Metafísica de Platão
Por Priscila Rita Figlie | 12/04/2010 | Filosofia1. A METAFÍSICA DE PLATÃO
O que preocupa Platão é a questão à respeito do ser e do não-ser, e sua metafísica busca a solução para tornar compatível o uno e o múltiplo.
Simbolicamente, para Platão, a primeira navegação era o percurso da filosofia sob o impulso do vento da filosofia naturalista, e a “segunda navegação” era aquela realizada por força própria em busca de uma realidade supra-sensível, ou seja, do ser inteligível.
Na primeira navegação o filósofo permanece no mundo dos sentidos, e na “segunda navegação” existe a libertação deste mundo, atingindo o mundo das ideias.
Qualidade, cores, figuras, etc., para Platão não são as “verdadeiras causas” de algo, mas sim “com-causas”. Para construir verdadeira causa,é necessário ser algo inteligível, ou seja, ideia, a forma pura do Belo, sendo que qualquer coisa física supõe uma causa suprema e última de caráter metafísico.
Dessa forma, pela “segunda navegação”, Platão mostra a existência de dois planos do ser, um fenomênico, sensível; e outro metafenomênico, só captável com a mente. Após essa “segunda navegação”, pode-se falar de material, imaterial, sensível e supra-sensível, empírico e metaempírico, físico e suprafísico; criando assim o “mundo das ideias”.
2. O SER DAS IDEIAS
Hoje em dia, o termo “ideia” nos remete à forma, natureza constitutiva, figura, aspecto, aparência, tipo, espécie, aquilo que se vê. Porém, antes de Platão, esse termo significava “aquilo que se vê”, “propriedade característica”, ou “tipo”.
Para Platão, o verdadeiro conhecimento (epistéme) é possível, dada a natureza mutável dos fenômenos sensíveis, pois só será possível se houver realidade estável, eterna para além do meramente sensível.
As ideias platônicas existem por si mesmas, estão na base da própria realidade e são modelos perfeitos inseridos na natureza das coisas. São conheci das numa pluralidade de métodos, pela faculdade da razão.
A relação entre ideias eternas e fenômenos sensíveis, é descrita de várias formas, e o universo visível que estamos é uma cópia do universo inteligível que abrange as ideias, e o tempo por sua, é uma imagem da eternidade.
Para Sócrates e Platão, a verdadeira causalidade opera sempre com um fim, e a razão vence a necessidade física.
Para Platão, a palavra ideia (eide) possui três sentidos: a) forma, que significa permanência; b) princípios de unificação das coisas sensíveis; c) fundamento do Ser e princípio de todo saber, ou seja, plenitude da existência.
3. DEMONSTRAÇÃO DO MUNDO DAS IDEIAS
De acordo com o texto “Fédon” 79¹¹, Platão afirma que a alma, por ser imutável, conserva sempre sua identidade. Mesmo com tantas mudanças no corpo, nós nunca deixamos de ser os mesmos, pois o que mantém a identidade é a própria alma.
4. AS IDEIAS E AS COISAS SENSÍVEIS
As idéias podem representar princípios de unificação das coisas sensíveis.
A ideia é primeiramente unidade, reunião indissolúvel e, além disso, ela confere existência real, ou seja, são as essências existentes das coisas do mundo sensível que possuem sua Ideia-Forma (unidade indestrutível, imutável, eterna) no mundo inteligível.
Um objeto só é em virtude da Ideia-Forma que o define (paradigma). Porém, o que “atrai” não é um arquétipo de algo belo por exemplo, mas a beleza concreta deste algo, pois se algo é belo, é porque participa da Forma absoluta da beleza. O mesmo vale para a distinção entre “bem” e “bom”, assim como para ser junto é preciso saber o que é justiça, e para ser virtuoso é preciso saber o que é virtude.