Mulher gente boa

Por Luciana Vidal | 18/09/2008 | Crônicas

MULHER “GENTE BOA”

 

Meu amigo é um cinqüentão charmoso com jeito de moleque. Um cara alto-astral, criativo e de raciocínio rápido, que faz jus ao apelido de corisco (raio que cai do céu, trovão, relâmpago).

 

Mulherengo por natureza, passou a vida colecionando amores, mas nunca se prendeu a nenhum. Quando mais jovem, era figurinha carimbada na zona. Agradava tanto as mocinhas de “vida fácil” (ou difícil?) que logo se tornava amigo delas. Emprestava carro, guardava o dinheiro desviado dos cafetões, ouvia as reclamações dos programas mal sucedidos, enfim, tinha passe livre no submundo da prostituição. Em cada noitada, ensinava e aprendia com elas. Bebia e “comia” de graça.

 

Mas um grave acidente mudou completamente o rumo de sua vida. Durante vários meses, conviveu com o pesadelo de que “talvez” nunca mais voltaria a andar. O médico recomendou sessões de fisioterapia, na tentativa de reverter o quadro.

 

A profissional contratada logo tratou de animá-lo, dizendo que conhecia um especialista “fera” no assunto e que ele poderia, sim, recuperar os movimentos das pernas. Resultado: seguiu o tratamento direitinho, voltou a andar e ainda fisgou o coração da fisioterapeuta. Ou teria sido fisgado por ela?

 

Pouco tempo depois, ele e seu “anjo da guarda” juntaram os trapos, os filhos de relacionamentos anteriores (um dele e dois dela) e formaram uma bela família, com direito a cachorrinho de estimação e tudo!

 

Dias atrás, conversando com meu ex-boêmio amigo, ele me disse:

 

- Lu, tem uma doutora dando mole pra mim.

- É? E você?

- Ah... Se fosse em outra época eu chegava junto!

- E agora?

- Não dá. Minha mulher é muito “gente boa”.

 

Em outras palavras, meu querido amigo quis dizer: “Sou apaixonado pela minha esposa e ela não merece isso”. Confesso que senti uma pontinha de inveja da fisioterapeuta “gente boa” que ele arranjou. Pela transformação que fez na vida do meu amigo, ela deve ser muito boa mesmo!

 

Depois da nossa rápida prosa, fiquei pensando: Será que estou sendo “gente boa” pro meu marido também? Seria esse o segredo da tão sonhada fidelidade matrimonial?

 

Não sei...

 

E você? Está sendo “gente boa” pro seu?