MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: ETIMOLOGIA

Por NERI P. CARNEIRO | 11/07/2009 | História

O que vem a ser Memória e Patrimônio, do ponto de vista da história? Vejamos como podemos compreender mais adequadamente esses dois conceitos: memória e patrimônio, a partir de sua etimológica.

A palavra patrimônio é formada por dois vocábulos greco-latinos: "pater" e "nomos". A palavra "Pater" significa chefe de família, ou em um sentido mais amplo, os antepassados. Dessa forma pode ser associada, também a bens, posses ou heranças deixados pelos chefes ou antepassados de um grupo social. Essas heranças tanto podem ser de ordem material como imaterial – um bem cultural ou artístico também pode ser um legado de um antepassado. A palavra "Nomos" origina-se do grego. Refere-se a lei, usos e costumes relacionados à origem, tanto de uma família quanto de uma cidade. O "nomos" relciona-se, portanto com o grupo social. O patri-monio pode ser compreendido, portanto, como o legado de uma geração ou de um grupo social para outro.

Por sua vez a palavra Memória origina-se do Grego "mnemis" ou do latim, "memoria". Em ambos os casos a palavra denota significado de concervação de uma lembrança. Trata-se de um termo presente e utilizado por várias ciências sendo absorvida pelas novas correntes historiográficas. Para os gregos a memória estava recoberta de um halo de divindade, pois referia-se à "deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que protegem as artes e a história" (CHAUI, 2005, p. 138).

De acordo com M. Chaui a "memória é uma evocação do passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total. A lembrança conserva aquilo que se foi e não retornará jamais" (CHAUÍ, 2005, p. 138). Para ilustrar isso a autora narra a lenda de Simônides, salvo de um acidente em que morreram inumeras pessoas. Como os mortos ficaram irreconheciveis Simônides pode identificá-los graças à "arte da memória" de um poema, dedicado às musas e deuses. Em função dessa "evocação" nossa sociedade preserva elementos culturais, memoráveis, em locais denominados "museus", a casa das musas.

Em princípio podemos dizer que a história é uma ciência dos patrimônios e da memória. E, por que não dizer? dentro de uma corrente positivista, ela foi entendida e tida como uma ciência dos monumentos. Daí a frequente utilização do conceito "patrimônio histórico" referindo-se a algum monumento arquitetônico de uma sociedade ou de um grupo social, daí, também a visão de história associada aos heróis. Mas nisso se manifesta o grande problema: tanto o patrimônio como a memória são realidades presentes. Não são o passado! Vieram do passado, permanecem no presente, mas não são o passado nem o presente. Podemos dizer que são marcas do passado no presente; estabelecem, uma ponte entre a fluidez do presente à inacessibilidade do passado. Além disso todo monumento está carregado e carrega uma intencionalidade. Ao historiador cabe perguntar o porquê desse monumento ter sido erigido, e não outro. Saber o porquê de, entre inúmeros personagens e fatos aquele, especificamente, ter sido erigido como monumento.

Com isso já podemos adiantar que somente a perspectiva possitivista não é suficiente para responder todas as indagações levantadas pelo cotidiano da pesuqisa ou do olhar crítico dos que evocam as marcas da memória, como a dizer que a vida e o viver manifestam-se dialeticamente. A partir disso podemos fazer uma constatação: as ações humanas fazem a história e, ao mesmo tempo, manifestam aquilo que o ser humano é capaz de produzir, também chamado de cultura. Mas por que o ser humano produz os elementos culturais? Por que age no mundo? Para deixar sua marca, perpetuando-se não so em sua descendência como também em suas realizações.

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