Memorial - Concepções de Currículo na Educação Profissional

Por Fernanda Cardoso Almeida | 20/03/2017 | Educação

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DO PARÁ - IFPA

ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

CAMPUS ITAITUBA

 

 

 

 

 

FERNANDA CARDOSO ALMEIDA

 

 

 

 

 

 

 

MEMORIAL

 

 

 

 

Memorial apresentado ao Curso de Especialização em Docência para a Educação Profissional, Científica e Tecnológica como requisito de avaliação da Disciplina Concepções de Currículo na Educação Profissional, ministrada pela Prof.ª Dr.ª Djalmira de Sá Almeida Barros.

 

 

 

 

 

 

Santarém Pará

2017

  1. Identificação

 

Nome: Fernanda Cardoso Almeida

Filiação: Fernando Cardoso Almeida

Maria Auxiliadora Cardoso Almeida

Nascimento: 21/03/1989

Nacionalidade: Brasileira

Naturalidade: Santarém, Estado do Pará, Brasil

Endereço Residencial: Travessa Independência, nº. 488, Bairro: Cidade Nova, Óbidos, Estado do Pará

Avenida Presidente Vargas, nº. 1720, apto. 101, Santa Clara, Santarém, Estado do Pará

CEP: 68250-000

Telefone: (093)99205-5669/(093) 99104-1647

E-mail: fernanddaalmeida@gmail.com

Endereço Profissional: Rodovia PA 437, Km 02, S/N, Zona Rural, Óbidos, Estado do Pará

CEP: 68250-000

Telefone: (093) 99205-5669

E-mail Institucional: fernanda.almeida@ifpa.edu.br

RG: 5454556

CPF: 924.178.092-49

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5977636955500364

 

  1. Formação Educacional

 

2.1. Da Educação Infantil ao Ensino Fundamental

Na época de minha infância a Educação Infantil era constituída pelos “prés”: “Pré I” e “Pré II”, quer dizer, antes disso, havia também as creches, mas até hoje não sei se faziam parte desse nível de ensino naquele momento.

Minhas irmãs, duas, mais jovens, ambas foram para a creche; começaram suas vidas estudantis bem cedo, ainda com quatro ou cinco anos. Eu não, fui para a escola com oito anos de idade, cursando a então chamada primeira série do Ensino Fundamental.

Tinha que ir levar e buscar minhas irmãs na creche e trazê-las em segurança, porque se alvo acontecesse com elas nessa trajetória a culpa era sempre minha. Por ser a “mais velha,” tinha que dar conta das mais novas e zelar por elas, respondendo, inclusive, por coisas que elas faziam na minha ausência, como roubar as flores do jardim da vizinha, sobre o que eu também era responsabilizada. Tinha que dar o exemplo, sempre tive.

Fui alfabetizada em casa, por minha mãe, que mesmo tendo somente o Ensino Fundamental Menor, na época chamado de primário, conseguiu fazê-lo de forma, eu diria, primorosa. Lembro-me de minha alfabetização em detalhes, de quando comecei a conhecer as letras, a formar sílabas. Lembro-me de que nas caixas de mercadorias que chegavam lá em casa - tinha esquecido, em casa meu pai tinha um comércio de artigos diversos, pelo menos até quando viveu conosco - vinham uns pedaços de papelão quadrados, neles eu escrevia as letras do alfabeto, uma por uma, e depois comecei a brincar com elas. Era minha diversão. Ah, fazer contas também, adorava.

Depois que comecei a soletrar, lembro que, nas poucas vezes que saía para algum lugar com minha mãe, ela me forçava a ler tudo enquanto era letreiro de loja, cartaz ou faixa que encontrávamos; eu tinha que ler, e nisso me esforçava muito. Aprendi a ler com cinco para seis anos.

Quando cheguei à escola, começou o suplício. Como já sabia ler e escrever - tinha esquecido novamente, minha mãe me ensinou a escrever também, pelo menos as coisas mais básicas, o que ela sabia - e não escrevia a lápis, diferentemente de todas as outras crianças, visto só tinha escrito à caneta até então, todo mundo me achava diferente, e faziam questão de deixar isso transparecer, inclusive a professora, mas com ela era de outra forma; fazia questão de me fazer sentir diferente dos demais, contudo, de uma forma boa.

Eu era a maior criança da turma. Tinha oito anos e parecia que já tinha doze. Já sabia tudo aquilo que a professora tanto se esforçava para que os meus colegas aprendessem, ou pelo menos, tentassem. A coisa foi ficando estranha, estava perdendo o interesse pela escola... Foi a primeira vez que tive vontade de ser professora.

Vendo a situação, minha professora, mais tarde colega de trabalho, fez de mim uma “professora mirim”, sua assistente, para tudo. Como era bem mais alta que os demais, conseguia escrever as tarefas no quadro, e passei a fazer isso quase todos os dias, assim como verificar a produtividade dos colegas, e até a hora que o lanche estava pronto. Se isso era exploração, não sei, pode até ser que seja, mas para mim era ótimo, sentia-me útil.

Daí para frente a situação foi melhorando, comecei a entrosar-me com as outras professoras - a grande maioria era de professoras mesmo, mulheres - e já auxiliava não somente a minha professora, mas às outras também, aquelas que não me achavam muito precoce, é claro. Na verdade, ajudava até às serventes - as auxiliares de serviços gerais eram chamadas assim, serventes - e até mesmo a diretora delegou-me algumas responsabilidades porque via que eu dava conta de realizar.

Foi assim por todo o Fundamental Menor, que terminei com honras; até hoje minha mãe se “empavula” com meus boletins desse tempo, ou melhor, de todos os tempos. Em toda minha vida acadêmica tive ótimas notas, não por ser cobrada sobre isso por meus pais, mas porque eu mesma me cobrava terrivelmente, não aceitava menos que a excelência... Acredito que ainda continuo assim.

 

2.2. Do Ensino Fundamental Maior

Da quinta à oitava série do Ensino Fundamental, estudei em escolas separadas. A quinta série fiz na Escola Dom Floriano Loewenau, uma escolinha municipal que ficava bem perto da minha casa. Conhecia quase todo mundo e quase todo mundo me conhecia. Era bom, as serventes me tratavam como da família, mas como meus pais eram comerciantes, a maioria das pessoas achava que eu não precisava de nada, nem de muita atenção. Eles pensavam que somente mereciam atenção os alunos problemáticos, que brigavam, que engravidavam no começo da adolescência; pelo menos era o que eu sentia, mas enfim.

A partir da sexta série passei a estudar na Escola Felipe Patroni, em outro bairro. Fui conhecer uma realidade diferente, um mundo bem diverso do vivido até ali. Aí começou o que chamo de “o outro lado”.

Esse lado iniciou com o divórcio anunciado dos meus pais. Digo isso porque desde que eu tinha seis meses de vida eles ensaiavam isso, mas quando completei onze anos, aconteceu. Não posso prolongar-me a descrever como se deu esse processo, em virtude das delimitações deste texto, tanto de finalidade quanto de extensão, porque esse período da minha vida dá um livro.

O fato é que comecei a trabalhar muito cedo. Ainda criança tinha de assumir responsabilidades que, algumas vezes, sentia que me prejudicavam, não via outras crianças da minha idade tendo de fazer o que eu fazia. Mas nunca me senti pior que os outros, nem muito menos acreditei ser digna de pena de alguém, pelo contrário, lembrava que minha querida avó dizia: “Filha, Deus dá o frio conforme a roupa”.

Trabalhava, inicialmente, no comércio lá de casa, ou no que sobrou dele depois que meu pai nos abandonou; bom, esqueçamos isso, não é algo bom de se lembrar.

Trabalhava pela manhã e estudava à tarde, voltava a trabalhar à noite para que minha mãe pudesse ir terminar o Ensino Fundamental, pelo menos. Tinha de cuidar de minhas irmãs, dar conta dos meus estudos e ainda viver o que tinha que viver naquela fase da vida. Mas, consegui, meus professores eram ótimos. Digo isso porque, hoje sei que fazer o que faziam, com os recursos que tinham, é ser ótimo, é fazer a diferença.

Terminei o Ensino Fundamental com trinta notas de dez no boletim. Minha mãe não se continha de tanta felicidade, nem ela mesma entendia como eu conseguia, mas acredito que quando se quer, se consegue, ainda que tudo esteja conspirando em desfavor de nossos objetivos.

 

2.3. Do Ensino Médio

O Ensino Médio estudei na modalidade Normal, aquela de “antigamente”, das professoras “normalistas”; nunca me arrependi. Tive a possibilidade de cursar o Ensino Médio “comum”, haja vista que entrei nesse nível de ensino justamente no ano na reforma do ensino médio - 2005 - a última antes dessa que agora temos notícia. Meu pai, mesmo ausente queria meter-se nas nossas escolhas educacionais, dizendo que eu não deveria cursar o normal, não deveria ser professora, que iria morrer de fome, esse tipo de comentário; eu não ligava muito para isso, aprendi bem cedo que as pessoas só dão o que têm e que não podemos cobrar muito de quem não têm nada.

Minha mãe disse que eu tinha que fazer o normal porque iria ter uma profissão, e eu tinha que trabalhar. Lembro perfeitamente quando ela me disse que aquilo era a última coisa que ela poderia me ajudar a conseguir em termos de educação, que dali para frente não tínhamos mais condições para nada. Eu claro, não acreditei, tenho o vício de duvidar.

Cursei o Normal, com todas as dificuldades previstas para minha situação. Eu sabia que não seria fácil, o curso era bem exigente, tínhamos que estudar, que estagiar, que participar de projetos na comunidade e todas essas coisas da formação de professores, mas isso era a menor das minhas preocupações. O aspecto pessoal é que mais me demanda esforços.

Do jeito que era para ser, terminei o Ensino Médio, agora era professora e comecei a trabalhar dando aulas logo após completar dezoito anos.

Participei de um projeto para alfabetização de adultos pelo método do Professor Paulo Freire; lá vi coisas que ninguém deveria ver. Lembro muito bem de um dia falar com uma senhora analfabeta que me disse que queria estudar, aprender a assinar seu nome, mas que seu marido não deixava... Toda vez que lembro isso, vem-me essa repulsa.

 

  1. Graduação

Inscrevi-me para fazer as provas do Processo Seletivo Simplificado - PSS da Universidade Federal do Pará - UFPA, para Direito. Ao chegar à escola onde deveria prestar as provas, descobri que tinham mudado o local de prova e que ela seria realizada em outro município a quilômetros dali... Quebrei meu quarto todo com tanta raiva que estava sentindo, estudei tanto para nada.

Direito sempre foi minha paixão, antes até da Educação, mas eu sempre soube bem que queria ser professora, e fui.

Passei para cursar Matemática na Universidade Estadual Vale do Acaraú, de Sobral, no Ceará. Lá a faculdade é pública, nas na minha cidade foi privada, então tive que pagar para estudar. Assim, fui lecionar no Ensino Fundamental na Escola Municipal São Francisco, em Óbidos, Estado do Pará, cidade que muito bem nos acolheu quando viemos de Santarém. Lá tinha mais de duzentas horas de trabalhado, dava aula para todas as séries de escola, da quinta série do Ensino Fundamental à quarta etapa da Educação de Jovens e Adultos - EJA, e em seis disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Estudos Amazônicos, Educação Artística e Geografia... eu era multidisciplinar.

Quase me matei de trabalhar nesse tempo, mas não foi só por necessidade, eu gosto de dar aulas, penso que é um privilégio trabalhar com educação, ainda que parcos sejam os recursos que a nós chegam, quase sempre.

O tempo de minha faculdade foi também o tempo de contrato com o Município de Óbidos. Nesse período, lecionei na Escola São Francisco, como antes dito; na Escola Felipe Patroni, onde cursei o Fundamental; e na Escola Guilherme Lopes de Barros. É evidente que não tenho somente lembranças boas, mas essa foi uma fase muito importante para meu crescimento profissional, e enquanto pessoa também.

Não participei de projetos de inovação científica ou de pesquisa, não por falta de vontade, mas por falta de tempo, tive que priorizar o trabalho. Contudo, sei da importância dessas ações para a formação dos educadores, e acredito que essa participação é algo que posso fazer em etapas futuras, para aperfeiçoamento do meu currículo e das minhas práticas educacionais.

 

  1. Atuação Profissional

 

4.1. Secretaria de Estado de Educação do Pará

Seis meses antes de concluir a graduação, passei em primeiro lugar no concurso para a então Secretaria Executiva de Educação do Pará - SEDUC, atual Secretaria de Estado de Educação do Pará. Lá conheci mais um lado da educação: a administração educacional. Passei a exercer funções administrativas e docentes, e lá se foram quase oito anos de dedicação à educação estadual, por todos os ângulos, desde o arquivo até a gestão.

Nesse meio tempo, lecionei nas três séries do Ensino Médio, embora não fosse docente efetiva, todavia a experiência mais marcante por mim vivenciada nesses anos foi lecionar no Projeto Mundiar.

O projeto em questão é uma iniciativa do Governo do Estado do Pará, no sentido de atender aos alunos em situação de distorção idade/série no Ensino Médio. Lá vi situações de todo tipo, desde uma aluna com problemas neurológicos que engravidou no início do curso até um rapaz que tinha de sair de casa às 07 da manhã, do sítio onde morava, chegava à escola às 12 horas, assistia às aulas e chegava, de volta em casa, quase às 22 horas. Aí compreendi mais uma vez que quem quer, consegue.

 

4.2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

No dia 1º de novembro de 2017, tomei posse como Técnica em Assuntos Educacionais no Instituto Federal do Pará - IFPA, Campus Óbidos. Na oportunidade, estava no segundo semestre de Direito... não tive dúvidas, tranquei a faculdade e fui cumprir a promessa que fiz à educação, desde minha primeira formatura. Está sendo uma boa oportunidade para desenvolvimento profissional e sei que este tempo servirá de aprendizado e progresso para minha carreira.

Já fiz várias atividades que nunca imaginei fazer, fiz planejamentos, coordenei equipes, organizei eventos, estou participando da gestão educacional, como nem imaginava que poderia, e acredito que, os vários desafios que virão, servirão para desenvolver-me e para que eu consiga contribuir bem mais com a educação, área à qual sirvo desde que fui alfabetizada por minha mãe.

 

  1. Pós-Graduação

 

5.1. Especialização em Docência para a Educação Profissional, Científica e Tecnológica

No dia 08 de fevereiro de 2017, inscrevi-me para concorrer a uma vaga no Curso de Especialização em Docência para a Educação Profissional, Científica e Tecnológica, oferecido pelo IFPA aos seus servidores. Fui uma das contempladas e estou estudando o referido curso. Pelo que já vimos, esse é uma oportunidade que atenderá satisfatoriamente às nossas necessidades de formação para o adequado desempenho de nossas atividades funcionais e sociais.

 

5.2. Especialização em Gestão e Organização da Escola

Quando iniciei minhas atividades no IFPA, percebi que somente a Graduação, exigida para o cargo que ocupo, não daria conta das necessidades de conhecimento que senti, por isso comecei o Curso de Especialização em Gestão e Organização da Escola na Universidade do Norte do Paraná - UNOPAR, na modalidade à distância, por entender que a finalidade do curso atende às especificidades do cargo, e que o arcabouço conceitual que ele fornece embasará minhas construções teóricas ao longo de minha trajetória no Instituto.

 

  1. Projeções para o futuro

O próximo passo que pretendo dar em minha carreira é o Mestrado, especificamente o Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica, que é ofertado em rede nacional e em cujo público-alvo estão inseridos os servidores federais dos IF’s - Institutos Federais de Educação.

Voltado para o a educação profissional e tecnológica, nas atividades de produção de conhecimento, aperfeiçoamento do ensino e desenvolvimento de tecnologias por meio de estudos sobre o mundo do trabalho em articulação com a educação, é uma ação que me parece adequada para minhas atuais ocupações no IFPA, bem como para as futuras.

Penso que essa é uma fase inevitável a quem se propõe a atuar na área educacional e está realmente comprometido com sua formação profissional e com a excelência dos serviços que se presta à sociedade.

Para além disso, já vislumbro o Doutorado e, provavelmente, o Pós-Doutorado, ambos na área educacional, por acreditar que o aperfeiçoamento de meus conhecimentos e práticas é pré-requisito para o desempenho de minhas funções nos padrões aos quais me proponho.

Minha formação toda, até hoje, tem sido educacional; cresci entre professores e disso orgulho-me. Meu objetivo para conseguir tudo o que ainda não tenho é tornar-me cada vez mais competente, mais profissional e comprometida com a área que me escolheu. Para isso empreenderei esforços e coragem, assim como foi, desde o início.