". (FREIRE, Paulo; 1985)
Referências bibliográficas:
FREIRE, Paulo, Faundez A. Por uma Pedagogia da Pergunta, Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1985.
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras, GRUMBERG, Evelina, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN/ Museu Imperial.
PELLEGRINI FILHO, A. Ecologia Cultura e Turismo. Campinas, SP: PAPIROS, 1993.
STARLING, Mônica B. de L. e SANTANA. Metodologia de Projetos: Patrimônio Cultural, Currículo de Ensino Médio In. Minas Gerais. Secretária do Estado da Educação. Reflexões e contribuições para Educação Patrimonial. Belo Horizonte: SSE/ 2002.