Moleque de aromas, cores e sabores

Por Edson Terto da Silva | 16/02/2011 | Crônicas

Edson Silva

Passeando entre bancas e carriolas de frutas do Mercado Municipal e ruas do centro de Campinas, de repente me vi mergulhado em aromas e gostos da infância. O forte calor parecia acentuar cheiros de frutas frescas e nelas vejo milagrosos segredos da criação. Tanta variedade, cor, cheiro e sabor, embora a receita seja quase a mesma: semente germinada na terra fértil; água; ar; nutriente retirado do solo; folha tragando sol e transpirando orvalho, realizando a magia de respirar, mas ao contrário de nós, humanos, com poder de renovar o ar. A paciente espera pelas flores e enfim a transformação em deliciosos frutos.

Na viagem pelo mundo maravilhoso não economizo nenhum dos sentidos (visão, olfato, audição, tato e paladar). Verdes ou maduras, Laranjas reluzem ao sol, o aroma me faz sentir na boca gosto refrescante do suco gelado tão bem vindo na tarde abafado. Até parece que vejo gominhos em louco balé no copo que transpira gotas refrescantes. Nem dá tempo para pensar muito e invadem as narinas outros doces odores das Mangas, Goiabas e Carambolas maduras; do Abacaxi amarelinho, tão apetitoso, certamente mel em fatias. As coloridas e deliciosamente cheirosas Uvas parecem oásis refrescantes no fim de tarde de deserto.

Então, me vejo em imensas feiras-livres da infância, que quase não existem mais. O Caju de cheiro irresistível e de cores que vão do amarelo ao vermelho, passando pelo laranja. Romãs, Damascos, Jabuticabas, Pêssegos, Caquis, Figos, Abacates, Bananas, Pitangas, Cerejas e Ameixas. Cheiros marcantes de Maracujás, Peras e Morangos. Como esquecer da Maçã vermelha comprada por minha preocupada mãe após eu quase desmaiar na feira de minha infância? Volto ao Mercadão do Século XXI, mas sem conseguir desgarrar do passado e uma cena, com cor e cheiro em particular, faz lembrar meu pai. A família pede o caldo de cana com muito gelo.

Sinto o aroma do caldo de verde impar escorrendo para copos repletos de gelo. Por pouco não falo se a família não vai pedir pastel recheado com pedaço de queijo branco mal derretido. Parece que me vejo na companhia de meu pai, no Bar do Pachola, que ostentava como troféu a foto de meu xará, o jogador Edson Arantes do Nascimento, mundialmente conhecido como Pelé, Rei do Futebol. Antes de deixar o Mercadão, rendo-me a mais deliciosa tentação da tarde de verão. Vermelha e com aspecto mais que refrescante, vejo a Melancia e não penso duas vezes em pedir suco da fruta bem geladinho e refrescar minha eterna alma de moleque.

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré.

edsonsilvajornalista@yahoo.com.br.