Meu Ego
Por Tomaz Almeida | 31/01/2007 | ContosMinha vida profissional sofria com as adversidades da má fase; Dura realidade. Mais um dia de minha vida insignificante, mais uma jornada de trabalho insignificante, de um dia insignificante; quanta insignificância. Levanto cedo, pra ser exato ás 05h30min da manhã, tudo escuro ainda, o ar gélido da madrugada chuvosa que se passara, meu corpo acorda a partir do momento que abro meus olhos, o contato direto com o clima desacostumado; choque térmico.
Meus olhos molhados são interpretações da minha verdadeira face da vida indesejada. Meu trabalho é cansativo demais e não muito bem remunerado, sou um policial; arrisco minha vida por poucos tostões.
E quando chego, à primeira missão do dia, o que já era rotina, fazer uma ronda na pequena cidade. Pego meu velho carro e vou só pelas ruas, algo inusitado acontece difícil de acreditar, a não ser talvez que seja verdade o que os meus olhos vêem. Seu nome era Marisa, minha namorada, saindo da casa de um conhecido, chamado Raul; soltei do carro e fui tirar satisfações; perguntei a ela se eu não fazia a lição de casa direito, Raul sorriu ironicamente e disse que ela só gostava dos melhores não só em dinheiro, aquilo me ofendeu de tal maneira que saquei minha arma na cara do ordinário, Marisa deu uma tapa na minha cara e disse que já estava com Raul á bastante tempo, e que eu era só um brinquedo nas mãos dela, ambos deram gargalhadas na minha frente, entrei no carro com o ego ferido, me senti traído; meu orgulho se foi como uma bala se perde no ar.
Depois da jornada de trabalho, cheguei a casa e peguei uma gelada no freezer, o telefone toca, atendo, é Marisa, iria desligar o telefone na cara dela, porém se não fosse à ocasião na qual ela se encontrara; sua voz estava trêmula, estava chorando, estava tão desesperada como se tivesse pra morrer, fiquei sem saber o que fazer, ela disse que tinha alguém querendo acertar as contas com ela, a princípio pensei que era mais uma sacanagem da mesma, mas quando caí em si percebi que se tratava de algo realmente sério; difícil de acreditar.
Saí de casa o mais rápido que pude, cheguei à casa de Marisa e não gostei do que vi, o chão estava cheio de sangue, minha bota se sujou com o suposto sangue, a porta estava aberta e entrei o corpo de Raul no chão todo dilacerado, peguei minha arma e coloquei em posição de tiro, vou vasculhando os cômodos e não encontro nada a policia chega ao local e eles mandam eu me deitar no chão, fiquei sem saber, eles me disseram que sabiam da discussão e que Marisa deu queixa de homicídio na delegacia horas atrás, como se ela me ligou há meia hora?
A não ser que tenha cido uma gravação, pensei. Fui indiciado e levado pra julgamento, peguei cerca de 30 anos de reclusão sem auxilio habeas-corpus na prisão estadual; estava na cena do crime, sofri uma conspiração, tudo premeditado, agora despertou em mim um desejo de vingança... 30 anos depois... Saí da cadeia com 55 anos de idade, perdi meu emprego, perdi minha vida insignificante, que apesar de ser senti falta, hoje sou um homem que sai da cadeia com um único objetivo, vingança; maquinei tudo isso e nunca me esqueci, meu ego falará mais alto dessa vez. Com meus dotes de investigador comecei a pesquisar o paradeiro de Marisa, alguns vizinhos antigos dela me disseram que ela foi pra casa da mãe depois de se casar com Raul, fiquei boquiaberto, não entendi bulhufas de nada, fiquei perdido no tempo e no espaço, mas de quem será aquele corpo dilacerado há 30 anos atrás?
Perguntei a mim mesmo, levei as mãos à cabeça e me senti um louco, fiquei atordoado durante dias, tomei coragem e fui até onde ela se encontrara, peguei minha pistola e pus o pé na estrada, a mãe de Marisa residia na cidade vizinha, fui além de uma vingança buscar respostas; determinadamente. Chegando lá vejo uma casa bem elegante, carros de luxo, muitos empregados, ela não tinha tanto dinheiro assim; pensei. Para entrar na casa precisava me infiltrar, dei uma coronhada em um dos empregados de Marisa e tomei suas roupas e me vesti, era noite quando entrei pela porta dos fundos, estava procurando por ela, os empregados não moravam lá exceto os dois seguranças que estavam no portão principal, não havia risco de algo dar errado; pura sorte.
Ela estava em um dos cômodos entrei de súbito e com violência ela se assustou e eu disse que se ela gritasse e mataria sem exitar, ela lembrou de mim e tentou me comprar me ofereceu dinheiro pra deixá-la viver, apontou o cofre e disse que tudo que estiver ali será meu se eu a libertar, perguntei de quem era o corpo do indivíduo a 30 anos atrás, ela me disse que era de um magnata na qual ela mantia relações amorosas, eu servi de intermediário no crime, dado como assassino, perguntei do casamento com Raul e Marisa disse que ele não era homem pra ela, o matou depois do casamento, quando o mesmo reinvidicou sua parte da fortuna do magnata; fêmea fatal. Porém tinha uma carta na manga, eu disse que a libertaria após ela abrir o cofre que contem cerca de Um milhão e meio de reais, ela abriu o cofre, eu sorri, engatilhei a arma, ela implorou,eu atirei sanguinariamente, peguei o dinheiro e sai pelo mesmo lugar no qual eu entrei, desapareci no mapa, criei uma nova identidade, tenho uma vida nova, e nunca me arrependi da vingança que tive; meu ego falou mais alto dessa vez.