Muito carnaval, pouca serpentina.
Por Ivan Postigo | 26/01/2010 | AdmÉ estranho o fato de que o homem, um ser racional, tenha dificuldades para tratar da divisão do trabalho, ainda que defenda essa tese.
O aproveitamento, adequação e uso dos melhores talentos e vocações têm sua raiz na divisão das tarefas.
A velocidade do mundo moderno é um dos argumentos para que negligenciemos o fato, quando na realidade a imperfeição da execução leva à repetição, ao desperdício e à perda de tempo.
Animais e insetos obedecem a essa simples regra, mas nós, orgulhosos de nossa independência e soberania, quantas vezes não a negligenciamos?
Não acredita nesse fato?
Vamos a uma reflexão muito simples:
Você deve ter participado de inúmeras reuniões nas quais os debates foram acirrados, farpas foram trocadas e acordos foram feitos. Para avaliar o progresso, novo encontro foi marcado.
Em data futura, sem espanto, muitos que já esperavam, constataram que entre as duas reuniões nenhum avanço foi conseguido.
Novos debates se seguiram até que alguém propôs acabar com as reuniões, pois os encontros não levavam a lugar nenhum. Estavam apenas perdendo tempo.
Situação irônica, pois um dos maiores talentos do homem é a capacidade de materialização de idéias, pensamentos e sonhos.
É verdade que delegar um trabalho e não tê-lo pronto na data, porque o colaborador não seguiu as instruções, é complicado, mas, havendo tempo, deixá-lo desenvolver seu próprio “solo” pode nos surpreender consideravelmente.
O que fazer então com as reuniões?
Ao convocar as pessoas temos que ter em mente que “deliberar é tarefa de muitos, agir é tarefa de um só”.
Reuniões servem para estabelecimento de acordos, compromissos, direcionamento de questões estratégicas. Cobranças e dúvidas devem ser tratadas operacionalmente.
Ao reunirmos pessoas estabelecemos as tarefas, delegamos e investir pessoas de autoridade para que as cobranças sejam feitas.
Tarefas devem ter procedimentos, datas de conclusão e conseqüências.
Ninguém salta de paraquedas, negligenciado as regras, sem conseqüências. Outras tantas coisas na vida também são assim, porque não deveriam ser as ações organizacionais?
Dois aspectos devem nortear os participantes: Objetividade e comprometimento, pois fazem milagres.
Como consultor vejo e estudo planos, que se arrastam por longos períodos, sem as correspondentes ações.
Em uma oportunidade, ao recompor a estrutura de capital de uma empresa, seus gestores se mostraram espantados com o tempo decorrido entre o esvaziamento do caixa e sua recomposição com recursos do BNDES.
Diziam: - Meia década de total desconhecimento!
Uma vez resolvido pequenos detalhes para obter as certidões negativas os apoios do meio financeiro excederam as expectativas e em menos de seis meses a empresa respirava aliviada.
Gostaria também de ficar espantado, mas a experiência nos mostra que a falta de divisão do trabalho oculta conhecimentos.
Você ao tratar de uma questão ou sugestão pode optar por fazer duas perguntas. A escolha dirá muito do seu modo de agir.
1) Poderá perguntar por que fazer assim, descartando idéias novas, ou
2) Poderá perguntar por que não fazer assim, aceitando avaliar oportunidades.
Ainda que tenha que tratar de conceitos com os quais não tenha intimidade aja.
Diz um ditado:
“Quando uma dúvida surge e não agimos esta cresce, quando o fazemos crescemos nós”.
Dúvida e ação não combinam, contundo é importante não confundir ação com movimento.
Para materializar nossos projetos precisamos de mais serpentina e menos carnaval!
Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Autor do e-book: Prospecção de clientes e oportunidades de negócios
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
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