MEMÓRIAS
Por Ubirajara Gomes de Sá | 06/03/2010 | PoesiasHá muito tempo eu não me sentia morto...
Não sei o porquê ainda teimo em ficar de pé...
A agonia é minha companheira fiel, e a todo instante
Faz-me lembrar de que já chegou a hora de partir.
A aurora já me deixou, faz muito tempo...
Vento, tempo, tempo... Fecho a janela...
O tempo não me deixa ficar só, oh! Companheiro...
Que solidão... que solidão cá dentro!
E o vento? E o tempo?
Foi-se a memória da vida buscar a memória do tempo...
E quando me lembro da criança, nas andanças da vida,
Eu perco-me em lembranças, perco-me nas esperanças
Um roto, um rato, que importa...
Só um gato suporta correr com um rato... por um rato
O que eu quis, lá ficou... lá no fundo...
Que mundo! Oh, que mundo de meu Deus...
Que eu não tenho direitos, não tenho nada...
Arranca-me daqui senhora piedade!
Por piedade, não me deixa sofrer...
Sou um defunto que agoniza num fundo
Sem fundo do mundo sem fundo.
Por piedade: não me deixa só... tem pena
Desta alma penada, que sem nada pra dizer;
Sem nada pra fazer; teima.
Ó lema! Dilema de um pobre sofredor
Que é tomado de horror quando se vê só
Pena que é dó: que dor no amor, que dor...
Teima... o dilema foi seu princípio, seu meio
E será o seu fim. Pena de mim...
Não! Não tenha pena. Digam: adeus.
Eu simplesmente passei por aqui.
Eu quis, eu pedi... não sei porque agora...
Mas eu pedi!