METACOGNIÇÃO X FUNÇÕES EXECUTIVAS
Por JULIANA JAQUELINE JUCOSKI | 26/07/2016 | EducaçãoMETACOGNIÇÃO X FUNÇÕES EXECUTIVAS: UM APOIO AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E AS IMPLICAÇÕES CAUSADAS POR ALTERAÇÕES DO LOBO PRÉ-FRONTAL
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade o levantamento bibliográfico sobre a metacognição e funções executivas como apoio ao processo de aprendizagem. Função executiva é um conceito da neurociência que se aplica ao processo cognitivo, que ajuda a regular comportamentos através de organização, planejamento e assim, favorecendo na tomada de decisões. Acerca do conceito de metacognição, entende-se como uma habilidade de compreensão sobre a cognição, ou seja, a capacidade de conhecer o seu próprio funcionamento para aprender.Refletindo sobre as ações é inegável sua contribuição para a aprendizagem, visto que esta pode ser treinada para melhores resultados no que se refere ao processo de aprendizagem. Porém, é preciso que as funções executivas estejam preservadas.A presença de disfunções executivas nas dificuldades de aprendizagem indica a necessidade de incluir o exame das funções executivas na avaliação psicológica, neuropsicológica e psicopedagógico das dificuldades de aprendizagem. Por fim, veremos algumas das implicações causadas por alterações do lobo pré-frontal.
Palavra-chave: Metacognição.Funçãoexecutiva.Aprendizagem
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INTRODUÇÃO
Os seres humanos são capazes de lidar com novas situações e se adaptar às mudanças de maneira rápida e flexível. Na escola e no seu contexto de desenvolvimento, crianças e adultos precisam lidar com muitas informações ao mesmo tempo e saber gerir e guiar suas ações. Elas possuem atividades e prazos a cumprir, avaliações, gerenciar seus estudo e relacionamentos, se concentrarem e prestar atenção nas aulas e exercitarem de maneira sistematizada o que aprenderam diariamente.
Função executiva é um conceito neuropsicológico que se aplica ao processo cógnito responsável pelo planejamento e execução de atividades, incluindo iniciação de tarefas, memória de trabalho, atenção sustentada e inibição de impulsos. Essas funções são desenvolvidas nos primeiros anos de vida eabriga operações cognitivas destinadas a organizar temporalmente o comportamento e uma sequência de ações. Compreende o processo como o controle inibitório, ou seja, a capacidade de inibir um comportamento.As funções executivas permitem criar novas formas de comportamento, novas formas de pensar e monitorar esse comportamento, ou seja, para aprender algo novo ou mudança de comportamento, é necessário o uso da função executiva, desde a escola até as coisas mais simples do cotidiano.O trabalho em habilidades executivas visa ajudar os indivíduos a regular o comportamento, através de organização, planejamento e assim, favorecendo a tomada de decisões.
Os déficits de funções executivas são frequentemente verificados em indivíduos com comprometimentos que envolvem o circuito pré-frontal cerebral.O comprometimento das habilidades executivas, caracterizando a chamada síndrome disexecutiva, pode compreender alterações cognitivo-comportamentais diversas,entre elas, alteração de desinibição comportamental, muito presente em crianças hiperativas ou com transtorno desafiador / opositor, ea intervenção terapêutica precisa abranger as habilidades metacognitivas e/ou as funções executivas.
A metacognição desenvolve-se a partir da capacidade que o homem tem em refletir sobre seu processo de conhecimento, durante a realização de tarefas, sobre os processos mentais que facilitam essa realização e sobre as estratégias que utiliza para a resolução de problemas, ou seja, ao fazer uso da metacognição, o homem torna-se um espectador de seus próprios modos de pensar e das estratégias que emprega para resolver problemas. A aprendizagem envolve os processos metacognitivos, já que transforma em conhecimento as informações adquiridas.Um potencial para aprimorar o processo de aprendizagem. Mas, de que forma essas funções atuam no processo de aprendizagem? Porque é importante conhecer o funcionamento cerebral para aprimorar esse processo? Quais as implicações causadas pelo comprometimento executivo?
Partindo desse pressuposto, a pesquisa compreende um estudo teórico, baseado na literatura de vários autores, com objetivo de analisaros conceitos sobre metacognição x função executiva e relacionar a atuação de ambos com o processo de aprendizagem. Investigar caminhos e estratégias para que tais funções sejam estimuladas de forma correta, a fim de colaborar para a otimização do potencial do aluno, fazendo com que estes possam planejar suas ações futuras com base nos conhecimentos adquiridos e identificar suas próprias dificuldades, além de procurar métodos mais eficazes para superá-las. Além de conceituar algumas das alterações cognitivas, relacionadas ao comprometimento pré-frontal, visando um melhor entendimento de tais implicações, para que a aprendizagem, nessas condições, se torne mais efetiva.
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O LOBO FRONTAL E A FUNÇÃO EXECUTIVA
A função executiva do cérebro vem sendo definida como um conjunto de habilidades, que de forma integrada, possibilitam ao indivíduo direcionar comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias. Tais ações são auto organizadas, mediante a avaliação de sua adequação e eficiência em relação ao objetivo pretendido, de modo a eleger as estratégias mais eficientes, resolvendo assim, problemas imediatos, e/ou de médio e longo prazo (Capovilla, Assef, & Cozza, 2007; Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes, & Leite, 2008; Santos, 2004). Do ponto de vista da neuropsicologia a função executiva compreende os fenômenos de flexibilidade cognitiva e de tomada de decisões.
As funções executivas não são restritas apenas aos lobos frontais. Existem outras estruturas que apresentam uma ligação na execução dos comportamentos como o lobo parietal, que participa da atenção espacial, e o hipocampo, que pode ser visto como um sistema de coordenação executiva que liga representações através das áreas corticais(GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006).
A função exercida pelos lobos frontais parece ser mais metacognitiva do que propriamente cognitiva, uma vez que não se refere a nenhuma habilidade mental específica, porém abrange todas elas. Por esta razão, a função dos lobos frontais é chamada de função executiva. Especificamente o córtex pré-frontal - região filogeneticamente mais moderna do cérebro humano, que compreende as regiões do lobo frontal anteriores ao córtex motor primário - desempenha um papel essencial na formação de metas e objetivos, e no planejamento de estratégias de ação necessárias para a consecução destes objetivos, selecionando as habilidades cognitivas requeridas para a implementação dos planos, e coordenando as mesmas para aplicá-las na ordem correta (Fuster, 2008). Além disso, o córtex pré-frontal é o responsável pela avaliação do sucesso ou fracasso das ações dirigidas a objetivos estabelecidos. (Goldberg, 2002).
Muitas pesquisas foram feitas afim de uma maior compreensão neurofisiológica. Pribram (1973) foi um dos primeiros a usar o termo "executivo" ao discutir questões de funcionamento do córtex pré-frontal. Segundo o autor, Córtex frontal é criticamente envolvido na implementação de programas executivos quando estas forem necessárias para manter a organização do cérebro em face da redundância insuficiente em processamento de input e nos resultados de comportamento" (p 301.). Segundo Golgberg (2002), o córtex pré-frontal é o responsável pela avaliação do sucesso ou fracasso das ações dirigidas a objetivos estabelecidos.
A região pré-frontal executa atividades a partir de informações provindas das regiões posteriores do córtex (BOSA, 2001). É responsável pelo planejamento, pela coordenação entre a percepção e organização de diferentes movimentos, isto é, a partir de informações emocionais, atencionais e mnemônicas recebidas do sistema límbico ou do cerebelo e das regiões posteriores sensoriais. Essa região faz um planejamento de ações complexas, soluciona problemas propostos pelo ambiente, organiza e desencadeia as respostas motoras. Assim, para a realização de tarefas diárias e para um adequado convívio social, as funções executivas devem necessariamente estar íntegras, pois a identificação de respostas alternativas para a resolução de problemas reflete na adaptação ambiental do indivíduo (ANDERSON, 2002; PARENTE, 2002).