Meu amigo Danilo

Por Fernando Sequeira | 05/05/2016 | História

Há pessoas que passam na vida da gente quase que despercebidas, mas há outras que nos marcam para sempre.

Sempre tive poucos amigos, o principal na época da pré-adolescência chamava-se Danilo.

O conheci na época que eu ainda estudava no colégio Pôr-do-sol, esse era o nome da escola, localizada na Avenida das Belezas, que hoje tornou-se uma serralheria. Não há mais aquelas crianças vivaz e alegres como antes nesse lugar. Antes de fechar, o Pôr-do-sol teve outro endereço, próximo a Estrada de Itapecerica. Essa segunda localização era a que eu mais gostava, por ter mais árvores e plantas, as crianças tinham mais contatos com a natureza. Igualmente esse lugar tornou-se abandonado e nem sei se aquele pé de abacate que eu tanto adorava ainda existe.

Minha principal brincadeira na escola, na hora do recreio, era jogar pimbolim, foi assim que conheci o Danilo. Nesse jogo, fazíamos um par perfeito, sempre éramos desafiados e raramente perdíamos.

Esse meu amigo era muito inteligente, fazia estilingues e até carrinhos de controle remoto. Ele morava com a sua mãe e o seu padrasto, em uma casa alugada, não tinha irmãos, pelo menos naquela época.

Nossas brincadeiras eram muitas, assim como nossas travessuras, pós aulas. Andávamos de bicicleta, fazíamos trotes através dos orelhões, com os estilingues chegamos uma vez a estourar um vidro dianteiro de um automóvel e também assustar uma velha senhora tacando pedras em seu telhado. A gente paquerava as garotas bonitas. Quando brigávamos logo fazíamos as pazes. Fazíamos trabalhos escolares todas as vezes juntos. Fizemos muitas coisas, tudo o que a juventude precisa fazer

Mas aos poucos começamos a nos distanciar. Devido as condições financeiras do meu pai na época, ele resolveu me tirar do Pôr-do-sol, que era um colégio particular e que eu estudei até a sexta série e eu fui estudar em um colégio estadual, até concluir o ensino médio. Foi aí que esse ciclo de amizade começou a acabar e se inicia um novo ciclo em minha vida. Tudo na vida tem seus ciclos: começo e fim.

Após eu ter saído, Danilo foi me visitar em minha casa pela última vez. Depois nunca mais o vi. A última casa que ele morou de aluguel e que eu entrei lá diversas vezes hoje está à venda. Não possuo nenhum modo em que eu possa encontra-lo, nenhuma forma de contato, não lembro ao menos o seu sobrenome, assim como todos os meus outros colegas de escola e professores. A única coisa que eu lembro é exatamente como a nossa amizade foi verdadeira.