MATEMÁTICA AÇÕES EDUCATIVAS

Por Noemia Berto de Lima | 27/01/2013 | Educação

INTRODUÇÃO

MATEMÁTICA AÇÕES EDUCATIVAS

Atualmente, vivemos numa época que se caracteriza por grandes mudanças tecnológicas onde a matemática também contribui para essas mudanças. Assim, com um novo repensar, percebe-se que o trabalho com a matemática, leva as crianças a construir senso de organização e de orientação espacial, desenvolver coordenação viso motora, melhorar a leitura, compreender com mais rapidez gráficos, mapas e outras informações, etc.

O presente estudo da Matemática nos faz refletir sobre os Contactos matemáticos do Primeiro Grau (Ações Matemáticas que Educam).

                O ensino da matemática desempenha papel decisivo, pois permite resolver problemas da vida cotidiana, é valiosa e funciona como instrumento essencial para a construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. Da mesma forma interfere na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilidade dos 18 raciocínios, no uso dos dois hemisférios (direito e esquerdo) e na abstração das três inteligências: Lógica-matemática, linguística e espacial, como também pela exigência que faz o límbico, no qual o professor deve se embasar nesses pontos relevantes para ter sucesso no ensino da matemática.

                No entanto, cada professor sabe que enfrentar esses desafios não é tarefa simples, nem para ser feita sozinha, mas a busca coletiva de soluções para o ensino dessa área faz com que os conhecimentos sejam construídos de forma a perceber o vislumbre dos padrões matemáticos do cotidiano. Podemos então, refletir o quanto são importantes no nosso dia-a-dia, pois esses são componentes de muita valia, na tecnologia, na formação profissional de cidadãos capazes de pensar por conta própria e resolver seus problemas do cotidiano. Funciona também como instrumento essencial para a construção de conhecimentos em outras áreas curriculares, do mesmo modo interfere fortemente na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento e na agilidade do raciocínio dedutivo do aluno.

                Segundo estudos realizados por Paul Maclean, citado por LIMA, o cérebro humano consiste em três computadores biológicos: (Reptílico, límbico e neocórtex) o cérebro triuno. Portanto, cada um com sua própria inteligência, sua própria subjetividade, seu próprio senso de espaço e tempo, suas próprias funções motoras, de memória e outras. De acordo com Gardner, citado por LIMA.

                ... Todos têm todas as inteligências, mas somos diferentes uns dos outros... Altamente desenvolvidos em algumas inteligências, modestamente desenvolvidos em outras e relativamente subdesenvolvidas nas restantes.

                Por esta razão cabe a nós respeitar as diferentes capacidades, pois há pessoas analfabetas, mas altamente linguísticas, por terem um rico vocabulário, outros, jamais frequentam escolas, mas são excelentes em cálculos etc.

De acordo com Gardner (2001), a inteligência amplia um feixe de capacidades ou competências intelectuais e que através das inteligências (lógica- matemática, corporal, sinestésica, musical, linguística, interpessoal e intrapessoal, o aluno desempenha atividades de construção de aprendizagem, basta que esse aluno seja estimulado através do diálogo, trabalho coletivo e ideias que despertam o gosto pela matemática, fazendo com que a criança constroem seu conhecimento através de desafios do convívio cotidiano, que lhes permitam fazer descobertas, tecer relações, organizar o pensamento, o raciocínio lógico, situar-se e localizar-se espacialmente.

                Configura-se desse modo, as referências lógica matemática que requerem outros, e que podem ser ampliadas com situações de diferente natureza, sobre as quais não dispensa a intencionalidade e o planejamento, reconhecendo a potencialidade da criança e a adequação para  tecer comentários, formular perguntas, suscitar desafios e incentivar a verbalização pela criança, que de fato vai construir o conhecimento matemático. Segundo os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais).

                A atividade matemática escolar não é “olhar para coisas prontas e definitivas”, mas a construção é a apropriação de um conhecimento pelo aluno, que se servirá dele para construir e transformar sua realidade.

                Desse modo, o autor nos mostra que o objetivo do ensino da matemática deve ser o de desenvolver a capacidade do raciocínio lógico e não a habilidade para calcular mecanicamente.

                As crianças desde cedo estão imersas em um universo do qual os conhecimentos matemáticos são parte integrante. Por isso, nós professores devemos oportunizar situações que promovam a construção dos conhecimentos, através de atividades lúdicas.

                Diante desse pressuposto, VILA nos ressalta que a base de toda aprendizagem está na ação, pois só se aprende a fazer fazendo. Pois frequentemente eles decorrem de crenças sobre o ensino e a aprendizagem matemática, assim, na maioria dos alunos afirma não gostar dessa disciplina e detesta ter que estudá-la. Segundo os autores LIMA E VILA.

                A maioria dos seres humanos teme, odeia, não entende a matemática e, logo, por aversão, não a aprende.

                No entanto, para se libertar dessas crenças, devemos ter outra visão sobre como aprender matemática e não cobrar do aluno de modo dramático, com exigências às vezes desumanas. Aos poucos os professores devem ir se posicionando, de modo a mudar a escola, a sala de aula e sua própria atuação. O professor deverá buscar argumentos que venha influenciar o interesse do aluno com assuntos da sua própria realidade, interacionando os alunos numa perspectiva de matematizar, verbalizar, registrar, enriquecer e oportunizar ao  aluno crescer intelectualmente com atividades reais, onde o mesmo vivência as situações construindo novos conhecimentos. Para tanto, devemos apresentar ao aluno simulador da matemática, onde esses vão concretizar a matemática vencendo as barreiras da abstração, permitindo sucessivas informações e a interação com as estruturas cognitivas, despertando assim o interesse do aluno, porque sua manipulação é um desafio. Do mesmo modo, se levada em consideração a realidade das influências sofridas pelos alunos em sala de aula de matemática é possível alcançar os objetivos proposto, desde que, ouvindo o aluno atenta e respeitosamente em cada fase. Segundo LIMA E VILA.

                Sem falsidades para com o aprendiz, faça comentários finais que distribuam incentivos à mão cheia e soterre, bem fundo, a apreciação desfavorável e amarga.

Dessa forma, através de perguntas, questionamentos, leitura analítica, faz se um pingue-pongue: Você concorda com o que ele disse? Você fez diferente? Isso tudo ajudará emocionalmente o aluno a chegar à matematização e reconhecer em que ponto seu aluno está. E, aí, com essas investigações a avaliação acontece, de forma a constituir um permanente exercício de interpretação, dos quais manifesta juízos de valor que lhe permitem reorganizar a  atividade pedagógica. De acordo os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais, Matemática v.03, p. 20, 2001).

                A avaliação é parte do processo de ensino aprendizagem. Ela incide sobre uma grande variedade de aspectos relativos ao desempenho dos alunos, como aquisição de conceitos, domínio de procedimentos e desenvolvimento de atitudes...

                Desse modo cabe ao professor avaliar constantemente, aprofundando o assunto com perguntas e questionamentos de vários aspectos, para se obter a certeza de que realmente aprendeu. LIMA e VILA, nos ressalta ( fasc. 01 p. 146 matemática).

                Quando aprendeu, de fato, o indivíduo se torna capaz de mexer com a estrutura do aprendizado, pois...

                Dessa forma, o aluno cria, problematiza, resolve problemas, toma decisões, organiza, sistematiza e generaliza, participando de situações que colocam a necessidade de refletir, transformando informações em conhecimentos que jamais irão esquecer.

Diante dessa realidade, foi desenvolvidas atividades do AME, (Atividades Matemáticas que Educam), Sistema de Numeração e Números Naturais. As atividades permitiu aos alunos das séries iniciais 1ª fase do 2º ciclo, vislumbrar o padrão matemático através de historinhas relacionado ao tema a se desenvolver. Foram trabalhadas atividades corporais, manipulação de objetos e manipulação com registro.

                Segundo os autores, nos ressaltam a importância de se trabalhar os sistemas de numeração, o sistema indo-arábico, onde as bases de numeração não decimais constituem uma importante ferramenta pedagógica para a construção do conhecimento da base decimal. Quanto aos números naturais, os conhecimentos são percebidos pelas crianças antes mesmo de chegarem à escola. Desse modo, ao desenvolver atividades lúdicas com as crianças das séries iniciais, partiu-se do conhecimento que já tem. Foi contado a história dos algarismos na máquina, em seguida manipularam a mesma registrando seus respectivos algarismos. As crianças ficaram fascinadas em manejar o material concreto, desenvolvendo com prazer e seriedade as atividades propostas. Segundo Reginaldo e Maria do Carmo, a matemática deve ser trabalhada partindo de contextos significativos para os alunos, orientando-os a perceber tudo o que o cerca no seu convívio cotidiano.

                Segundo Vygotsky, citado por Grossi (2003)

                É preciso considerar de qualquer maneira, que os conceitos cotidianos germinam para si, enquanto os conceitos escolares germinam em direção ao real, ao concreto.

De acordo com o autor, os conceitos do dia -a- dia (o real) devem ser conduzidos na sala de aula no momento vivenciado, através de atividades que possibilitam o desenvolver do aluno e professor e aluno/aluno, onde ambos possam ter uma interação e comunicação crítica, tornando a aula mais produtiva e construtiva. Desse modo a construção do conhecimento matemático sendo trabalhado com motivação, leva o aluno a ter uma posição favorável em relação à matemática, desenvolvendo a curiosidade para questionar, responder, aprender a confiar na sua capacidade de resolver problemas, sem contar que também podem aprender com os colegas...

Dessa forma, o trabalho de matemática, Forma Geométrica, desenvolvido na 2ª fase do 2º ciclo do Ensino Fundamental teve  o objetivo de desafiar os educandos com um confronto sadio de ideias, aprimorando as habilidades e capacidades de manusear o papel criando figuras geométricas significativas para compreender com mais clareza os processos da geometria na matemática, despertando o interesse com vislumbre e verbalização.

                Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN )- MAT.- MEC/CEF, ( 2001,pg. 55 e56).

A geometria é um campo fértil para se trabalhar com situações problema e é um tema pelo qual os alunos costumam se interessar naturalmente. O trabalho com noções geométricas contribui para a aprendizagem de números e medidas, pois estimula a criança a observar, perceber semelhanças e diferenças, identificar regularidades e vice-versa.

                Desse modo, trabalhando a geometria através do auxílio de objetos do seu convívio presente na sala de aula, esses permitirá ao aluno estabelecer relações entre a matemática e outras áreas do conhecimento. Com a utilização de materiais manipuláveis os alunos expressam pontos de vista, sentem prazer em realizar as tarefas, brincam e trocam ideias.

                Portanto, quando elas próprias constroem suas dobraduras (formas geométricas), elas assimilam melhor as cores, nomes, texturas, formas e tende a observar a forma dos objetos que os rodeiam tirando suas próprias conclusões, construindo conhecimentos que jamais irão esquecer.

                De acordo Piaget, citada por PADOVAN apud (2001 pg. 3 do Guia e Recursos Didáticos).

                (...) mostrou-nos como os indivíduos avançam de um estágio de conhecimento para outros mais amplos e complexos, vivenciando situações de conflitos cognitivos ou obstáculos que levam o sujeito a reorganizar seus conhecimentos anteriores ou a buscar novas informações para ultrapassá-los motivando-os a pesquisar e trocar ideias sobre esses problemas.

                Nessa perspectiva, cabe a nós professores trabalhar de forma integrada e diversificada as atividades na sala de aula, sempre os estimulando a desenvolver ações que levem a construir conexões que asseguram os espaços para o diálogo, trabalho coletivo, do confronto sadio de ideias, para o estímulo da autoconfiança e autoestima.

                Diante desse pressuposto foram  desenvolvidas atividades do (AME), Atividades Matemáticas que Educam na 2ª fase do 2º ciclo do Ensino Fundamental, atividades essas que foram sugeridas por LIMA (2003, pg. 123), que nos propôs a desafiar os alunos a manipulação de materiais concretos para construir dobraduras (formas geométrica), tendo como objetivo dar a oportunidade ao aluno de manusear o papel criando diversas formas geométricas, através de dobraduras de casa, bicho papão, tangran e adivinha.

                A aula teve início com uma dinâmica, brincadeira com tecidos, onde os alunos em grupos receberam tiras de tecidos coloridos, lisos. A cada ordem dada, eles iriam formar figuras geométricas tais como: triângulo, retângulo, quadrado e círculo. Logo em seguida manusearam os papéis e formaram a dobradura da casa, construindo as portas, janelas com papéis recortados. Percebi então, que alguns tiveram mais habilidades em fazer as dobras no papel e os que tiveram mais dificuldades foram ajudados pelos outros colegas. Assim se sentiram a vontade e cada um descobria uma coisa diferente e comunicava com os outros e a professora.

                Nesta aula, mesmo com a heterogeneidade da sala os objetivos foram alcançados, pois os alunos descobriram nas dobraduras as formas geométricas e destacaram seus respectivos nomes. Com essas atividades lúdicas, matematicamente falando, atividades do (AME), os alunos não se aborrecem e sempre descobrem experiências novas. É como diz Reginaldo Naves no Fascículo Um de Matemática.

                (...) para o aluno aprender, é necessário fazer com que o objeto da aprendizagem lhe seja agradável e divertido... ( Criança e jovem gosta de movimentar-se, conversar, perguntar, rabiscar, brincar, colorir, cantar, jogar e agir).

                Portanto se fossem respeitadas essas ações das crianças, a aprendizagem em matemática seria muito maior e nossos alunos estariam bem mais preparados para enfrentarem as transformações do mundo e sobreviver sem maiores dificuldades. Diante disso, esse trabalho me possibilitou a construção dos conhecimentos sobre os conceitos de  formas geométricas na matemática. Pude também refletir na minha prática pedagógica a importância das dobraduras e a matemática na sala de aula. Foram então, desenvolvidos conteúdos de forma agradável e divertida, estabelecendo conhecimentos ricos, não só para os alunos, como para o professor. Portanto, ao lançar situações matemáticas como estas, faz com que desperte o gosto pela mesma, como também amplia a utilização dos 18 (dezoito) raciocínios lógicos, o uso dos dois hemisférios, aumentando a capacidade de abstração das três inteligências; lógica-matemática, linguística e espacial, como também pela exigência que faz o límbico, no qual o professor deve se embasar nesses pontos relevantes para ter sucesso no ensino da matemática, influenciar-se e também influenciar o aluno, lembrando que só se aprende fazer fazendo, do mesmo modo, quando a criança manuseia por si próprio  ela adquire a compreensão, não esquecendo tão fácil o que aprendeu.

Bibliografia

LIMA, Reginaldo Neves de Souza. Matemática Contactos Matemáticos do Primeiro Grau, Cuiabá, EDUFMT, 2003.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática/ Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental – Ed- Brasília: A Secretária, 2001.

GROSSI, Esther Pillar. Porque ainda há quem não aprende? : A teoria/ Esther pilar Grossi (organizadora). Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

PADOVAN   2001- Guia de Recursos Didáticos.