Max e Max

Por Michelli Santos da Silva | 14/06/2011 | Geografia

Vimos que o proletariado, por sua peculiar situação econômica dentro da sociedade capitalista, é incapaz de realizar a sua revolução com um processo de história natural. Ele precisa se preparar para a revolução, organizar-se e educar-se politicamente, uma vez que não pode criar, no seio da própria sociedade capitalista, os meios de produção e de troca que lhe dariam base de sustentação. Sua emancipação vai depender não da base material, mas da consciência e do partido.
Todo o problema está no relacionamento entre ação, consciência e partido da classe operária. Num livro que publicou, em junho de 1847- quando já era, portanto, membro da Liga dos Comunistas -, a Miséria da Filosofia (contra Proudhon), Max descreveu a formação do partido. O processo descrito por ele é o do sindicalismo inglês que gerou o Partido Cartista, o movimento político das trade-unions. O modelo é o seguinte:
"A grande indústria aglomera num só lugar uma multidão de pessoas desconhecidas umas das outras". A concorrência divide seus interesses. Mas a manutenção dos salários, este interesse comum que tem contra o patrão, reúne-as num sempre um mesmo pensamento de resistência-coalizão. Assim a coalizão tem sempre um duplo objetivo, o de fazer cessar a concorrência entre os operários, para fazerem uma concorrência geral ao capitalismo. Se o primeiro objetivo de resistência não foi senão a manutenção dos salários, à medida que os capitalistas, por sua vez, se reúnem num mesmo pensamento de repressão, as coalizões, a principio isoladas, formam-se em grupos, e diante do capital sempre unido a manutenção da associação torna-se mais necessária para os operários do que o salario. /.../ Nesta luta ? verdadeira guerra civil ? reúnem-se todos os elementos necessários para a batalha futura. uma vez chegada a esse ponto, a associação adquire um caráter político.
"As condições econômicas tinham a princípio transformado a massa da população do país em trabalhadores. A dominação do capital criou para esta massa uma situação comum, interesse comum. Assim, esta massa, que já é uma classe diante do capital, não o é mais por si mesmo. Na luta, da qual assinalamos apenas algumas fases, esta reúne, constitui-se em classe por si mesma. Os interesses que ela defende tornam-se interesses de classe. Mas a luta com classe é uma luta política".
Como se nota, Max traça um paradigma em que é o próprio movimento operário, de uma forma natural e espontânea, o criador dos sindicatos, que, por sua vez, se transforma em organizações políticas. O processo começa com a luta econômica; no seu transcorrer o proletariado toma consciência de si mesmo como classe social, e culmina quando a organização operária ganha um caráter político. Não houve um agente externo para realizar a mediação entre o proletariado e a sua própria consciência de classe.
Desta forma, para que haja uma mudança na classe trabalhadora dos professores, tem-se que substituir no curso do desenvolvimento dos movimentos pelas melhorias salarias, a antiga sociedade civil por uma associação dos professores antagônica que não deve ter mais um poder políticos proprietários ditos ou aquilo, pois o poder político é precisamente o resumo oficial do antagonismo na sociedade civil.
De acordo com os partidos políticos, o resultado de um movimento dos trabalhadores tem que ser espontâneo, que se organize em escala nacional, e que adquira consciência de seus interesses de classes. Excluindo a responsabilidade da sociedade de uma ruptura com a mecanização de suas estruturas formais, com isso torna um movimento opaco.