Marrcos: visão antagónica da cultura africana de imigração

Por Lahcen EL MOUTAQI | 19/05/2015 | Crescimento

São as dificuldades económicas e sociais que levam milhares de jovens africanos a deixar seus países.

Marrocos, caracterizado como país de passagem e próximo do ocidente, chamado "triângulo de segurança", atria atenção dos africanos candidátos á imigração, cujo debate envolve factores sociais e identitários, delineados nas seguintes interrogações: Que lugar para a diversidade cultural? Que equação para o Islã e secularismo? Que papel para o país de origem deportador da imigração? Em fim qual é o pacto político e social para viver juntos aqui ou ali? Qual é o rol da globalização, da Primavera Árabe, da ascensão do jihadismo radical no coração da Europa, da islamofobia e outros movimentos extremistas...considerados a bomba-relógio ocultada sob os pés de democracias, dos ataques bárbaros em nome de uma ideologia fascista veiculada pelo ocidental contra o Islã, jihad e fanatismo, cujos epicentros se encontram na Síria, no Iraque, na Líbia e Iêmen.

São reflexos de uma ideologia transplantada no coração dos centros e bairros mais violentos onde um apartheid social, étnico e territorial está cada vez mais profundado e enraizado. Tal contexo lembra Dixit primeiro-ministro Emmanuel Valls, que interrogou sobre o que será para a Europa? A Pergunta que se faz se existe uma resposta convincente para as pessoas que imigram para ocidente?.

Somos todos cidadãos de alguns pais, segundo o qual um contexto particular fruto de uma trajetória singular. Isso reflecte o manifesto da independência dos países africanos, memória do trágico relacionamento do momento da história...

Infelizmente há registo de muitas pessoas mortos ao curzar para outro lado do mediteráneo, outros pela independência nos anos 50-60, e no campo de batalha para libertar a França da Alemanha nazista, além da tragédia da Indochina 1953-1956, ou ainda das victimas do retrato de Sidi Mohamed Ben Youssef, em Casablanca, Marrocos.

Hoje uma segunda geração chega ao estrangeiro para continuar estudos nas universidades para obter os graus mais elevados (Licenciatura, Mestrados ou doutorado PhD,), integrar a elite do país da imigração e inserir socialmente e visivelmente na cultura.

No entanto, a escolha as vezes torna dolorosa para ficar lá, por motivo diferentes das marcas dos anos de chumbo, das queimaduras da história e cisões identitárias. Uma terceira geração é aquela que representa um movimento com poucos laços do país de seus ancestrais, reflectindo um longo percurso dramático da imigração e da corolária assimilação.

Os pais imigrantes tentaram transmitir, tanto possível, uma herança, uma memória, um património, cuja dificuldade é manter intacto e preservar o esquecimento e a extinção da profunda fosse. Aí reside o desafio no qual são e serão confrontados os africanos do mundo e seus descendentes. Mas, a pergunta que se coloca é onde devemos mudar a nossa estratégia para relançar o processo de conciliação e resistir ao rolo compressor da ruptura e do espectro do pensamento diaspórico?

Os africanos não teriam armas que as escritas e publicações as que protegem o pensamento único e a negação da história, do crescimento dos movimentos extremistas e radicais. Depois do último atentado contra os jornalistas ocidentais, o mundo entendeu a lição das crianças, a mais grave consequência do que se imagina.? Indignando sobre o trauma e a reacção das questões de fundo motivo do extremismo e radicalismo?

As crianças as quais me refero são, certamente, africanas, marroquinas ... aquelas pertencentes as diferentes composições étnicas do continente africano. Considerando assim essas seguintes interrogações:

Qual é a responsabilidade do Estado, dos eleitos, dos intelectuais neste isolacionismo identitário, nesta divisão social e nesta islamofobia latente que se banaliza no discurso político? Qual é a responsabilidade dos estados do Magrebe e da Africa na instrumentalização política da comunidade muçulmana na Africa? Qual é a responsabilidade dos pais na deriva desta juventude víctima de um Islã radical, proveniente de outros lugares? Em fim qual é parte da responsabilidade da comunidade muçulmana pela instrumentalização das organizações associativas salafistas, por imãs auto-proclamados e / ou para um salafismo da Idade Média?... Essas interrogações cujas respostas são determinantes sobre o futuro destes jovens, que acreditam que nada vai ser como antes.

É muito difícil responder a tais indagações, num contexto de choques e ataques provocados por fissuras nos principais fundamentos da sociedade em termos da "Liberdade, Igualdade, Fraternidade".

Esses termos exercem uma força no processo da imigração e na preservação da cultura da integração. Outra indagações se a liberdade estigmatiza o pensamento do outro e impõe o pensamento único? Se a igualdade é sistematicamente inspirado dos acontecimento de 11 de setembro 2001? Será que a igualdade é confinada aos deserdados, ás políticas de assentamento, ás ruínas e guetos ultrapassados, exemplo dos campos de Tindouf, Saara occidental mosaico multiétnico? Será que isso é a igualdade confinada para os cidadãos e crianças africanas em perímetros institucionalizados, oficialmente alegados aos nomes ansiogênicos de zonas e territórios objecto da República: ZUS, ZEP, ZSP ...

No quadro de uma laicidade positiva da interrogações interroga-se sobre se a igualdade a ausência são da ascensão social, do freio sobre a sociedade mista? se a igualdade a indiferença são as formas ás mais perigosas de comunitarismo? ou ainda deixar movimentos políticos como Frente Nacional e outros fazer dos estrangeiros o bode expiatório de uma europa em declínio económico e social, alastrado por mais de um quarto de século? Nosso objetivo aqui não é, portanto, responder a todas essas perguntas, mas trazer uma certa visibilidade á trajetória dos africanos, á juventude e ao sucesso social, bem como dar ao africanos, e aos outros imigrantes alguns elementos de reflexão sobre a análise do choque das culturas e do confronto das ideologias, do prejuízos e do desconstrução da civilização humana.

Por fim, nenhum de nós até hoje tem uma visão clara sobre as víctimas da imigração africana que Europa julga um pesadelo. Interrogando ainda, por que ir ao ocidente? Quer dizer por que deixar seu país?, resumindo o trágico destino dos imigrantes nas costas marroquinas, líbias e argelinas. Entretanto vir para o ocidente significa deixar o país de origem, virando as costas a um passado assombrante. Seja uma tragédia a dois verbos: (Deixar o que?, e chegar onde?)

Isso refelecte o rasgo vivido entre aqueles ficam e aqueles que imigram a um mundo incerto. Trata-se daqueles que acreditam e aqueles que recusam esses valores obstinadamente. Como se disse os profetas nunca precisam de vingadores, nem de estandartes para manchar-se com sangue sinónimo da defesa, da consagração regligiosa ou sob falso pretexto de paz pervertida por fanáticos dos tempos modernos e de todos os matizes. Se os muçulmanos da Africa e da Europa não entenderam a lição sobre as manobras para erradicar este flagelo, o futuro da Europa seria condenado ao obscurantismo dogmático oposto á ciência, á perseguição e deportação.

Vale recordar o caso da Bósnia (purificação étnica), objeto de 70 anos dos campos de extermínio nazistas, cujas principais víctimas do islamismo radical são na sua maioria muçulmanos mortos por outros muçulmanos. Hoje a eclosão da amaldiçoada Primavera Árabe, a multiplicação de guerras confessionais travadas na África, notadamente do Boko Haram, separatistas Polisário aliados as facções extremistas, os quais deixaram mais de 400 mil mortes e mais de quatro milhões deslocados.

É um grito de alarme, um testemunho para as gerações futuras e terapia para os milhares de desenraizados, vindos para encontrar refúgio, fortuna ou paz, decididos morrer e não voltar ao país de origem.

A questão identitária suge assim como solução precisa para o processo num âmbito da teoria social, ela ocupa um lugar importante na cultura e na crise socio-económica dos países ocidentais. Para as novas gerações, o sistema educacional ocidental, baseado em assimilação da sociedade multicultural, das condições sob as quais uma pessoa em um momento seja a mesma pessoa em outro momento.

Como dizia o poeta, « grandes de mais para nacer e morer no mesmo lugar”, essa lição corresponde á transição identitária, processo iniciado no século 19 com a imigração do ocidente para Africa, Impulcionado pela colonização e explorado num espaço cultural, etnicamente homogêneo.

Tais equações imigratórias virariam uma inclusão da solução identitária, como integração económica á europa e sua reconstrução. Outro elemento da assimilação antropológica seria a negação da identidade original. Razão pela qual a imigração do Sul resultaria em sequelas pelo litígio colonial e fosso cultural entre o dogmático e o espiritual.

Hoje a Europa enfrenta essa diversidade cultural objeto da recusa do comunitarismo e da igualdade africana. Face a um modelo anglo-saxão dos Estados Unidos e Inglaterra que aponta o papel da crise da democracia.

O discruso ambíguo europeu responsável pela diversidade cultural e tragédias da inclusão do imigrante no contexto da afirmação do "branco, preto, ou outro" exibido de forma adulada ou assumida ...

o Islã, factor que de base para fixação da cultura árabo-africana desempenha o papel da questão identitária pelo qual se difunde, de forma visível as denuncias e a intromissão de culturas e / ou das religiões á tradição judaico-cristã, como o fundo do problema de uma linha divisória neste sínodo que vai além da cultura, ou dos interesses económicos e estratégicos para uma convivência cultural global de não-violência, de respeito, de justiça e de paz.

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador Universitário Marrocos- l.elmoutaqi@gmail.com