DIII – “‘SECRETÁRIO GRUBBA’ E A ESCOLHA DO NOVO DELEGADO-GERAL: A IRONIA DOS DESTINOS DOS DELEGADOS NILTON ANDRADE E ALDO PINHEIRO D’ÁVILA!”
Por Felipe Genovez | 11/07/2018 | HistóriaPROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Data: 21.12.2010:
No sítio da Polícia Civil a relação dos novos Delegados Regionais, muitos deles, apesar de novos, excelentes profissionais... (data do acesso 03.01.2011):
“Florianópolis - O Secretário da Segurança Pública e Defesa do Cidadão, promotor de Justiça César Augusto Grubba, definiu nessa quarta-feira (29) os nomes dos 30 Delegados Regionais de Polícia (DRPs) que assumem os cargos a partir do dia três de janeiro próximo. Também foram definidos os nomes dos diretores dos órgãos vinculados à Polícia Civil. De acordo com o secretário Grubba, o perfil adotado para a escolha desses profissionais foi técnico com condições de gerenciamento das unidades policiais. Também foi definida a data de transmissão de cargo do Secretário e posse dos novos diretores. A solenidade acontecerá no dia 05 de janeiro de 2011, às 17 horas, no auditório da Academia da Polícia Civil. Delegado Geral da Polícia Civil - Aldo Pinheiro D’Ávila; Delegado Geral Adjunto - Valério Alves de Brito; Diretor de Polícia do Litoral - Artur Niltz; Diretor de Polícia do Interior - José Rogério de Castro Filho; Diretor de Polícia da Grande Florianópolis - Nivaldo Claudino Rodrigues; Corregedor Geral da SSP - Ricardo Feijó; Corregedor da Polícia Civil - Nilton de Andrade; Academia da Polícia Civil - José Airton Stang; Ouvidor de Polícia – Ricardo Lemos Thomé; Delegados Regionais de Polícia - São José - Sandra Mara Pereira; Joinville - Dirceu Augusto Silveira Júnior; Blumenau - Rodrigo Emanuel Marchetti; Itajaí - Rui Garcia; Tubarão - Renato Sardagna Poeta; Criciúma - Jorge Luiz Kock; Jaraguá do Sul - Uriel Ribeiro; Araranguá - Luiz Vanderlei Sala; Laguna - Manoel Silveira Teixeira; Brusque - Francisco Ari Plantes dos Anjos; Balneário Camboriú - Magali Nunes Ignácio; Palhoça - Gisele de Farias Jerônimo; Rio do Sul - Patrícia Maria Zimmermann D’Ávila (esposa do novo Delegado-Geral); Lages - Luciana Rodermel; Mafra - Osmar Simplício de Amorim; Caçador - Luiz Antônio Piazzon; Joaçaba - Ademir Tadeu de Oliveira; Chapecó - Tatiana Klein Samuel; São Miguel D’Oeste - Ricardo Newton Casagrande; Concórdia - Luiz Augusto Büchelle; Xanxerê - Aden Claus Pereira; Canoinhas - Rui Orestes Kuchnir; São Bento do Sul – Ângela Teresa Roesler; Ituporanga - Edson Antunes Jacques; Curitibanos - José Henrique da Costa; Porto União - Sirlei Gutoski; Videira - Igor Siqueira de Araújo; Campos Novos - Altair Sebastião Muchalski; São Joaquim - Jose Carlos Garcia; São Lourenço D’Oeste - Carlos Augusto de Andrade Morbini.
Data: 04.01.2011, horário: 10:25 horas:
Estava na minha sala na Corregedoria da Polícia Civil quando chegou o Delegado-Corregedor Nilton Andrade para mais uma conversa e, também, para desejar “Um Feliz Ano Novo”. Era engraçado, ou melhor, parecia engraçado, mas Nilton Andrade naquele nosso convívio tão próximo (vizinhos de salas) se revelava uma boa pessoa e dedicada, além de dotado de sensibilidade e espiritualidade singulares, discrição e, principalmente, a impressão que era do bem.
Logo de início parecia feliz com o meu retorno às atividades correcionais, não por obrigação, deferência, cortesia, mas, verdadeiramente, por empatia e por conhecer a história de vidas dentro da instituição, especialmente, considerando que a Polícia era muito pequena e no plano interno todos acabavam sendo extremamente “visíveis” aos olhos dos seus pares.
Logo que se sentou Nilton fez um relato sobre o que lhe aconteceu no último sábado, cujos fatos eram dignos de registro para os anais da história policial:
“(...)
- “...Eu estava caminhando na praia, lá em Itapema, o meu sogro tem casa lá, eles são de Joaçaba. Bom, eu estranhei que não tinha recebido nenhuma ligação no celular naquela tarde, mas sabe como é que são esses celulares novos da Secretaria, tinha recebido na sexta e ainda não estava adaptado com o aparelho. Quando voltei da caminhada estranhei o fato de não haver registro de nenhuma ligação e aí quando fui conversar com meu filho ele pegou o celular e viu que estava no silencioso... Acho que toquei em algum botão no aparelho sem querer e acabou indo para o silencioso. Bom, eu fui ver tinha oito ligações naquele sábado à tarde. Tu sabias que o Paulo Koerich enfartou? Parece que eles têm um histórico familiar. Eu sei que tinha ligação do Valério, ligação do Grubba, tentaram me achar no sábado a tarde. Depois eu soube que o governador Colombo tinha acertado com o Grubba para que desse o nome do Delegado-Geral até às dezesseis e trinta. Eu fui ver e a última ligação foi à treze e trinta. Então, tu vê, Felipe, como é que são as coisas, não era para ser mesmo. Da primeira vez que o Grubba me convidou eu não aceitei, fiquei assim por causa do Ademir, mas depois ficou tudo acertado entre nós e aí já não tinha mais problema de eu aceitar o cargo. Então, se eu tivesse recebido a ligação dessa segunda vez eu teria aceito porque já estava tudo acertado entre nós. Olha, como é que pode, o celular estava no silencioso e eu não vi as ligações... Depois vi o nome do ‘Aldinho’ para o cargo de Delegado-Geral. Escuta, não tem que ser ‘Especial’ para ser Delegado-Geral? Eu lembro que em dois mil e sete quando assumi aqui eu conversei como o ‘Moreto’ e ele me disse que tinha que ser ‘Especial’”.
Interrompi:
- “Não é mais. Não precisa ser mais ‘Especial’, depois da emenda do ‘Heitor Sché’, lembra, foi naquele caso para beneficiar o Maurício Eskudlark e que acabou favorecendo o Lipinski?”
Nilton me interrompeu:
- “Não, não, o ‘Moreto’ me falou de uma legislação de mil novecentos e noventa e sete, uma lei de reforma administrativa que mudou e que para ser Comandante-Geral da PM tem que ser um Coronel e para ser Delegado-Geral tem que ser um Delegado Especial, olha bem?”
Depois de ouvir aquela informação me comprometi de pesquisar o assunto e dar um retorno. Nilton voltou a reiterar que se tivesse atendido as ligações teria aceito o cargo de Delegado-Geral naquele sábado e eu aproveitei para brincar:
- “Bom, melhor os amigos do que os desconhecidos. Então tu vais continuar à frente da Corregedoria!”
Nilton meio que desajeitado respondeu:
- “É, eu não pedi, mas saiu meu nome na relação, então eu vou ficar mais um ano. Eu não quis dizer não para não dar a impressão que eu estava contrariado, desgostoso, sabe como é que é...”.
Concordei e Nilton fez uma colocação interessante:
- “Puxa, se eu tivesse atendido aquela ligação do Grubba eu teria aceitado o cargo, tantos projetos, né...?”
Concordei e fui fazer a tal da pesquisa no meu notebook e depois de alguns instantes repassei a LC 381/2007 que em seu artigo um, cinco, nove estabelecia que o Delegado-Geral seria escolhido dentre os dois últimos níveis da carreira de Delegado de Polícia.
Horário: 13:40 horas:
Estava subindo a Rua Álvaro de Carvalho (centro de Florianópolis), e passando em frente ao prédio da Delegacia-Geral (localizada em frente ao Banco “HSBC”), para minha surpresa avistei o Delegado e ex-Deputado Julio Teixeira sentado numa mureta de granito, conversando com o Agente Marlon. Como estava do outro lado da rua fiquei apenas olhando para Julio Teixeira a fim de cumprimentá-lo, mas o mesmo parecia teimar em não me ver (ou talvez realmente não tivesse me visto). Mas era engraçado ver Julio Teixeira gesticulando de maneira nobre, como se ainda estivesse no parlamento, só que parecia uma cena cômica porque estava na rua, à beira da calçada de pedestres, junto à porta de entrada da “Chefatura de Polícia”, por onde entrava “todo mundo”, proseando com o Comissário Marlon da Gerência de Fiscalização de Jogos e Diversões. Mas uma vez lamentei o fim triste, não de Julio Teixeira, mas da nossa Polícia porque estaríamos diante de mais uma década perdida, mais uma vez valendo o peso do efeito “boi-de-piranha” na corrida por cargos (digamos que todos ocupados por critérios “técnicos”).
Acabei me sentindo na pele de Nicolai Maquiavel escrevendo para seus “Lorenços” em Firenze... A impressão boa que ficou foi que Julio Teixeira parecia bem apessoado, usando uma camisa esportiva branca, calça jeans, bem barbeado, cabelos pretos, corpo bem balanceado, muito provavelmente, iria ocupar alguma função junto com o novo Delegado-Geral Aldo Pinheiro D’Avila, cuja família da esposa do mesmo (Delegada Regional Patrícia) era também de Rio do Sul, então, todo mundo em casa.