Memorial Das Vítimas Do Comunismo
Por Félix Maier | 26/10/2007 | Sociedade
Em
vez de homenagear um assassino, o qual, apesar de médico era uma
"perfeita máquina de matar", o Parlamento brasileiro já deveria ter
aprovado um projeto de construção de um Memorial das Vítimas do
Comunismo, como o dos EUA (http://pt.wikipedia.org/wiki
Já que é época da farra vermelha, agrego-me à festa dos distintos kamaradas para lembrar a heróica história de alguns dos dissidentes soviéticos, especialmente Alexandre Soljenítsin, que legou à humanidade o portentoso livro Arquipélago Gulag (1). E assim deixar minha modesta contribuição ao inexistente Memorial Brasileiro das Vítimas do Comunismo.
Na
antiga URSS, não havia "opositores", mas apenas "dissidentes". Diz-se
dos intelectuais perseguidos por se oporem ao regime comunista, que
surgiram a partir da desestalinização efetuada por Kruschev, a partir
de 1956. Os dissidentes eram condenados a molestamento, demissão do
emprego, expulsão dos sindicatos profissionais, exames psiquiátricos e
confinamento em casas de saúde mental, julgamento e exílio em campos de
concentração para trabalhos forçados.
Durante
o férreo regime de Stálin, poucos dissidentes conseguiram sobreviver,
como o escritor Alexandre Soljenítsin e o talentoso projetista
aeronáutico Andrey Tupolev, que foi preso no final da década de 1930 e
libertado em 1943 por intercessão do marechal Alexandre Golovanov,
Chefe do Comando de Bombardeiro de Grande Alcance, da Força Aérea
Vermelha, durante a II Guerra Mundial.
Abraham
Rothberg (2) identifica 3 correntes de dissidência russa: a artística,
a política e a científica. A dissidência artística inclui nomes como
Ehrenburg (Degelo), Dudintsev, Yevtushenko, Pasternak (Doutor Jivago), Soljenítsin (Arquipélago Gulag).
A dissidência política: Yakir, Amalrik, Litvinov, Grigorenko,
Marchenko. E a dissidência científica: Sakharov (pai da bomba de
hidrogênio soviética), Tamm, Kapitsa, Medvedev.
Um
dissidente famoso foi o escritor Boris Pasternak, que havia passado um
ano na prisão de Lubianka (3), em Moscou, e quatro anos num campo de
trabalhos forçados na Sibéria, do qual foi libertado (como Soljenítsin)
pela anistia geral após a morte de Stálin. Em 1956, Pasternak concluiu Doutor Jivago, que foi rejeitado por várias editoras soviéticas, controladas pelos "herdeiros de Stálin".
Pasternak
enviou uma cópia do romance a Giangiacomo Feltrinelli, editor italiano
e membro do PCI. O livro foi publicado na Itália no dia 15 de novembro
de 1957, embora Pasternak tivesse pedido a Feltrinelli para não
fazê-lo, pois vinha sofrendo ameaças do regime de Moscou. No dia 23 de
outubro de 1958, a Academia Sueca outorga o Prêmio Nobel de Literatura
a Pasternak. Começa a perseguição contra o escritor e no dia 28 de
outubro de 1958 ele é expulso da União dos Escritores Soviéticos, por
"atitudes incompatíveis com a vocação de um escritor soviético e por
contrariar as tradições da literatura russa, o povo, a paz e o
Socialismo". A pressão do PC sobre Pasternak foi tanta que no dia 29 de
novembro de 1958 ele enviou um telegrama à Academia Sueca, renunciando
ao Prêmio Nobel. Pasternak morreu no dia 30 de maio de 1960, escapando
de outra condenação, porém, sete semanas depois, a KGB prendia sua
amante, Olga Ivinskaya (que havia denunciado Pasternak àquele serviço
secreto), e sua filha, acusando-as de manipulações financeiras que
envolviam royalties entregues a Pasternak. Ambas foram
condenadas, no dia 7 de dezembro de 1960, respectivamente, a 8 e 5 anos
de prisão, em colônias penais da Sibéria.
O
escritor Sholkhov, em 1965, teve permissão de Brezhnew e Kosygin para
receber seu Prêmio Nobel de Literatura em Estocolmo. O historiador
ucraniano Valentyn Moroz foi condenado em 1966 a cinco anos de
internamento num campo de concentração, dos quais um ano teria que ser
passado numa solitária na Prisão de Vladimir. O principal "crime" de
Moroz foi sua oposição à "russificação" da Ucrânia. No campo de
concentração, Moroz escreveu Relatório da Reserva de Béria, em que ataca a sociedade
soviética e os privilégios dos "herdeiros de Stálin". Em 1970, Moroz
foi novamente condenado a nove anos, seis numa prisão e três num campo
de trabalhos forçados. O historiador Andrei Amalrik, autor do livro A União Soviética Sobreviverá até 1984?
(seria uma alusão ao livro 1984, de George Orwell?), foi condenado em
dezembro de 1970 a três anos num campo de concentração. Outra obra sua
foi Viagem Involuntária à Sibéria, baseada em suas próprias experiências no kolkhoz (4) siberiano de Tomsk, onde havia passado o exílio, de maio de 1965 a agosto de 1966.
"Por
volta do fim de 1968, a reabilitação de Stalin ou a reestalinização
tinha-se processado rapidamente. A crítica de crimes de Stalin, de
prisões em massa, deportações, assassinatos, expurgos e campos de
concentração tinha desaparecido da imprensa e das conversações
privadas" (Abraham Rothberg, in Os Herdeiros de Stalin, pg. 264).
O
Kremlin considerava graves as ameaças da liberalização, do revisionismo
e da reforma. A liberalização tcheca tinha sido desencadeada por
intelectuais e escritores, o que ocasionou a invasão da
Tchecoslováquia, no dia 21 de agosto de 1968, com a destituição de
Dubcek - "equivalente internacional de Soljenítsin".
Uma
carta do dissidente Pyotr Yakir, em 6 de março de 1969, à revista do
Partido, Kommunist, condenava Stalin em 17 pontos, documentados em
fontes soviéticas, relacionando os crimes com o código penal soviético.
Atribuía a Stalin a responsabilidade por suicídios e execuções de
líderes de cúpula soviéticos no Partido, no Governo, nas Forças
Armadas, nos serviços de Inteligência e na Polícia. Comunistas
estrangeiros refugiados na União Soviética tinham sido assassinados por
ordens de Stalin, incluindo comunistas proeminentes, como os alemães
Hermann Schubert e Heinz Neumann, os húngaros Bela Kun e Gabor Farkas,
os poloneses Tomasz Dombal e Yulian Lesczynski (um dos fundadores do PC
polonês) e até o suíço Fritz Platten, que protegera Lenin com seu
próprio corpo por ocasião do primeiro atentado contra a vida de Lenin.
Yakir condenava Stalin, ainda, pela repressão e deportação em massa de
povos não russos ("política do liqüidificador") durante e depois da II
Guerra Mundial, entre eles os tártaros da Criméia, os bálcares, os
chechenos-ingushes e os calmiques. Yakir condenava Stalin pelos
expurgos que liquidaram 80% do corpo de oficiais superiores – aqueles
que lutaram na Guerra Civil Espanhola, técnicos e intelectuais – com o
resultado de milhões de baixas nas primeiras fases da II Guerra
Mundial, especialmente no cerco nazista a Leningrado.
O dissidente mais famoso foi o escritor Alexandre Soljenítsin, autor de Arquipélago Gulag,
livro que sugeria que toda a Rússia sob Stálin era semelhante a um
imenso mar pontilhado de ilhas de campos de concentração – na grandiosa
licença literária criada por Soljenítsin -, realidade que o autor
conhecia profundamente, por ter sido enviado e um desses campos. O
autor sustenta que as atrocidades e perseguições do Estado soviético
haviam começado em 1918, não sendo, portanto, uma criação arbitrária de
Stálin, mas de Lênin.
A publicação do Arquipélago Gulag,
em Paris, no ano de 1973, no original russo, comoveu a opinião pública
mundial – exceto a opinião dos comunistas, de além e aquém-mar,
obviamente. O livro de Soljenítsin foi documentado com 227 relatos, que
cobrem o período de 1918 a 1956, e trata da imensa rede de campos de
trabalhos forçados soviéticos, por onde passaram cerca de 66 milhões de
pessoas, segundo cálculos do próprio autor.
Essa
obra, cujo teor começou a circular na União Soviética em março de 1969,
irritou as autoridades soviéticas e em novembro do mesmo ano
Soljenítsin foi expulso da União dos Escritores. Para os "herdeiros de
Stálin", Soljenítsin renegava o próprio país, dando munição aos
inimigos ocidentais, e era reincidente neste tipo de "crime", pois já
havia publicado Um Dia na Vida de Ivan Denisovich (seu primeiro
romance), em que retratava o Estado soviético como um Estado policial e
a União Soviética como uma prisão ou campo de concentração. Dos 6.790
membros da União dos Escritores, somente 7 solicitaram a reconsideração
da expulsão de Soljenítsin. Houve protestos do mundo inteiro contra sua
expulsão, incluindo nomes como Arthur Miller, Günter Grass, John
Updike, Bertrand Russell, Hannah Arendt, Graham Greene, Julian Huxley,
Jean-Paul Sartre.
Soljenítsin,
capitão de Artilharia do Exército russo em combate na linha de frente
contra os nazistas, na II Guerra Mundial, foi detido no front de
Koenigsberg em janeiro de 1945 e condenado, sem julgamento, a oito anos
de prisão e mais três anos de exílio no desterro do Gulag, tendo
passado pelo menos um ano em hospital para tratamento de câncer. A
acusação baseou-se em carta enviada a um amigo, em que criticava os
privilégios no Exército e a conduta de Stálin em relação à guerra. Foi
expulso do Sindicato dos Escritores, viveu 6 anos como escritor
clandestino e em 1970 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Após a
publicação do Arquipélago Gulag, em 1973, Soljenítsin foi
levado de avião, sob protesto, para a Alemanha Ocidental, e em 1974
escolheu a Suíça para morar. Além do Arquipélago Gulag, outros livros do escritor foram publicados no Ocidente, a exemplo de O primeiro círculo, Pavilhão dos cancerosos (durante um ano, Soljenítsin ficou internado num hospital para tratamento de câncer) e Agosto de 1914, que circularam na URSS em edições clandestinas, ou samizdat
(5). Logo após sua prisão, o regime stalinista queimou os rascunhos do
que poderia se tornar mais uma obra de Soljenítsin: "Até que, no quarto
mês, todos os cadernos do meu Diário de guerra foram lançados
na boca infernal do fogão da Lubianka, espalhando a casca vermelha de
mais um romance morto na Rússia e deixando as borboletas negras da
fuligem voar pela mais alta das chaminés" (Arquipélago Gulag, pg. 141).
Gulag é a abreviatura de Glávnoie Upravliênie Láguerei (Administração Geral dos Campos). O livro Arquipélago Gulag
discorre sobre os campos de trabalhos forçados soviéticos (campos de
concentração), por onde passaram cerca de 66 milhões de prisioneiros, e
sobre a fome endêmica que se seguiu a vários planos econômicos
fracassados, levando pais a comerem seus próprios filhos - donde se
originou, provavelmente, a expressão "comunista come criancinha":
"No
fim da guerra civil, e como sua conseqüência natural, abateu-se sobre a
região do Volga um ano de fome como nunca se tinha conhecido. Como isso
não adorna muito a coroa de glória dos vencedores desta guerra, falam
sobre ele entre os dentes e sem ir além de duas linhas. E no entanto
essa fome chegou até ao canibalismo, até aos pais comerem os seus
próprios filhos. Nunca uma fome assim tinha sido conhecida na Rússia,
nem sequer no 'Tempo dos Tumultos' (então, como testemunham os
historiadores, os cereais mantinham-se debaixo da neve durante vários
anos, sem serem colhidos). Um só filme sobre essa fome poderia projetar
uma luz nova sobre tudo o que vimos e tudo o que sabemos acerca da
Revolução e da guerra civil. Mas não há nem filmes, nem romances, nem
estudos estatísticos – é algo que se procura esquecer, que não
embeleza. Além disso, a causa de qualquer fome, é costume fazê-la
recair sobre os kulaks (6)" (Arquipélago Gulag, pg. 331-332).
"O
Gulag abrangia o complexo de prisões, centros de triagem e campos de
trabalhos forçados a que eram condenados opositores do regime,
suspeitos de atividades 'anti-soviéticas', criminosos comuns e hordas
de pessoas que nunca souberam exatamente por que haviam sido
encarceradas. (...) As palavras que descreveram esse sorvedouro de
vidas em escala industrial agora podem ser acompanhadas por raras e
chocantes imagens: mais de 200 desenhos feitos pelo coronel da reserva
Danzig Baldaiev, integrante da polícia soviética de 1947 até o início
dos anos 80. (...) Particularmente chocantes, e raríssimos, são os
retratos das prisões femininas. Uma das cenas mostra mulheres
estupradas em massa por presos comuns, durante um trajeto de barco, sob
o olhar indiferente dos guardas. As enfermeiras estavam sempre lotadas
de prisioneiras ensangüentadas, que haviam sofrido deslocamento do
útero por causa do trabalho massacrante. Na chegada, as mulheres eram
enfileiradas nuas diante dos administradores do campo. Eles escolhiam
as preferidas e lhes ofereciam a opção de serem poupadas do serviço
pesado caso aceitassem tornar-se suas escravas sexuais" ("Recordações
da casa dos mortos", revista Veja, 7/7/1999, pg. 60 a 62).
No Gulag de Vorkuta, milhões de zeks
(presos políticos) e outros prisioneiros proporcionaram mão-de-obra
barata para a derrubada, o corte e o transporte de madeira para a
mineração. Segundo afirma o economista soviético Vasily Selyunin, "a
princípio, os campos eram usados para sufocar a oposição política à
revolução de 1917; depois, tornaram-se um meio de resolver tarefas
puramente econômicas." Os desenhos chocantes do coronel Baldaiev
resultaram em um documentário feito pelo repórter Angus Macqueen, da
BBC inglesa.
"A
diretriz de escrever Deus com letras minúsculas é a mais desprezível
espécie de mesquinhez ateísta. (...) Para não dizer que nos lábios das
pessoas de 1914, a palavra "deus" em letras minúsculas fere os ouvidos
e é historicamente falsa" (Soljenítsin, no epílogo de seu livro Agosto de 1914).
Muitos dissidentes foram internados em hospitais psiquiátricos (7), alguns condenados in absentia:
a universitária Olga Ioffe, presa devido a poesias confiscadas em sua
casa, escritas por ela e por seu pai, Y. Ioffe, foi internada num
manicômio, em 1970, como "esquizofrênica crônica"; Valeria
Novodvorskaya, detida por distribuir panfletos com uma poesia em que
criticava o PC, foi diagnosticada pelo Instituto Serbsky e internada
numa clínica psiquiátrica da prisão de Kazan como "esquizofrênica
paranóica", em 1970. A poetisa Natalia Gorbanevskaya foi presa e
internada no hospital psiquiátrico de Kaschenko, onde os pacientes eram
"acalmados" com uma dose do tranqüilizante estelazine. Em 1970, Zhores
A. Medvedev, especialista em gerontologia, foi confinado em uma clínica
psiquiátrica de Kaluga. A publicação clandestina Crônica noticiava
esses tipos de julgamentos criminosos que ocorriam em Moscou, Gorki,
Kharkov, Riga, Kiev e mais 2 cidades da República do Uzbeque.
No
Brasil, a esquerda não perde tempo em falar sobre os "militares
torturadores". Depois de ler a obra de Soljenítsin, sabe-se por que a
esquerda mundial se acha no direito de ficar com o monopólio da
tortura:
"Se
aos intelectuais das peças de Tchekhov, sempre fazendo conjeturas sobre
o que seria a vida dentro de vinte, trinta ou quarenta anos, tivessem
respondido que na Rússia se torturariam os acusados durante a instrução
do processo, que se lhes apertaria o crânio com um anel de ferro, que
se submergiria uma pessoa num banho de ácidos, que se ataria um homem
nu para o expor às formigas e aos percevejos, que se lhe introduziria
uma baioneta em brasa pelo orifício anal ('a marca secreta') (8), que
se lhe comprimiriam lentamente com uma bota os órgãos sexuais e que,
como tratamento mais suave, se torturaria alguém durante uma semana,
sem o deixar dormir, nem lhe dar de beber, espancando-o até deixar-lhe
o corpo em carne viva – nem uma só dessas peças teria chegado até o fim
e todos os seus heróis teriam ido parar no manicômio.
(...)
Mas
não será mais terrível ainda que, trinta anos depois, nos venham dizer:
não se deve falar disso! Recordar o sofrimento de milhões de pessoas é
deformar a perspectiva histórica! Tratar de descobrir a essência dos
nossos costumes é obscurecer o progresso material! Que se fale antes
dos altos-fornos que foram acesos, ou dos trens de laminação, ou dos
canais que foram abertos... Não, dos canais também não é conveniente
falar... Antes do ouro de Kolimá... Não, também isso é conveniente.
Enfim, pode-se falar de tudo, mas desde que se saiba faze-lo,
glorificando-o...
Será então incompreensível que amaldiçoemos a Inquisição? Acaso,
além das fogueiras, não havia ao mesmo tempo serviços religiosos
solenes? Veja-se, não se proibiam os camponeses de trabalhar todos os
dias... Eles podiam celebrar o Natal com canções, pela Trindade as
moças teciam coroas..." (Arquipélago Gulag, pg. 102-103).
Vale lembrar, também, as atrocidades perpetradas pelos comunistas canibais chineses. Durante a Revolução Cultural, muitos condenados à morte tinham seus corpos retalhados, assados e comidos. "Num massacre famoso, na escola de Mushan em 1968, na qual 150 pessoas morreram, vários fígados foram extirpados na hora e preparados com vinagre de arroz e alho" ("Canibais de Mao", revista Veja, 22 de janeiro de 1997, pg. 48-49). Essa prática de canibalismo se tornou corriqueira, no período de 1968 e 1970, quando centenas de "inimigos do povo" foram devorados em Guangxi, conforme pesquisas de Zheng Yi. O trabalho desse dissidente exilado nos EUA desde 1992, resultou no livro Scarlet Memorial – Tales of Cannibalism in Modern China (Memorial Escarlate – Histórias de Canibalismo na China Moderna). Na mesma época, havia um tipo de tortura sui generis: alguns presos, ainda vivos, tinham seus órgãos sexuais (pênis e testículos) arrancados, assados e comidos, como consta no mesmo artigo de Veja: "Wang Wenliu, maoísta promovida a vice-presidente do comitê revolucionário de Wuxuan durante a Revolução Cultural, especializou-se em devorar genitais masculinos assados". Criancinhas comidas na Rússia, "churrasquinhos" degustados na China: uma autêntica churrascaria do Inferno!
Há centenas de filmes que relatam a história de
Hitler e de seu criminoso regime nazista. Temos filmes comoventes a
respeito do tema, como A Vida é Bela, de Roberto Benigni (que desbancou Central do Brasil, de Walter Moreira Salles, e levou o Oscar de melhor filme estrangeiro, em 1999), e A lista de Schindler, de Steven Spielberg. Infelizmente, não temos nenhum filme que trata dos Gulags,
dos horrores comunistas na antiga União Soviética, nem dos crimes
cometidos por Mao Tse-Tung e Pol Pot. O que estão esperando Spielberg,
Benigni e demais cineastas de Hollywood, da Europa ou do Brasil, para
enfim dar início a um filme épico, como seria um que tivesse o título O Arquipélago Gulag ou A Revolução Cultural?
Quem se cala a respeito dos crimes hediondos cometidos na URSS, na
China e nos demais regimes marxistas, compactua com os criminosos
comunistas. Infelizmente, o nazismo sempre foi e sempre será o melhor
álibi dos comunistas (http://www.midiasemmascara.com
Até o momento, a única lembrança que temos em 2007 da cruenta Peste Vermelha soviética vem através da figura grotesca do coronel russo Boris Tutchenko, interpretado pelo ator Álvaro Thuller, que neste ano faz o comercial "o mundo é dos nets". Pregando medalhas em mulheres peitudas, dançando em cima de mesas, dando bronca nos empregados, o bordão proferido pelo bufão fardado faz sucesso, embora ninguém entenda o que significa: s kawurzska!
Qual seria a tradução dessa palavra, que alguns afirmam que não existe em russo? Existiria, por acaso, alguma mensagem subliminar na propaganda da Net que não conseguimos pescar? Um certo Emerson se qualificou para tirar nossa dúvida:
"SKAVURZKA
- A palavra vem do russo. É composta do prefixo 'ska', que significa
"céu" mais o termo 'vurz' que significa "ir em direção" mais o sufixo
de negação 'ka'. Assim, literalmente, poderíamos efetuar a tradução
como "você não vai para o céu", o que significa, então: Vá para o
inferno!" (http://novo-mundo.org/log/2007
Skawurzska!, então, para todos os patifes comunistas que ainda proliferam ao redor do mundo, especialmente os do Brasil, os quais, apesar do hediondo genocídio cometido pela Peste Vermelha durante o século XX, ainda têm o desplante de enaltecer tal ideologia assassina em nossas escolas, nas universidades, no meio cultural, enfim, até no outrora reservado e sério Parlamento brasileiro. Que vão todos para o inferno! Skawurzska!
Notas:
(1) SOLJENÍTSIN, Alexandre. Arquipélago Gulag. Difel/Difusão Editorial S. A., São Paulo e Rio de Janeiro, 1976.
(2) ROTHBERG, Abraham. Os Herdeiros de Stálin – a dissidência e o regime soviético 1953-1970. Edições O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1975 (Tradução de Edilson Alkmim Cunha).
(3)
Lubianka - Em russo significa "amorzinho". Era o nome de rua e praça de
Moscou, sede das polícias políticas soviéticas (Tcheká, GPU, NKVD etc.)
e da prisão famosa.
(4) Kolkhoz foi o sistema de
coletivização marxista da agricultura na URSS, a partir de 1922, cujo
processo de privatização teve início em 1992, após o fim da União
Soviética. Qualquer semelhança dos antigos kolkhozes russos com os atuais assentamentos do MST não é mera coincidência.
(5) Samizdat
- Sistema de contrabando de manuscritos de intelectuais soviéticos para
o Ocidente. Às vezes, a própria KGB estava por trás desses
contrabandos, recebendo elevadas somas de dinheiro por obras proibidas
na União Soviética que eram publicadas no exterior. Nesses casos, os
manuscritos eram confiscados das residências dos dissidentes e
remetidos ao Ocidente à revelia do autor. Em 1967, 3 livros sobre
expurgos e campos de concentração tinham sido contrabandeados para o
Ocidente: Tempestade de Areia, de Galina Serbryakova, A Casa
Abandonada, de Lydia Chikovskaya, e Uma Jornada ao Furacão, de Evgenia
Ginzburg.
(6) Kulak - Classe média camponesa,
surgida na Rússia após a Nova Política Econômica (NEP), a partir de
1921 e até 1928. A partir de 1928, essa classe foi massacrada por
Stalin, junto com os Nepmen (classe de comerciantes e industriais surgida na mesma época), dando origem aos Sovkhozes, fazendas estatais coletivas (Gosplan).
O erudito marxista Leszek Kolakowski considerou esse massacre como
"provavelmente a mais maciça operação militar jamais conduzida por um
Estado contra seus próprios cidadãos". Somente no período da
coletivização e eliminação de classes (1929-36), 10 milhões de homens,
mulheres e crianças tiveram morte antinatural (estudo demográfico de
Iosif Dyadkin, "Avaliação de mortes antinaturais da população da URSS
em 1927-58", que circulou sob a forma de samizdat). Com o fim dos kulaks,
para conseguir moeda estrangeira, Stalin passou a vender secretamente,
para o Ocidente, obras de arte do Museu Hermitage, Leningrado, uma
coleção que levou mais de 100 anos para juntar. "Os quadros foram
adquiridos por milionários do mundo inteiro. O maior foi Andrew Mellon
que, em 1930-31, obteve, por US$ 6,654,053.00, 21 quadros, incluindo 5
Rembrandt, 1 Van Eyck, 2 Franz Hals, 1 Rubens, 4 Van Dyck, 2 Rafael, 1
Velásquez, 1 Boticelli, 1 Veronese, 1 Chardin, 1 Ticiano e 1 Perugino –
provavelmente o tesouro da melhor qualidade jamais transferido numa
única tacada e tão barato. Todas essas obras foram para a Washington
National Gallery, criada virtualmente por Mellon" (Paul Johnson, in Tempos Modernos,
pg. 226). O embaixador americano em Moscou, Joseph E. Davies, que disse
sobre Stalin que 'uma criança gostaria de sentar-se no seu colo e um
cachorro caminharia a seu lado', era subornado pelo Governo soviético
para emitir falsas informações a seu país, e que por isso lhe permitia
"comprar ícones e cálices para a sua coleção particular a preços abaixo
do mercado" (Ib., pg. 232). "Além daqueles camponeses executados
pela OGPU ou mortos em batalha, um número entre dez e onze milhões foi
transportado para o norte da Rússia européia, para a Sibéria e para a
Ásia Central; desses, um terço foi para campos de concentração, um
terço para o exílio interno e outro terço foi executado ou morreu em
trânsito" (Paul Johnson, op. cit., pg. 228). Sob Lenin, foi utilizado um pequeno
número de "escravos políticos", mas, sob Stalin esse número expandiu-se
e "uma vez iniciada a coletivização forçada, em 1930-33, a população
dos campos de concentração subiu para 10 milhões e, depois do começo de
1933, ela nunca caiu abaixo desse número, até bastante tempo depois da
morte de Stalin" (Paul Johnson, in Tempos Modernos, pg. 230).
(7)
Hospitais psiquiátricos - Utilizados na antiga União Soviética para
internar intelectuais que criticavam o regime comunista, a exemplo do
Instituto Serbsky. Em muitos julgamentos, o regime de Moscou declarava
os réus de "irresponsáveis", negando-lhes a permissão de estar
presentes em seu próprio julgamento, para facilitar o envio dos
dissidentes a clínicas psiquiátricas. "O castigo psiquiátrico era dado
principalmente a transgressores do capcioso artigo 58 do código
criminal, que lidava com atos 'anti-soviéticos': entre os internos
companheiros de Yarkov estavam incluídos cristãos, trotskystas
sobreviventes, opositores a Lissenko (9), escritores heterodoxos,
pintores e músicos, letões, poloneses e outros nacionalistas. (...) Em
1959, o Pravda publicou a seguinte citação de Kruschev: 'Um
crime é um desvio dos padrões de comportamento geralmente reconhecidos,
com freqüência causado por distúrbios mentais. (...) Aqueles que
começam a exigir a oposição ao Comunismo... é claro que o estado mental
de tais pessoas não é normal. (...) A primeira vez em que o Ocidente
ficou inteirado da psiquiatria penal soviética foi em 1965, com a
publicação de 'Ward 7', de Valery Tarsis" (Paul Johnson, in Tempos Modernos,
pg. 573-4) (10). Centenas de pessoas perfeitamente sadias foram
libertadas de clínicas psiquiátricas depois das denúncias de Kruschev,
em 1956. Os responsáveis, porém, não foram punidos, permaneceram nos
cargos para mais tarde, com a reabilitação de Stálin, voltar a agir
contra os dissidentes.
(8)
Empalação - "Suplício antigo, que consistia em espetar o condenado em
uma estaca, pelo ânus, deixando-o assim até morrer." (Dicionário
Aurélio). Olavo de Carvalho, em seu artigo O espírito da clandestinidade,
afirma: "O requinte soviético foi que os candidatos a empalamento não
foram escolhidos entre empaladores em potencial, mas entre padres e
monges, para escandalizar os fiéis e fazê-los perder a confiança na
religião, segundo a meta leninista de `extirpar o cristianismo da face
da terra`; esfolar prisioneiros, fechá-los numa tumba junto com
cadáveres em decomposição, colocá-los na ponta de uma prancha e
escorregá-los lentamente para dentro de uma fornalha, encostar na sua
barriga uma gaiola sem fundo, com um rato dentro, e em seguida aquecer
com a chama de uma vela o traseiro do rato para que, sem saída, ele
roesse o caminho no corpo da vítima - eis alguns dos processos então
documentados por uma comissão de investigação dos países aliados. (...)
O canal dos exilados cubanos, TV Martí, exibe semanalmente uma
procissão infindável de dedos cortados, orelhas arrancadas e olhos
vazados que atestam a continuidade do leninismo nas prisões políticas
de Havana."
(9)
Lissenkoísmo - Política oficial soviética do estudo da genética, que
classificava as ciências como "burguesas", de um lado, e como
"socialistas" ou "proletárias", de outro lado. As teorias mendelianas
de hereditariedade, adotadas pelo principal geneticista da União
Soviética, Nikolai Vavilov, eram consideradas um anátema para os
dirigentes soviéticos. Como os genes, àquela época, não podiam ser
"vistos", os lissenkoístas podiam acusar os mendelianos de os haver
"inventado". O Lissenkoísmo confiava mais na criação do que na
natureza, estava mais empenhado em moldar o "novo homem socialista" do
que aceitar a realidade dos caracteres humanos geneticamente
transmitidos e suas mutações ocasionais. A teoria genética desenvolvida
por Gregor Mendel, Thomas Morgan, Hugo de Vries, August Weismann,
recebeu oposição na União Soviética dos geneticistas liderados por I.
V. Michurin e T. D. Lissenko, que seguiam o lamarckianismo – a crença
na hereditariedade dos caracteres adquiridos – e métodos de tentar
mudar os caracteres por meio de mudança do ambiente, uma concepção que
se encaixava melhor nas idéias marxistas-leninistas. "A biologia
soviética caiu nas mãos do extravagante e fanático T. D. Lissenko, que
pregava uma teoria de caracteres adquiridos por herança, à qual chamou
de 'vernalização': a transformação de trigo em centeio, pinheiros em
abetos e assim por diante – essencialmente tolices medievais. (...) A
genética foi atacada ferozmente como 'uma pseudociência burguesa',
'antimarxista', que levava à 'sabotagem' da economia soviética. (...)
Na medicina, uma mulher chamada O. B. Lepeshinskaya, pregava que a
velhice poderia ser adiada graças a lavagens intestinais de bicarbonato
de sódio" (Paul Johnson, op. cit., pg. 381).
(10) JOHNSON, Paul. Tempos Modernos - O mundo dos anos 20 aos 80.
Biblioteca do Exército Editora e Instituto Liberal, Rio de Janeiro,
1994 (Tradução de Gilda de Brito Mac-Dowell e Sérgio Maranhão da Matta).