MEU AMIGO COMENDADOR

Por Marcelino Rodriguez | 31/03/2017 | Crônicas


Marcelino Rodriguez
 
de encontrar no paraíso. Disse-lhe já isso uma vez. Lembro-me que recém chegado na cidade, via o programa e achava engraçado o estilo dele, único, ora doce, ora agressivo, ora parecendo com a cabeça fora do cabo, meio pancada, no bom sentido. Dentro de suas limitações imposta pelo tempo e pelo país, não podemos deixar de reconhecer que ele é talentoso. Calhou que eu o encontrasse umas três ou quatro vezes seguidas no mercado e o convidasse a me convidar, coisa que ele relutou um pouco. Fiquei meio com raiva e me perguntava, sendo eu da cidade grande, quando esse “caipira” iria me chamar. Um dia, estando eu no Rio de Janeiro, resolvendo assuntos particulares, recebi seu telefonema no início da semana e, enfim, era seu convidado no sábado seguinte. Percebi que tanto ele como eu, somos metódicos. Me deu todos os detalhes do que eu devia fazer enquanto produção. No sábado marcado, quando cheguei nos estúdios, percebi o apresentador com uma camisa branca listrada e uma grande luz que caia sobre ele. Era uma luz do estúdio, mas também era a luz dele que com um sorriso, me recebia. O programa foi um sucesso e me abriu portas importantes, assim como durante todos esses anos, abriu portas e deu luz para outras tantas pessoas. No seu modo excêntrico de falar, Fiorelli costuma dizer, que se ao menos uma criatura lembrar do seu programa, o mesmo já terá valido a pena. Como eu ia dizendo, pode ser que um dia eu parta de Três Rios, todavia, a música tema que abre o encontro com Fiorelli, levarei eternamente -- eu e muitos-- com toda certeza, como uma grande benção na memória. Seu programa e o senhor, amigo comendador, são ambos imortais. Rio, 29/03/2017.