Movimento

Por Cátia Martins Bernardes Lenzi | 11/10/2016 | Educação

         O movimento é a chave da vida e existe em todas as formas que esta se apresenta. É uma necessidade básica do organismo, representada no desafio pela sobrevivência.

         Há duas tendências extremistas quanto à análise de movimentos, uma organicista, que considera o movimento como o resultado final da atividade de três sistemas: o sistema piramidal, efeito do movimento voluntário ideocinético; o sistema extrapiramidal, que assegura a atividade automática-teleocinética, e o sistema cerebeloso, regulador da equilibração do movimento; a outra, psicogenética, que minimizando os aspectos neurofisiológicos, considera o movimento como elemento determinante dos processos psíquicos.

         A explicação do movimento não pode ser satisfeita por uma visão anatômica ou mecanicista que se prenda a estudar os ossos, articulações e os músculos; não queremos desprezar os conhecimentos anatômicos e fisiológicos, contudo não podemos esquecer que a vida, como campo de nossas experiências adquiridas, constitui uma sucessão ininterrupta de atitudes corporais e de movimentos expressivos e quantitativos (BERGÉS, 1967 apud TANI, GO et al, 1988).

         Os conhecimentos anatômicos e fisiológicos serão úteis quando considerarem que o fundamento da execução do ato motor é atingir um objetivo, um fim (VIAL, 1972 apud TANI, GO et al, 1988) mesmo quanto à psicologia e a fisiologia não pretendendo olvidar um separativismo, mas como o movimento não resulta da integração de estímulos isolados, de uma perspectiva funcional, não podemos aceitar o movimento sendo regido por uma linguagem científica que leva as concepções espaços-temporais newtonianas e aproximações fisiológicas do tipo cartesiano, ou o corpo considerado como máquina posta em movimento por um psiquismo que habita o cérebro. A simples descrição e exposição formal são insuficientes para explicar a problemática comportamental atinente ao movimento. Nem o dualismo metódico psico-fisiológico serve para equacionar a inumeralidade de significações do movimento.

         O movimento humano não se desentola independente do seu consciente; o indivíduo quando está em movimento não é um expectador desinteressado, como afirma BUYTENDIJK apud TANI, GO et al, 1988.

         O movimento não é exclusivamente objetivo, não é somente aquilo que se vê; inúmeros outros aspectos escapam à simples observação.

         O movimento humano não se pode medir, porque nenhuma escala pode satisfazer a interpretação das significações, as implicações anteriores e posteriores do comportamento.

         Não nos podemos satisfazer ou contentar com descrições de movimentos; temos que procurar as relações e os determinismos biopsicossociais que presidem a elaboração motora do ser humano, nem mesmo levar em consideração fatores de eficiência e rendimento.

         A ciência analítica pode predizer os movimentos de uma máquina, mas não os movimentos do homem. Somente "a posteriori" se podem indicar os elementos que contribuíram para a realização do movimento. Não se pode esquecer que a causa do movimento está fora do indivíduo.

         É pelo movimento que o envolvimento atinge o pensamento. "Assim como é inconcebível perceber o homem sem também é inconcebível perceber o homem sem envolvimento".

ASPECTOS BIOLÓGICOS DO DESENVOLVIMENTO E O MOVIMENTO HUMANO

         O movimento é uma propriedade inerente aos organismos vivos. O movimento está relacionado com uma propriedade da vida; a mudança. Quer ao longo da existência, gerações, espécies, há mudanças.

         Os mecanismos internos são responsáveis pela organização e realização do movimento e suas relações com diferentes aspectos do comportamento. As funções do organismo são desempenhadas por diferentes componentes cada qual contribuindo para o funcionamento global do organismo.

"Biologicamente, o desenvolvimento pode ser caracterizado por três fases importantes para a Educação Motora: pré-puberdade, puberdade e pós-puberdade. Até o início da puberdade, o organismo encontra-se biologicamente imaturo e começa a sofrer transformações intensas que se completarão somente na pós-puberdade. Há aceleração no crescimento físico e no funcionamento dos sistemas vegetativos, que aumentam a capacidade da criança responder às demandas da atividade muscular. Comparativamente, o sistema nervoso encontra-se mais próximo da maturação plena, o que implica que a capacidade de processar informações relacionadas com o controle do movimento está mais desenvolvida do que a de promover os ajustes vegetativos para a atividade muscular". (PROENÇA apud TANI, GO et al, 1988).

         A Educação Motora para crianças pré-púberes deve enfatizar o desenvolvimento de habilidades e capacidades perceptivo-motoras, considerando as limitações impostas à performance pelas capacidades físicas. Pode-se dizer que a tarefa deve estar ajustada a criança e não a criança a tarefa. Durante a puberdade, deve dar atenção à criação de hábitos positivos frente à atividade motora, pois, sua prática regular previne enfermidades relacionadas à falta de atividade e também para o pleno desenvolvimento das funções fisiológicas do organismo.

         As crianças parecem ser capazes de regular a intensidade da atividade muscular de acordo com suas limitações. Por isso, quando ela estiver cansada, é preferível deixá-la descansar em vez de motivá-la a continuar a atividade.

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