Mídia online e consumos
Por Sheila Alves de Farias Aguiar | 29/02/2012 | AdmMÍDIA ONLINE E CONSUMOS
ONLINE MEDIA THE CONSUMPTION
Sheila Alves de Farias Aguiar *
RESUMO
Este artigo tem por objetivo mostrar a influencia da mídia on line, em especial pelos sites de compra coletiva utilizando como base Groupom ®, ClikOn ® e Peixe Urbano ®, e sua influencia no consumo. Aborda a criação da internet, a inclusão digital e o quanto essas facilidades têm levado ao consumo exagerado, conforme pesquisas feitas pela RNP e IBOPE. Também relata o comportamento desse consumidor ante os estímulos.
PALAVRAS CHAVES: MÍDIA ON LINE. COMPRA COLETIVA. CONSUMISMO.
ABSTRACT
This article has the objective of showing the influence of online media, in special by the collective buying websites, using as base Groupon ®, ClickOn ®, PeixeUrbano® and it's influence. Approaches the creation of Internet and the digital inclusion and how these facilities has led to abusive consumption, according to researchers conducted by RNP and IBOPE. It also reports that consumer behavior before the stimuli.
KEYWORDS: ONLINE MEDIA, COLLECTIVE BUYING, CONSUMERISM,
Introdução
A mídia on line/Internet é uma ferramenta poderosa de comunicação, posto que ela proporciona diversas vantagens, tanto para as organizações como para o consumidor. Dentre as vantagens para as organizações, as principais são o raio de ação ilimitado e custos mais baixos, se comparados com os da mídia tradicional. Do lado dos consumidores, uma das vantagens consiste na facilidade de acesso aos produtos, pois um consumidor disposto a comprar pode estar em qualquer lugar. Dessa forma, as empresas estão cada vez mais utilizando a mídia on line para fazer negócios.
Ante essa realidade este artigo vem discutir o comportamento comum na sociedade feminina contemporânea, o consumismo, em busca da beleza estética, o que causa oneração no orçamento familiar. Tentando minimizar esse fato as mulheres buscam facilidades tais como a mídia on line através dos sites de compra coletiva, que são formas mais econômicas de compra. Por sua vez, esses canais negociam a venda para mais pessoas, conseguindo preços acessíveis.
A necessidade de investigar mais profundamente essa questão, na busca de respostas às indagações a respeito da influência da mídia online sobre a decisão de compra do consumidor feminino em estética, bem como as consequências que essa intervenção midiática traz para a esfera, justificam esse artigo cientifico.
Criação da Internet
De acordo com a Rede Nacional de Pesquisa, RNP- Instituto Tamis (1997) no final dos anos 60, por iniciativa do Departamento de Defesa do Governo Americano, pesquisadores de várias instituições dos Estados Unidos - EUA, foram encarregados de projetar um sistema informatizado de defesa adequado de combater a um ataque inimigo com armas nucleares. Surge, então, a Rede de Computadores[i] e, ao conjunto de tecnologias, chamou-se de Internet ou na época BBS[ii].
De acordo com Lemos (2003) nesse período nasce a cibercultura como a forma sociocultural que emerge da relação simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base micro-eletrônica que surgiram com a convergência das telecomunicações com a informática na década de 70.
Em 1980, o projeto original foi desmembrado em um ramo militar e outro civil, voltado para pesquisa e desenvolvimento na área de redes de computadores. Teve como apoio financeiro a National Science Foundation[iii] - NSF, disseminando o uso desses serviços na comunidade acadêmica americana, dobrando, assim, a quantidade de computadores.
A inserção da Rede no Brasil
A rede brasileira foi inserida pelo governo federal, através do Projeto da Rede Nacional de Pesquisa - RNP, criado em 1989, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, com apoio de instituições governamentais de vários estados, dentre as quais, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP.
Conforme Rabelo (2007), até o início da década de 90, a Internet era usada predominantemente por pesquisadores, professores, estudantes e especialistas da comunidade científica para troca de informações e desenvolvimento de trabalhos cooperados. A partir de 1995, a rede brasileira deixou de ser somente acadêmica, como já acontecera em 94, nos EUA, e empresas e indivíduos também passaram a usar os serviços da Internet, hoje tendo o incentivo .
O número de profissionais liberais que fazem uso da Internet conforme pesquisa da RNP, relata que, seja a serviço ou para uso pessoal, também vem aumentando. No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Publica e Estatística - IBOPE, em 2004, mostrou que:
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O mais recente relatório da empresa registra o crescimento do uso da banda larga e dos aplicativos de Internet como o principal destaque da Web brasileira em 2004. "O ano passado terminou com 5,3 milhões de usuários domiciliares navegando em alta velocidade, um crescimento de 20,5% em 12 meses", afirma Fabia Juliasz, diretora do IBOPE/NetRatings (2005).
Conforme a pesquisa realizada pela RNP e IBOPE, a Internet também foi considerada "o maior acervo de informações disponíveis publicamente" tornando-se o maior meio de comunicação. Essa expressão enfatizava o aspecto informativo da rede, consequência do uso de novos serviços, complementares aos serviços ditos básicos e voltados para a disseminação de informações ganhando um aspecto universal, bidirecional e de multimeios da comunicação propiciada pela ela.
O uso da Internet e Sites de Compra Coletiva
A forma de uso da Internet é muito simples, um computador, um meio de comunicação de dados, uma assinatura de um provedor de acesso, programas específicos para os serviços desejados e uma taxa mensal, afirma Rabelo (2007).
De acordo com o Globo Economia (2010), os sites de compra coletiva começaram a ganhar força nos Estados Unidos, em 2008. Em 2010, já existiam mais de 200 sites. Estes começaram a atuar no Brasil, em 2010, através da Empresa Estadunidense Groupon.com.br (ThePoint Incorporation), com ofertas em São Paulo. Alguns outros sites como o ClickOn.com.br, iniciaram suas ofertas com recursos estrangeiros. O Site Peixe Urbano.com.br foi o primeiro totalmente brasileiro.
Uma oferta com descontos aproximados de 75% e colocada no site por tempo limitado. Pessoas cadastradas tendo data estipulada e regressivas para aquisição efetivam a compra, imprimem cupom e obtém seu produto ou serviço indo ao local da oferta. Depois de cadastradas recebem via e-mails as diversas promoções
Demis (2004) relata que a grande mídia opera tanto por adesão ideológica à globalização, quanto por deter a capacidade única de interconectar o planeta, através de malhas de satélites, cabos de fibra óptica e redes infoeletrônicas. Afirma não crer existir outra esfera da vida cotidiana habilitada a interligar, em tempo real e on line, povos, países, sociedades, culturas e economias. A característica integradora é algo peculiar e intrínseco aos complexos de difusão. Eles concatenam, simbolicamente, as partes das totalidades, procurando unificá-las em torno de determinadas significações.
Consumismo
Conforme Ferreira (1999) descreve, consumismo é o sistema que favorece o consumo exagerado. Ou seja, a ação de consumir produtos e/ou serviços, indiscriminadamente, sem ciência de que podem ser maléficos ou danosos para a saúde ou para o ambiente.
Os motivos podem classificados ainda de duas maneiras: conscientes e inconscientes. Muitas vezes nossas ações são levadas por fatores que dizem respeito a motivos frequentemente estranhos, isto é, não são conscientes, o consumidor não tem ideia daquilo que é a sua necessidade. Cobra (1992 p. 224)
É importante perceber até em que ponto o consumidor tem consciência ou não das suas necessidades, quais os fatores que provocam estímulos ao indivíduo para reagir motivadamente à compra. Quando uma necessidade principia a tornar-se perceptível, entra-se num estado de motivação. Uma necessidade se assemelha muito a uma tensão, um desconforto que pode diminuir o estado de alegria do individuo, mexendo, assim, com aspectos psicológicos e físicos, o que o leva à atitude de compra.
O comportamento do consumidor através de estímulos
No campo psicológico é importante entender a maneira como os aspectos de dissonância[iv] cognitivos[v] afeta o indivíduo. A teoria da dissonância está relacionada intimamente com a teoria de motivação, incluindo quatro estágios, Cobra (1992 p. 224 e 225):
- Primeiro estágio – Uma pessoa, percebendo uma ponta de informação acerca de si própria, ou de seu meio ambiente, experimentará a tensão psicológica chamada dissonância cognitiva.
- Segundo estágio – O individuo, sofrendo tensão psicológica ou dissonância, reagirá tentando remover ou reduzir a tensão.
- Terceiro estagio – a carga de dissonância experimentada por um indivíduo através de cognições inconsistentes é a função importante da cognição.
- Quarto estágio – a dissonância ou tensão pode ser reduzia ou eliminada trazendo harmonia à informação dissonante, reduzindo a importância das cognições, ou por algum comportamento que remova a informação dissonante.
Uma pessoa pode mudar sua opinião, seu comportamento através de mudança de informação ou estímulos sobre ela, e pode, ainda, distorcer sua percepção e sua informação sobre o mundo que a cerca. Dessa maneira, as estratégias de marketing podem ajudar a diminuir, ou mesmo, em alguns casos, a incrementar a tensão.
A beleza e o consumo
Wolf (1992) relata que os sacríficos pela beleza sempre houve, no entanto, só a partir dos anos 60, que a magreza passou a ser avaliada como “padrão de beleza”. Durante as décadas de 40 e 50, Marilyn Monroe e Elisabeth Taylor chamavam todas as atenções com curvas sinuosas. Esse modelo de mulher emplacou sem contestações até os anos 60, quando surge a modelo Twiggy[vi] e altera os padrões de beleza: magérrima, tinha o frescor da juventude. Para conservar o ideal de corpo adolescente, era preciso muita dieta e exercícios, conforme pregavam as revistas femininas.
No Brasil, ao longo dos anos 90, tenta-se ao máximo reproduzir sem muito êxito, o estilo das passarelas europeias e como ideal feminino: as magricelas francesas. Os desfiles internacionais glorificavam a “mulher cabide”: cheia de ossos, pernas finas, e braços que deviam cair junto com os quadris, a chamada top model do prët-a-porter (não tinha quadris, nem glúteos).
[...]entende que o consumo é um conjunto de processos sociocultural em que se realizam apropriações de produtos. Processos entre os quais se implanta a criação de necessidades artificiais, que partem das classes dominantes para as classes dominadas. Canclini (1990, p. 2)
O autor relata que o consumo também se configura como um grande espaço onde se formam as identidades coletivas e as diferenças entre as classes. Canclini (1988).
A Mídia de Massa
Com efeito, os conglomerados de informação e entretenimento exercem papel estratégico que diz respeito à sua condição peculiar de agentes operacionais da globalização, do ponto de vista da enunciação discursiva. Não apenas vendem e legitimam o ideário global, como também o transformam no discurso social hegemônico, propagando visões de mundo e modos de vida que transferem para o mercado a regulação das demandas coletivas. A retórica da globalização intenta incutir a convicção de que a fonte primeira de expressão cultural se mede pelo nível de consumo dos indivíduos e coletividades. Como se somente o mercado pudesse aglutinar o que se convencionou chamar de organização societária. Moraes (2004).
Wolf (1999) explica que “Mass media" é uma palavra inglesa que significa intermediário ou suporte de massas. Com a invenção dos satélites de telecomunicações e com a expansão da informática, os "media" transformaram-se em forças poderosas que não se limitam ao campo meramente informativo, mas tendem a modificar a mentalidade, a cultura e o comportamento do homem. Chegam de todo o lado, invadem o espaço e impõem as suas ideologias e os seus modelos culturais. Por vezes, cortam ou relegam para segundo plano o diálogo entre as pessoas.
Conclusão
Com o avanço tecnológico e as influencias da mídia on line, notou-se que o publico feminino tem sido bombardeado pelas estratégias comerciais no intuito de elevar as vendas, como esse publico mostra sua fragilidade pelos estímulos visuais estes através da internet reforça por meio dos sites de compra coletiva com suas apelações estéticas e preços acessíveis o consumo. A beleza vem sendo estudada e incentivada de todas as formas, seja mídia televisiva, periódicos assim como na internet, por tanto a mulher nessa busca pela beleza tem correspondido a esses encantos.
REFERENCIAS
COBRA, Marcos. Administração de Marketing. 2ed. São Paulo: Atlas, 1992.
CANCLINI, Nestor Garcia. As culturas Populares no Capitalismo. São Paulo: Brasiliense. 1983.
__________, Nestor Garcia. Los estudios sobre comunicación y consumo: el trabajo interdisciplinario em tiempos neoconservadores. Seminário de Estúdios de la Cultura. 1990.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. Totalmente revista e ampliada – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
LEMOS, André; CUNHA, Paulo (orgs). Olhares sobre a Cibercultura. Sulina, Porto
Alegre, 2003; pp. 11-23 Disponível em: < http://www.andrelemos.info/artigos/cibercultura.pdf>
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1990.
MORAES, Denis. Artigo cientifico: Mídia e Globalização Neoliberal. Disponível em< http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/contracampo/article/viewFile/14/13> em 28/01/2012 as 19:23
RABELO, Joao. Introdução À Informática e Windows Xp - Fácil e Passo a Passo! Ed. Ciência Moderna. 1 Ed. 2007
REDE NACIONAL DE PESQUISA – RNP - Instituto Tamis, Popularização da Internet: introdução ao uso de correio eletrônico e web. 1997
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia; tradução Wagner de Oliveira Brandão. Petrópolis –RJ: Editora Vozes, 2002.
WOLF, Naomi. Tradução de BARCELLOO, Waldéa. Mito da Beleza - Como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de Janeiro – 1992.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação - Mass media: contextos e paradigmas, novas tendências, efeitos a longo prazo, o newsmaking. Ed. Presença. Tradução: Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Lisboa, Setembro, 1999.
Web:
http://oglobo.globo.com/economia/saiba-como-funcionam-os-sites-de-compras-coletivas-2977481, 2010 por 21-01-2012 as 14:31 por Ana Paula Cardoso
http://www.mundotecno.info/opiniao/sites-de-compra-coletiva-fazem-seu-impulso-consumista-aumentar-cuidado, 21-01-2012 as 14:31.
http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=caldb&comp=pesquisa_leitura&nivel=Not%EDcias%5CPress%20Releases%5C2005&docid=D249E3EFDA38F5C583256FB100601BB4. Na seção: Internet, Noticias, IBOPE, Nielsen On Line- Releases\2005
Data de publicação: 23/02/2005. 26/01/2012 as 10:42
[i] Interligação de computadores
[ii] Um bulletin board system (BBS) é um sistema informático, um software, que permite a ligação (conexão) via telefone a um sistema através do seu computador e interagir com ele, tal como hoje se faz com a internet, 1978 Chicago.
[iii] É um dos órgãos dos Estados Unidos (agência do governo) que apoia fundamentalmente pesquisas e educação
em todos os campos não-médicos da ciência e engenharia .
[iv] A Teoria da Dissonância Cognitiva foi desenvolvida por Leon Festinger a meio do século XX. Ele define a Dissonância como uma tensão entre o que uma pessoa pensa ou acredita e aquilo que faz. Cobra (2007) define como um estado mental que leva o individuo a tentar reduzir qualquer carência ou deficiência que estabeleça uma analogia associada as cognições.
[v] Qualquer conhecimento, opinião ou crença do ambiente, si próprio ou de comportamento, é um posicionamento do individuo dentro do seu meio ambiente psicológico.