Maquiavel e o golpe de 2016:

Por Gabriel Silva | 01/09/2016 | Frases

Primeiro de tudo, o que é um golpe na ótica maquiaveliana? Maquiavel dirá que é uma conspiração, e que quem está no poder nunca estará seguro se quem o perdeu continuar vivo, ou seja, olhando para o Brasil, quem perdeu o poder nesses últimos 14 anos? O mercado? (creio que não, só olhar o lucro dos bancos) A elite empresarial? (Também não, nunca lucrou-se tanto nesse país) A aristocracia brasileira? Esse ultimo é discutível, alguns dirão que não, que a aristocracia sempre se manteve no poder nesses últimos 14 anos, o que é uma verdade, entretanto, e o cargo mais alto do país? esse não era ocupado por um aristocrata (ou fantoche da aristocracia) nos últimos 14 anos, portanto, o golpe de hoje parte de uma conspiração dos antigos príncipes donos do poder, os mesmos que o governo petista foi incapaz de matar e deixou vivo.

Maquiavel é mais fundo que isso, ele dirá que para o príncipe se manter no poder é necessário que "um líder deve estar cercado por ministros leais, competentes e confiáveis", no caso de Dilma, pelo menos no ano de 2015 essa regra de Maquiavel não foi nada aplicada, ela tinha uma câmara dos deputados presidida por um inimigo ferrenho de seu governo, sr. Eduardo Cunha, o que por si só mostra uma contradição dentro do seu próprio mandato, sem contar a própria câmara e senado federal que mostra o maior poder de partidos como PMDB e PSDB em relação ao próprio PT, pois, na última instância quem aceita ou não o processo e o julga são os deputados e senadores, com isso, com um PT enfraquecido como entrou nessa última eleição foi fácil para os conspiradores tomarem o poder e fantasiar sobe o manto da legalidade.

Só para finalizar, a questão dos exércitos e armas, Maquiavel dirá que “sem possuir armas próprias, nenhum principado está seguro” (O Príncipe – cap. XIII) tanto um principado quanto um príncipe novo não estarão seguros sem um exército ao seu lado, Maquiavel ainda compara o uso de mercenários com o de exércitos nacionais falando que os primeiros são mais corrompíveis e desleais, com isso, tanto o PT quanto Dilma nunca tiveram a seu lado o exército, são príncipes novos com exércitos mercenários, mais uma contradição que a longo prazo levou a sua ruína.

"Nasce daí uma questão: se é melhor ser amado que temido ou o contrário." (O Príncipe – cap. XVII) o PT escolheu ser amado, enquanto deveria ser temido.