Medidas de controle e produção mais limpa em empresas de galvanoplastia
Por Rodrigo Lonardoni | 16/12/2010 | AmbientalAutor: RODRIGO LUÍS MILARÉ LONARDONI
Artigo: MEDIDAS DE CONTROLE E PRODUÇÃO MAIS LIMPA PARA EMPRESAS DE GALVANOPLASTIA
1 - INTRODUÇÃO
Hoje em dia todas as empresas, independente de sua função no mercado, estão preocupadas com melhorias em seu setor produtivo, economizando recursos naturais em seu processo, minimizando a geração de resíduos e tratamento dos mesmos, estando de acordo com normas e leis cabíveis, e consequentemente melhorando a parte econômica da empresa, visando uma melhoria não só internamente, mas também fora dela, se preocupando com a imagem perante clientes, fornecedores e sociedade.
Com a finalidade de preparar a empresa nos padrões exigidos, com mudanças simples e significativas, gerando um resultado economicamente positivo, este trabalho tem como princípio, fazer uma análise preliminar da empresa, pesquisando todas as fontes de poluição significativas da empresa, os resíduos com o qual a empresa trabalha, as leis cabíveis definindo os padrões de emissão, tanto atmosférica, efluentes ou qualquer poluição que possa afetar o solo, diminuição de recursos naturais ou superficiais, recuperação de materiais, segurança dos funcionários, e além de tudo, informar a todos da empresa o que é uma política ambiental, definindo seu conteúdo e sua importância internamente e fora dela.
2 ? OBJETIVOS
- conhecer e analisar a parte física da empresa
- observar os problemas da empresa
- Separar todos os processos
- definir leis e padrões exigidos
- analisar os fatores mais impactantes
- conhecer os riscos desses fatores
- procurar soluções para esses fatores
- criar medidas para melhoria, como solução mais cabível para a situação
- Mostrar o custo para a empresa, o quanto irá economizar ou ganhar
- Propor objetivos e metas
- Implantação
- Melhorias
3 ? HIPÓTESES
Com um estudo aprofundado na empresa, esta empresa iniciará um processo específico voltado para redução de custos, respeitando diretamente o meio ambiente, como, recuperação ou reaproveitamento de materiais 3Rs, formas diversificadas de recursos naturais, como energia e água, analisando os aspectos e formas de produção mais limpa, procurar estudar o tempo de vida útil do produto e lembrando dos impactos de seus rejeitos.
Todos esses fatores são peças de uma inovação, fazendo com que a empresa tenha ordenação e consistência para controlar suas preocupações ambientais, priorizando recursos e tendo conhecimento dos processos dentro da empresa e suas responsabilidades fora dela com os impactos que possam ser gerados.
4 ?METODOLOGIA UTILIZADA
Analisaremos situações através de fotos, onde empresas de galvanoplastia teve ou possam ter futuramente, problemas com desperdício em processos industriais diversos, e após análise de correção, melhorias conforme algumas alterações práticas e simples.
Em consideração, alguns aspectos são importantes como, controle de processo, parte física do prédio, padrões de emissão, métodos de produção mais limpa, treinamento de funcionários, leis e normas cabíveis e melhoria contínua.
4.1 ? Problemas com instalações elétricas e iluminárias
Foi detectado alguns problemas nas instalações, elétrica e iluminária no setor de produção, e também com as cores das paredes internas desse setor, que deixava o ambiente pouco claro.
Esses problemas geravam custos adicionais à empresa, além de contribuir para uma probabilidade de ocorrência para com qualquer acidente de trabalho devido às péssimas instalações.
4.1.1 - Problemas nas instalações iluminarias;
O problema na iluminação acontecia no setor de produção da empresa, onde existe os tanques para deposição das peças. Esse setor não possuía janelas, o que ocasionava o uso constante de energia com iluminação artificial, além de gerar despesas para manutenção. Outro problema a ser citado é o fato de circulação do ar, devido ao ambiente fechado e a pintura escura do ambiente.
Foto encontrada no site da CETESB Foto encontrada no site da CETESB
antes da mudança depois da mudança
Melhorias: Instalação de janelas e pintura do teto e paredes.
- ambiente mais claro
- economia de energia
- melhor circulação do ar
- economia para manutenção das lâmpadas
4.1.2 - Problemas nas instalações elétricas;
As instalações elétricas estavam precárias, com toda estrutura corroída, com vários fios soltos o que poderia ocorrer um risco de acidente a qualquer momento.
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Foto encontrada no site da CETESB antes da mudança
Foto encontrada no site da CETESB depois da mudança
Melhorias: Instalação de barramentos elétricos de cobre que permitem flexibilidade na mudança de layout, implantação de programa de manutenção preventiva e sinalização de risco, melhorando a segurança dos funcionários.
4.2 Problemas com pisos e infiltrações
Foi detectado alguns problemas resultantes do processo de produção e tratamento de resíduos, onde determinados produtos químicos corroiam o solo, causando infiltração nas bases do prédio,poluição no local de trabalho, além do risco de ocorrer uma degradação ao meio ambiente.
Foto encontrada no site da CETESB antes da mudança
Foto encontrada em site de piso especializado (Profix)
Melhorias: Instalação de pisos apropriados, impermeáveis, isento de porosidade, elevada resistência podendo suportar grandes quantidades de materiais químicos e com grandes volumes.
5 - REFERENCIAL TEÓRICO
Para se obter um controle de normas e leis cabíveis para uma empresa de galvanoplastia, é necessário o conhecimento de todos os documentos que uma empresa, seja ela de grande, médio e pequeno porte, certos documentos essenciais para o seu perfeito funcionamento.
5.1 ? Leis e normas
- Certificado de licença de funcionamento para exercer atividades com produtos químicos, Lei n.10357/2001
- certificado de registro junto ao Ministério da Defesa do Exército Brasileiro, aprovado pelo decreto 3665/2000.
- Documento que demonstra o uso de produtos controlados, feito pela Delegacia Seccional local, de acordo com os Decretos, estadual 6011/35 e federal 3665/00.
- Conselho regional de Química (CRQ), contendo o ART, certificado de anotações de responsabilidades técnicas, de acordo com a lei 6839/80.
- Licença para localização, funcionamento e etc, contendo controle municipal.
- Licença de Operação, de acordo com a lei Estadual 13542/09, que regulamenta o decreto 8468/76.
- PPRAG, programa de prevenção de riscos ambientais em galvânicas, portaria n. 25 de 1994.
- Auto de vistoria e liberação do corpo de bombeiros.
5.2 Processos de controle de produção e serviços mais limpos
Para se obter o controle dos aspectos que possam gerar impactos significativos, o correto é o treinamento dos funcionários, com técnicas adequadas de trabalho e medição dos tratamentos do processo e economia nos recursos naturais, como água e energia.
5.2.1 ? "Uso de chuveirinhos": o lema "quanto mais água jogar nas peças melhor" não pode ser aplicado atualmente. A água é recurso finito e as concessionárias de água cobram cada vez mais pela sua utilização. Há algumas empresas que lavam suas peças com uma torrente de água saindo direto da tubulação de abastecimento. Nesse ponto, o uso de chuveiros é uma medida de racionalização de consumo. Para as que já adotaram o chuveiro, é preciso sempre lembrar que a busca por dispositivos mais eficientes e econômicos, em termos de economia de água, deve ser constante.(CETESB.sp.gov.br)
5.2.2 ? Aumento da vida útil dos banhos com carvão ativado
Conforme vão sendo usados, e mesmo com a passagem de tempo, os banhos galvânicos adquirem certa contaminação, perdendo sua capacidade. A filtração com carvão ativado realizada para eliminar aditivos orgânicos degradados, gerados na oxidação anódica ou redução catódica, cuja presença influi negativamente na deposição metálica. Deve-se atentar que sempre há perda de uma parte do banho pela filtração por carvão.(CETESB.sp.gov.br)
Eletrólise seletiva de banhos: O uso de baixas densidades de corrente e altas velocidades de deposição faz os metais contaminantes se depositarem em taxas muito maiores que a habitual. Este princípio é utilizado para eliminar metais contaminantes, como por exemplo em banhos de níquel para remover contaminações de zinco ou cobre, e em menor grau para limpeza de banhos de cobre e prata. Para tanto, colocam-se chapas onduladas ligadas a um retificador dentro dos banhos, depositando-se os metais nelas.(CETESB.sp.gov.br)
Reduzir as perdas por arraste (drag-out)
O arraste (também conhecido pelo nome em inglês: drag-out) é certamente o problema que acarreta a maioria das perdas econômicas no processo de galvanoplastia. O arraste se caracteriza quando a solução do banho, aderida as peças e as gancheiras, é carregada para os tanques seguintes. Sabendo que cada gancheira carrega cerca de 15 a 18 ml de banho, torna-se importante buscar alternativas de redução desta perda.
Em todas as publicações sobre galvanoplastia existe a preocupação em abordar o arraste, pois este causa:
- Contaminação dos banhos subseqüentes;
- Aumento no consumo de produtos químicos;
- Maior consumo de água para reposição de enxágues;
- Aumento nos custos de tratamento de efluentes, com maior consumo de reagentes;
- Maior quantidade gerada de lodo na estação de tratamento de efluentes
Existem diversas medidas que reduzem o arraste de banhos, sendo todas elas resultado de observações práticas e constantes de manuais internacionais. O enfoque destas medidas se concentra principalmete em:
? Aumentar o tempo de escorrimento: ao retirar as gancheiras dos banhos recomenda-se esperar o tempo mínimo de 10 segundos antes de passar para o enxágüe. Com isso, a solução que está aderida a superfície das peças cai de volta ao banho. Não adianta deixar a gancheira escorrendo por tempo maior que 15 segundos, pois o grosso do banho escorre nesse intervalo de tempo, e ao passar este tempo corre-se o risco de secagem das peças, causa de refugos por problemas de aderência;
? Uso tanque seco: coloca-se um tanque vazio depois dos banhos de processo. A gancheira com as peças fica um tempo determinado sobre esse tanque, do qual o arraste coletado é devolvido ao banho ao final do dia. É uma alternativa ao aumento do tempo de escorrimento, mas de todo modo, o empresário precisa ajustar seu tempo de processo, o que é compensado pela economia no consumo de químicos, reposição de enxágües. (cetesb, ministério do meio ambiente)
5.2.3 - Outro fator que ajuda os processos de controle de produção e serviços são os planos de emergência, como:
? organização e responsabilidades frente a emergências;
? uma lista de pessoas-chave;
? detalhes sobre serviços de emergência (por exemplo, corpo de bombeiros, serviços de limpeza de derramamentos);
? planos de comunicação interna e externa;
? ações a serem adotadas para os diferentes tipos de emergência;
? informações sobre materiais perigosos, incluindo o impacto potencial de cada material sobre o meio ambiente,
e medidas a serem tomadas na eventualidade de lançamentos acidentais;
? planos de treinamento e simulações para verificar a eficácia das medidas.(ISO 14001, 4.3.3, controle operacional)
5.2.4 - Implantar ações de prevenção e correção também é uma opção simples e bastante eficiente:
É recomendado que as constatações, conclusões e recomendações resultantes de medições, monitoramentos, auditorias e outras análises críticas do sistema de gestão ambiental sejam documentadas, e as necessárias ações corretivas e preventivas identificadas. Recomenda-se que a administração assegure-se de que tais ações foram implementadas e de que existe um acompanhamento sistemático para assegurar sua eficácia. (ISO 14001, 4.4.3, ação corretiva e preventiva).
6 ? CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como já foi citado, estes são alguns dos processos simples e significativos, que diretamente e indiretamente, vão proporcionar melhorias diversas em uma empresa de galvanoplastia, com produção mais limpa, controle dos processos, economia de recursos naturais e, para o empreendedor, economia no bolso, que além da parte financeira, não o sujeita a riscos por causar danos aos funcionários e meio ambiente, respeitando as leis e normas cabíveis e melhorando sua imagem perante a clientes, fornecedores e sociedade.
7 ? REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
Norma ISO 14004(votação 10/02/96. rev.1. ítem4.3.3.).
ISO 14004(votação 10/02/96. ver.1. Íten 4.4.3.).
CETESB; (http:www.cetesb.sp.gov.br).
Pisos profix; (http:www.pisosprofix.com.br).
Lei n.10357/2001.
Decreto Federal 3665/2000, Estadual 6911/35.
lei estadual 13542/09.
Decreto 8468/76.
Portaria n.25 de 1994.