MULTIDÃO
Por Maria Estela Ximenes | 18/12/2012 | CrônicasMULTIDÃO
A música “Mais um na multidão” do cantor Erasmo Carlos me fez refletir sobre a palavra multidão, que obviamente não cabe definir nesta crônica. Me detive na frase porque acho a multidão um mistério.
Multidão remete turbulência - pessoas inseridas nos shoppings centers, restaurantes, filas, cinemas, teatros, elevadores, ruas, ônibus, trem. Na multidão, objetos se perdem, mas sentimentos podem ser encontrados.
Para algumas pessoas, ficar na multidão pode desencadear distúrbio, como agorafobia, medo de sentir pavor diante de espaços abertos ou no meio de uma multidão. Para outras, a multidão dá a sensação de que não estamos sozinhos.
Há pessoas sensíveis que observam em volta; essas, são capazes de captar nuances nos aglomerados; esbarram com sutileza e desenvoltura.
É como se surgisse uma dança entre parceiros; que gradualmente, vão formando pares na multidão.
Quando o fluxo da multidão fica intenso, a dança de parceiros se estreita, o olhar se apega e afinidades vão fluindo. E, mesmo na multidão, você enxerga o ser especial - a mãe enxerga os filhos, amores se enxergam na multidão.
E a pessoa deixa de ser mais um na multidão: torna-se um ser único, essencial.