MODALIDADES DE LEITURA: AS VÁRIAS POSSIBILIDADES DE LEITURA

Por Églei Trindade de Souza | 30/01/2017 | Adm

Leitura silenciosa, após certo domínio da escrita alfabética, é importante incentivar sempre essa prática, pois é fundamental, para que a compreensão do texto, esse contato individual entre texto e leitor quando suas habilidades, suas estratégias de leitura serão colocadas à prova. Leitura em voz alta, toda proposta de leitura em voz alta precisa fazer sentido dentro da atividade na qual se insere e o aluno deve sempre poder ler o texto silenciosamente, com antecedência, uma ou várias vezes. Leitura dramatizada, encontro entre a expressão verbal e a não¬ verbal na construção do sentido de um texto. Contribui para a desinibição do educando, para a expressão dos seus sentimentos, para o desenvolvimento da inteligência corporal. Leitura dirigida, solicitar, por exemplo, que o educando leia o trecho de que mais gostou que mais o emocionou, que transmitiu determinada ideia, etc. Leitura interrompida trata-se de interromper a leitura para fazer um questionamento a respeito das ideias e das características do discurso até então apresentado. Uma prática importante principalmente quando se está lendo um texto razoavelmente longo. Leitura colaborativa, atividade em que o professor lê um texto com a classe e, durante a leitura, questiona os alunos sobre as pistas linguísticas que possibilitam a atribuição de determinados sentidos. Ler algum livro muito interessante e bonito para os educando é uma excelente forma de fazer esse tipo de leitura. Além de explorar oralmente os procedimentos de leitura, os conhecimentos linguísticos, textuais e do mundo dos alunos, essa prática desperta o prazer de ouvir textos e a curiosidade, seguida da vontade de fazer isso também. Além disso, os alunos precisam de bons modelos de leitores, dai a importância da leitura em voz alta feita pelo educador em diversas situações de todos os ciclos do ensino fundamental. E escolha da modalidade, lembrando que a leitura, como prática social é sempre um meio, nunca um fim. Ao planejar o trabalho, tenha clareza dos objetivos de cada procedimento e explicite isto para os alunos no momento da pré-leitura: ler para que? Para se divertir, para localizar informações, para saber mais, para tirar dúvidas, ler para escrever, ler para aprender a montar alguma coisa, para identificar a intenção do escritor e construir e reconstruir significados, ler para descobrir o que deve ser feito ou ler para revisar, buscando erros e inadequações? Salientamos que a necessidade de não se perderem de vista os objetivos gerais do ensino de língua Portuguesa ao elaborarem os planejamentos. As atividades de leitura devem estimular o prazer e a fruição do ato de ler, habilitando o educando a perceber a proposta do texto e sua intencionalidade, dotando-o da capacidade autônoma de compreensão e interpretação. Para tornarmos os alunos bons leitores, para desenvolvermos, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler e também ler para aprender requer esforço. Ler não é fácil, mas estudos mostram que é possível explorar na escola os diferentes tipos de texto que usamos no dia a dia. Afinal, ninguém lê uma noticia de jornal da mesma maneira que mergulha num romance. Ler, todo mundo sabe, está longe de ser uma tarefa fácil. Dá muito mais trabalho do que ver televisão, ouvir música ou pensar na vida. Qualquer leitura exige o domínio da língua e suas nuances, além do tempo e concentração, determinação e conhecimento sobre o tema (ou vontade para aprender e descobrir). Mas ler é o único jeito de se comunicar de igual para igual com o restante da humanidade, seja no tempo, por meio de textos escritos, por gente que já morreu, como Jean Piaget ou William Shakespeare, seja no espaço ao ver, em jornais, livros e revistas, o que japonês ou alemães acham de eventos que estão ocorrendo neste exato momento . E nos escritos que desenvolvemos outras culturas, que hábitos e histórias diferentes se revelam para nós, que compreendemos, de fato, o sentido da expressão diversidade (de ideias, vivências, sonhos , experiências). E por isso que ler é talvez a coisa mais importante que a escola tem a ensinar e não só aos alunos. Infelizmente, porém, muitos professores brasileiros não sabem como "embarcar” nessa expedição. A maior parte das escolas só trabalha com textos didáticos e literários e muitas vezes de maneira, burocrática, sem sentido para os alunos, afirma a pedagoga argentina Delia Dermer uma das maiores autoridades no tema. Mas nem todos são assim, ao contrário , ensinam corretamente. Afirma os PCNs (1997 , p.54)"[ ...] a leitura na escola tem sido , fundamentalmente, um objeto de ensino". Como se trata de uma prática social complexa, se a escola pretende converter a leitura em objeto de aprendizagem, deve preservar sua natureza e sua complexidade, sem descaracterizá-la. Isso significa trabalhar com a diversidade de textos e de contribuições entre eles. A diversidade textual é uma estratégia didática muito importante , sem ela pode-se até ensinar a ler, mas certamente não se formarão leitores competentes. Atualmente o conhecimento disponível a respeito de leitura, indica que não se deve ensinar por meio de práticas centradas na decodificação. Ao contrário, é preciso ensinar para os alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem que façam interferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem que verifiquem suas suposições tanto em relação à escrita, propriamente, quanto ao significado. Formar leitores é algo que requer condições favoráveis para a prática de leitura que não se restringem apenas aos materiais disponíveis, pois na verdade o uso que se faz dos livros e demais materiais impressos é o aspecto mais determinante para o desenvolvimento da prática e do gosto pela leitura. Segundo os PCNs (1997, p.69), "[...] são necessárias propostas didáticas orientadas especialmente no sentido de formar leitores". Assim sendo um leitor competente e alguém capaz de selecionar textos que correspondem a uma necessidade seu, que consegue utilizar estratégias de leitura adequadas para atender a essa novidade. Para tanto, formar um leitor competente supõe-se formar alguém que compreenda o que lê que leia o que não está escrito, identificando elementos implícitos, que estabeleça relações entre o que já leu com o que lê, que compreenda os vários atribuídos a um texto. Um leitor compreende só pode constituir-se mediante a prática constante da leitura de textos, a partir de um trabalho organizado em torno da diversidade de textos. Compreende-se por leitura o processo de construção de significados do texto para o qual colaboram autor e leitor. A leitura, portanto, é entendida como uma situação efetiva de interlocução leitor/autor, de reconstrução dos sentidos do texto pelo leitor, de exploração das propriedades discursivas e textuais. Um leitor competente deve compreender o que lê, aprender a ler elementos implícitos, estabelecer relações entre o texto que lê e outros já lidos, atribuir vários sentidos ao texto, justificar e validar sua leitura localizando elementos discursivos. Nesse sentido, a leitura é um processo que requer, que o leitor articule o tempo todo os conhecimentos que já possui sobre os aspectos envolvidos (o conteúdo do texto, o autor, sua produção e estilo, e o gênero) , as finalidades definidas para aquela leitura (ler para fruir, ler para estudar , ler para conhecer , ler para buscar informações , ler para se divertir, etc), e a compreensão do sistema de escrita . O leitor, portanto, é considerado um sujeito ativo que utiliza seus conhecimentos lingüísticos, textuais e todo seu conhecimento de mundo no processamento do que lê. Para Paulo Freire, leitura boa é a leitura que nos empurra para a vida, que nos leva para dentro do mundo que nos interessa viver. E para que a leitura desempenhe esse papel, é fundamental que o ato de leitura e aquilo que se lê façam sentido para quem está lendo. Ler, assim, para Paulo Freire, é uma forma de estar no mundo. Por isso, na escola a leitura deve ter várias funções, pois é diferente ler para se divertir, ler para escrever, ler para estudar, ler para descobrir algo que deve ser feito etc. Segundo os PCNs (1997), a leitura é sempre um meio, nunca um fim. Formar bons leitores significa encantar as crianças, enfeitiçá-los com o poder que vem dos livros. Mas isso não se forja com obrigações, muito menos com trabalhos sistemáticos de compreensão de textos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1991.

GADOTI, GADOTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1999.

LOPES, Adriana Teixeira ET.al. A arte de contar histórias. Salvador: Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação - FACED, 2002 .

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura pra a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1997. Palavras de encantamento. São Paulo: Moderna, 2001

MACEDO, Neusa Dias de. Biblioteca escolar brasileira em debate. São Paulo: Senac, 2005 . . SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. 194p.