Motim de egos
Por Romeu Willers | 11/03/2011 | PsicologiaMotim dos Egos
Questiono-me como as pessoas podem abrigar tanta diversidade de Egos. Parece que a psicologia humana é fragmentada. Em momentos somos religiosos em outros céticos. Bem humorados outro rabugentos e catastróficos. Em alguns momentos escutamos o tocar das cítaras dos anjos e em outros momentos, o latir furioso dos cães do inferno. Bem, o que eu penso de tudo isso? Nós temos Egos antagônicos. Se lutarmos contra essa diversidade é pior. É melhor deixá-los em paz. Aprendi algo com uma história nada convencional. Posso contá-la, pois ela perpassa a história da fragilidade da nossa psicologia e a riqueza de fantasia da mente humana. Em um relato escrito, um homem relatava como havia sido tentado. Quando namorava, se hospedava na casa da namorada. E que em um domingo de manha a sua namorada veio até seu quarto, abriu a porta e ficou olhando-o sensualmente. Ele sentiu a tentação, mas conteve-se e ela desistiu do intento. Ele teria se levantado ido olhar para onde tinha ido. Ele reparou com grande terror que ao lado de onde sua namorada tinha passado havia pegadas de um grande cão. Essas pegadas seriam as pegadas do próprio diabo que tinha usado a namorada para corrompê-lo. Depois disso ele tentava afugentar o pensamento, mas que ele não o deixara em paz. Eu vejo esse fato pelo prisma psicológico científico. Carl Young já predicava que a tudo que se resiste, persiste. No plano dos pensamentos e da psicologia eu não tenho nenhuma dúvida que isso seja verdade. Um pensamento intrusivo, ou seja, aquilo que nos esforçamos para não pensar, esse pensamento persiste.
O Superego moralista, do homem tentado, saiu aos socos com o Ego sensual, deve ter sido medonho. O Ego sentiu-se importante começou a atormentar. Ele conseguia energias com os pensamentos de aversão. Um círculo vicioso se instalou na mente. Podemos comparar com um cachorro perseguindo seu rabo. O pensamento energizou o Ego desprezado e gerou sofrimento. É antigo o provérbio "Quanto mais eu rezo mais o diabo me aparece". O que descobri então é que tanto o Ego quanto o Sofrimento são fantasmas de lençóis brancos, se forem apenas observados, aceitos, mas não hostilizados. A consciência e o autoconhecimento são os "caça fantasmas" mentais mais eficazes. Se tivermos consciência de nosso estado emocional a ordem volta a imperar. Spinoza grande filósofo assegurava "Um homem conduzido por suas emoções não é seu próprio senhor e vive a mercê da emoção". A emoção gera o pensamento e às vezes o pensamento gera a emoção. Se ficarmos tristes por um estímulo de tristeza externa, a emoção produzirá pensamentos tristes. Porém esses pensamentos tristes podem voltar depois que o estímulo já estiver no passado. Eles então alimentarão a emoção negativa e nos sentiremos tristes enquanto já poderíamos estar em uma emoção positiva.
A maneira como lidamos com os nossos egos, ou seja, nossos desejos e paixões é que determinam nossa felicidade. Alimentar cada um com uma proporção de ração de pensamentos. Podemos levantar a antiga questão se o pensamento determina a emoção ou a emoção o pensamento? Agora estou dando um banquete ao meu Ego literário enquanto o Ego da ignorância e do orgulho está definhando por falta de alimentos.
O Ego sensual não deve ficar raquítico. Segundo Freud se ele for muito recalcado ela se tornará em uma energia psíquica livre que desembocará em uma fobia ou pânico. Mas liberá-lo completamente vira depravação. Um filósofo alemão William Reich escreveu a "Revolução Sexual", em que exortava os jovens alemães a fazerem sexo. Dizia que era de miséria sexual que os alemães sofriam. Por serem tão intolerantes e megalomaníacos e terem aceitado o Nazismo com tanto entusiasmo. Os jovens de esquerda gostaram da idéia, mas não foram muito longe, a polícia secreta Alemã a Gestapo os pegariam. Será que teoria do filósofo estava certa? O que vemos hoje, revistas e sites pornográficos batendo recordes. Agentes de saúde distribuindo preservativos no carnaval. Por acaso a violência e intolerância está diminuindo? Eu acredito que teve muita repressão sexual, porem agora caímos no outro extremo. Estamos morrendo da cura e não da doença. Os alemães a reprimiram muito e por isso veio à tona a pior faceta do inconsciente que é a crueldade e desumanidade.
Não é liberando a sexualidade que seremos mais livres. Seremos livres se sabermos lidar com responsabilidade e agregar poesia a ela e não tratá-la como tabu. Está acontecendo um atentado moral à sexualidade. Ser sensual não é ser sexista. Somos sensuais quando dançamos, pintamos ou escrevemos. O terreno do sexo é muito amplo. Se nos entregarmos à libertinagem sexual nesse nosso mundo desacralizado o sexo virará vicio. Nem todos sabem o que é vicio. È tudo que não temos opção de deixar de lado. É o lado negativo do prazer, é a dependência. No primeiro momento nos gera um prazer e depois o desprazer e o sofrimento. Kierkegaard já afirmou que em uma sociedade sem Deus ou Deuses o vicio é uma fatalidade.
Não me lembro qual foi o doido que disse que estamos literalmente em uma guerra civil sexual. Eu achei isso uma doideira, coisa de crente louco, mas agora vejo que faz sentido, depois de algumas notícias que eu andei lendo. No Japão tem um gibi pornográfico em que pessoas são estupradas por polvos. Os Otakus são um grupo de jovens japoneses que se entregaram a parafernália eletrônica a ponto de não quererem ficar adultos. Querem ser Peter Pans para o resto da vida. Ao aparecerem os pêlos pubianos, eles os arrancam. Tem algo pior que não aceitar o amadurecimento do corpo? Pessoas que não se aceitam são as mais infelizes. Na mitologia grega só os cupidos eram eternas crianças. Os deuses Zeus e Afrodite eram adultos definidos, com os mesmos prazeres e paixões dos mortais.
Para complicar esse assunto tão delicado e até mesmo desconhecido, que é a sexualidade, a Internet e o ciberespaço têm parte fundamental. Bombardeio de informações que deixam os adolescentes atônitos. Eles conseguem acessar todas as informações e aberrações a cerca do assunto, mas não conseguem a mínima compreensão. Se um Nerd, ou um menino tímido não conseguir namorar por ter embotado sua sexualidade, é fácil compra-se uma lanterna em que se tira a tampa, e ela se torna uma vagina de silicone de silicone. Ora simplesmente vão perder a sensualidade, não terão habilidade para o sexo. Em um dos livros de Gabriel Garcia Marques, um personagem reconhecia que não tinha habilidade para o sexo. Até na idade média eu acredito que a cultura era mais sensual do que a de hoje. As mulheres árabes em meio à repressão sexual inventaram a dança do ventre, consideradas uma das danças mais sensuais do mundo. Nós brasileiros inventamos a dança da garrafa e o funk do cartão magnético. Nossa cultura é altamente sexista pornográfica e pior mercantilizada. A sexualidade foi racionalizada, empacotada e industrializada. Está a venda. A expansão da pornografia rouba das pessoas o seu senso de beleza. Destrói o que o que o ser tem de mais belo. Sem fantasia e ilusões a sexualidade vira um tumor maligno.
Para não desequilibrarmos a luta desses elementos mentais, devemos ter lucidez de entregarmos a liderança ao Ser Espiritual conectá-lo ao Deus do universo. Somente se entrarmos no pensamento divino saberemos nosso lugar no universo. Não será através do intelecto e de jornadas assustadoras aos recônditos da psicologia profunda que descobriremos o quanto de cada elemento emocional é adequado ter em nossa equação mental e espiritual. Somente quem é sensível e sábio saberá dizer Não quando a multidão diz "vamos". Poucos sabem o caminho da carne para o espírito.