MANEJO DE FRANGOS DE CORTE

Por Juliana merçon de oliveira | 09/06/2011 | Sociedade

MANEJO DE FRANGOS DE CORTE

RECEBIMENTO DOS PINTOS
Deve-se assegurar que o aviário esteja limpo e sem a presença de aves por pelo menos 10 dias. Um a dois dias antes da data prevista para a chegada dos pintos é necessário que se faça uma última desinfecção do galpão e equipamentos, assegurando-se as condições de funcionamento, limpeza e em número suficiente, e que os acessos ao aviário possuam pedilúvios para desinfeção dos calçados.
Os círculos de proteção ou área para o alojamento devem ocupar menos da metade do aviário. Duas a três horas antes do alojamento dos pintos é necessário verificar se as campânulas estão funcionando e os bebedouros e comedouros abastecidos. Na chegada dos pintos, além de efetuar-se a contagem dos pintos existentes nas caixas, deve-se separar aqueles que apresentam pernas retorcidas, cabeças e olhos defeituosos, bicos cruzados e aspecto de inviabilidade de sobrevivência (refugo). O total de pintos com problemas deve ser anotado. Alojar somente aves de mesma idade em cada aviário (sistema todos dentro todos fora).
Os pintos devem ser colocados no círculo de proteção ou área para o alojamento, molhando-se o bico de alguns deles para servir de orientação da fonte d´água para os demais. Assegurar o abastecimento dos bebedouros e comedouros uma hora antes da chegada dos pintos. Todos os pintinhos devem ter acesso à ração e água logo após o seu alojamento.
Retirar imediatamente do galpão as caixas vazias para que sejam queimadas, se forem de papelão. Se forem caixas plásticas, queimar o papel e/ou cama contida nos mesmos.
Registrar as seguintes informações em fichas específicas: número de pintos e data do alojamento, ração fornecida, mortalidade e outras que forem importantes.
Manter a densidade de 12 frangos/m2, com produção de 25 a 30 kg de carne/m2; porém, considerar que a densidade pode ser variada com a época do ano, com o peso e idade das aves ao abate.


AQUECIMENTO

Figura 1. Os pintos encontram-se sob a campânula. Isto indica que eles estão procurando a fonte de calor e agrupados para se aquecer. Neste caso recomenda-se abaixar a campânula.

Figura 2. Nesta ilustração os pintos encontram-se agrupados em um lado do círculo pois provavelmente há uma corrente de ar frio que está passando, fazendo com que as aves se agrupem buscando proteção e aquecimento.

Figura 3. Neste ambiente os pintos encontram-se longe da fonte de aquecimento central. Certamente a temperatura da campânula está muito elevada. Neste caso recomenda-se elevar a altura da campânula.

Figura 4. Pode-se observar através da figura que há uma distribuição homogênea dos pintos dentro do círculo de proteção, o que demonstra conforto (bem estar para os pintos).
O aquecimento deve ser iniciado pelo menos três horas antes da chegada dos pintos. No inverno deve-se manter o aquecimento nas horas mais frias do dia, pelo menos até 15-20 dias de idade, podendo variar em função do clima. No verão pode ser dispensado a partir da segunda semana, sendo usado apenas nas horas mais frias, normalmente à noite.
O controle da temperatura pode ser feito na área abaixo da campânula e a 5 cm acima da cama com um termômetro ou ainda com base no comportamento dos pintos baixando ou levantando o sistema de aquecimento em relação a cama.
As exigências de temperatura para que as aves encontrem conforto ambiental para seu crescimento adequado são os seguintes: 32°C = 1°dia 30°C = 2° ao 7° dia 29°C = 2ª semana 27°C = 3ª semana 24°C = 4ª semana A abertura do círculo de proteção é feita gradativamente, a partir do 3º dia, podendo ser aberto diariamente conforme o comportamento e crescimento das aves. Os círculos devem ser retirados após 7 a 8 dias no verão e 10 a 12 dias de idade no inverno. O espaçamento entre os comedouros e bebedouros deve ser feito ao mesmo tempo da abertura dos círculos, de forma a deixá-los equidistantes uns dos outros para favorecer o acesso das aves. Manter os pintos distribuídos de forma homogênea em relação à fonte de calor. Garantir que no 8º dia (verão) ou 12º (inverno) os círculos de proteção, ou a área definida como pinteiro, estejam completamente abertos, utilizando-se todo o espaço do aviário preparado para o alojamento. Fazer com que o espaço restante seja gradativamente aumentado, de maneira que ao 28º dia todo o espaço do aviário esteja ocupado.


MANEJO DE CORTINAS
No momento da chegada dos pintos as cortinas devem estar em perfeito funcionamento. O manejo é determinado conforme a temperatura ambiente, umidade e, principalmente, de acordo com a idade das aves. Devem ficar fechadas nos primeiros dias de idade para manter a temperatura, abrindo-as nos dias mais quentes. Nunca abrí-las de uma só vez para evitar mudanças bruscas de temperatura e a excessiva incidência de sol no interior do galpão. Se o aviário estiver abafado ou com cheiro de amônia, principalmente de manhã, as cortinas devem ser abertas preferencialmente do lado que não recebem vento para que se realize a troca de ar, sem prejudicar os pintos.
Quando houver necessidade de revolver a cama as cortinas devem ser abertas para evitar o excesso de poeira e gases no interior do aviário. Nas idades menos críticas da criação (após o empenamento das aves) deve-se fechá-las somente nas horas frias ou durante chuvas ou ventanias.
No inverno as cortinas laterais internas devem ser manejadas em conjunto com as externas. Nos horários de frio intenso ambas devem ficar fechadas. Em temperaturas amenas deve-se manejar apenas com a cortina externa e nos horários mais quentes do dia pode-se abrir também a cortina interna, de forma a propiciar conforto aos animais e permitir a saída dos gases e poeira, principalmente quando for necessário manejar a cama. Utilizar sistema de acionamento da cortina por meio de roda dentada com corrente, e sistema de roldana.


ILUMINAÇÃO

Fornecer, por meio de lâmpada com energia de 2 a 3 watts/m2, o número de horas de iluminação correspondente a idade do pinto. O programa de luz a ser utilizado deve ser: 1° dia = 24 horas 2° dia = 22 horas 3° dia = 20 horas Do quarto dia em diante utilizar programas de iluminação específicos, de acordo com a região e época do ano, visando melhorar o desempenho das aves.
Observar constantemente as lâmpadas, que deverão ser substituídas imediatamente quando queimadas ou quebradas e mantidas devidamente limpas.

Figura 5. Representação esquemática de um bebedouro tipo pendular.


BEBEDOUROS
Na fase inicial é essencial garantir que os bebedouros estejam bem distribuídos nos círculos de proteção ou na área para alojamento das aves, sempre objetivando que qualquer que seja o lugar onde o pinto se encontre haja um bebedouro próximo. Da mesma forma, à medida que os círculos de proteção são abertos os bebedouros também devem ser movimentados, buscando sempre obter uma distribuição uniforme por todo o galpão.
Nos primeiros dias usar bebedouros tipo pressão, com capacidade para 3 litros de água, na proporção de um bebedouro para 80 pintos. O abastecimento deve ser feito com água fresca e limpa, que deverá ser trocada pelo menos duas vezes ao dia, quando também deverá ser realizada a limpeza do bebedouro. A partir do 3º ou 5º dia de idade esses bebedouros deverão ser substituídos gradativamente pelos pendulares, que permanecerão até o final da criação do lote. Entre o 6º e o 8º dia pode-se começar a retirada dos bebedouros iniciais, de forma escalonada, num período de 2 a 3 dias. Os pendulares permanecerão na mesma proporção (um bebedouro para 80 pintos). A limpeza deve ser feita diariamente para evitar o acúmulo de ração, pó e excreções das aves no fundo dos bebedouros, garantindo a qualidade da água. A regulagem da altura do bebedouro deve garantir que o pinto possa beber confortavelmente e evitar o desperdício de água, empastamento e apodrecimento da cama. De 15 a 20 dias de idade a base superior do bebedouro deve estar à altura de 5 cm do dorso da ave, sendo regulado de acordo com o desenvolvimento, conforme figura 5.
No caso de se usar bebedouros tipo nipple deve-se atentar para a regulagem do nível de água e altura dos bebedouros. Na 1ª semana (até o 4º dia) o pinto bebe pela lateral do pino sem esticar demais o pescoço, ou seja, nos primeiros dias o nipple fica na altura dos olhos do pintinho e a partir do 4º ou 5º dia a ave deve beber com uma inclinação de 45 graus dos olhos em relação ao nipple. Da 2ª a 3ª semanas a ave passa a beber com a cabeça um pouco mais inclinada e o bico toca mais abaixo no pino. Da 3ª a 4ª semanas, a ave bebe quase abaixo do nipple, com a cabeça ainda mais inclinada, e 4ª a 6ª semanas ou mais a ave bebe bem debaixo do nipple, com a cabeça totalmente esticada. Regula-se a altura dos bebedouros a cada 2 dias nas primeiras semanas e diariamente daí em diante. A cada ajuste verifica-se o nivelamento entre as linhas e o solo, mas é importante observar as aves.
A pressão da água deve ser regulada de acordo com a idade da ave com auxilio da régua fornecida pelo fabricante. No inverno as aves consomem menos água, portanto as pressões normalmente utilizadas no inverno devem ser menores do que as do verão. Cama úmida ao longo das linhas geralmente indica excesso de pressão. Nesse caso, deve-se abaixar aos poucos a pressão e observar os resultados sobre a cama. Na troca de lote deve-se lavar e desinfetar a caixa d´água.

Figura 6. Representação esquemática de um comedouro tipo tubular.

COMEDOUROS

O comedouro tipo bandeja é utilizado nos primeiros dias de idade, na proporção de 6 para 500 pintos, ou seja, 80 pintos por comedouro. Os pintos ao entrarem no comedouro para se alimentarem sujam a ração, sendo necessário peneirá-la duas vezes por dia, retirando-se as fezes e partículas de cama. Deve-se mexer a ração de 5 a 6 vezes por dia, principalmente nos primeiros dias de criação, para estimular o consumo. Para tanto o fornecimento da ração diária deve ser feita em maior número de vezes e em quantidades menores. Para evitar a fermentação das placas formadas pela umidade devem-se trocar ou lavar as bandejas diariamente, devolvendo-as limpas e secas.
A partir do 4o. dia pode-se começar a colocar os comedouros definitivos e a partir do 7o. ao 10o. dia procede-se a retirada dos comedouros iniciais, de forma escalonada, num período de 2 a 3 dias. Garantir que os comedouros definitivos estejam uniformemente distribuídos. Os comedouros tubulares deverão ser mantidos na proporção de 40 aves/comedouro. Manter, a partir da 2a. semana, a base dos comedouros na altura do peito das aves, conforme figura 6.
Os comedouros automáticos são de uso mais prático por facilitar o manejo de arraçoamento. Os pratos com grades permitem a alimentação dos pintos desde o primeiro dia de criação. A quantidade de aves por prato alimentador e a capacidade do silo varia de acordo com cada fabricante. Os cuidados com o ajuste da altura devem ser tomados durante toda a criação.


CAMA

A cama deve ser homogeneamente distribuída com uma profundidade de 8-10 cm. Distribuição irregular da cama causará problemas com disponibilidade de água e ração.
O trabalho de revolvimento da cama deve ser constante, durante todo o período de criação, no sentido de evitar que a mesma se torne úmida, propiciando a formação de placas. Eventuais vazamentos dos bebedouros podem ocorrer por má regulagem dos mesmos, portanto devem ser monitorados constantemente.


JEJUM PRÉ-ABATE

O jejum pré-abate compreende o período antes da apanha, em que as aves não devem ter acesso à ração. Essa prática é necessária para reduzir o conteúdo gastro-intestinal das aves, diminuindo a possibilidade de contaminação da carcaça na evisceração decorrente do rompimento do inglúvio e ou intestino. Após o carregamento a digestão torna-se mais lenta ou até paralisada, sendo que um período de jejum de 8 a 12 horas, incluindo o tempo de espera na granja, o transporte e a espera na plataforma é considerado suficiente para que ocorra esvaziamento do trato digestivo das aves.
Essa fase de jejum é fundamental para que não se tenha perdas excessivas de peso ou, em contrapartida, altas contaminações no abatedouro, o que seria extremamente danoso. É preciso achar o ponto de equilíbrio. Nos carregamentos noturnos ou ao amanhecer, quando o jejum ocorre à noite, existe uma tendência de ter frangos com mais conteúdo intestinal, principalmente em épocas de temperaturas mais baixas. Isso é causado pela deficiência da iluminação nas granjas, pouca movimentação e menor consumo de água. O tempo de jejum deverá ser ajustado entre 7 e 9 horas. Os equipamentos (comedouros) devem ser colocados de maneira que não atrapalhem o carregamento. A água deverá ser retirada somente no momento do carreg0amento e nos meses de muito calor fazer a retirada escalonada, para que as aves fiquem o mínimo possível sem a disponibilidade de água.


APANHA E PREPARAÇÃO DO AVIÁRIO

A divisão das aves em grupos, além de auxiliar na apanha, reduz o impacto da movimentação das demais aves. Se a apanha for parcial ou total durante a noite deve- se usar luz azul, pois ao ter a capacidade visual anulada pela luz azul as aves não se agitam com o movimento do apanhador e ficam imóveis, facilitando a apanha. Os obstáculos físicos, tais como os comedouros e bebedouros devem ser colocados fora da área de movimento das aves e dos carregadores para evitar golpes no peito e nas pernas das aves e acidentes com o pessoal da apanha. Independente do horário ou temperatura, alguns conceitos são básicos: proporcionar o mínimo de estresse possível às aves. O seu aumento é diretamente proporcional à perda de peso e ao número de contusões; cercar um número de aves por vez, 200 a 250 aves (diurno); levar as caixas até os frangos, nunca levar os frangos até as caixas. A apanha manual das aves é um método utilizado universalmente. Apesar de existirem no mercado algumas alternativas automáticas, a previsão é de que esse método continuará a ser usado no futuro. Esse trabalho implica em sérios riscos para a integridade da carcaça, em especial o peito, as pernas e asas, devido ao manejo inadequado das aves, sendo a causa mais provável de danos. Dois tipos de apanha são utilizados atualmente: pelo dorso: é o mais usado. Apanha-se a ave pelo dorso, por sobre as asas com firmeza. A apanha individual oferece maior proteção a integridade física das aves. Ao se pegar uma a uma, as aves são manejadas e colocadas cuidadosamente nas caixas. Esse método beneficia também os trabalhadores, cujo desgaste físico e estresse são reduzidos. Como resultado final tem?se melhor qualidade de carcaça, maior rendimento pela redução de lesões físicas, redução de perdas, redução dos custos operacionais diretos e indiretos; pelo pescoço: mais recente e vem crescendo. Várias empresas já utilizam 100% dessa modalidade. Exige um pouco mais de treinamento da equipe. As aves são apanhadas 2 a 3 em cada mão. As lesões hemorrágicas e o nível de fraturas, principalmente, são semelhantes quando se pega a ave pelo dorso. Uma desvantagem é o número de arranhões no dorso e coxas que são feitos quando da introdução da ave na caixa que já tem outras aves. Nos dias mais quentes, pode aumentar a mortalidade no transporte porque o modo de apanha não deixa de ser um processo de asfixia.

TRANSPORTE E CARREGAMENTO

O número de aves colocadas em cada caixa transportadora deve receber atenção especial. A decisão para essa variável deve considerar o sexo e o peso das aves, além de fatores como clima e distância do aviário ao abatedouro. O número de fraturas ósseas é reduzido quando as aves podem mover-se no interior das caixas transportadoras. A disponibilidade de oxigênio também é um fator decisivo no transporte dos frangos, uma vez que quantidades reduzidas de oxigênio podem resultar em asfixia das aves ou gerar coloração anormal na ave. Para que a circulação do ar seja facilitada é necessário que haja espaços entre as fileiras das caixas no veículo transportador e as caixas devem estar limpas, uma vez que excretas e penas dificultam a passagem do ar.
No processo de carregamento é desejável que o caminhão possa entrar no aviário e chegar perto de onde está sendo feita a apanha. Mas, os aviários antigos ou mal projetados impedem a entrada dos caminhões, fazendo com que haja maior movimentação das caixas contendo as aves. Usar um sistema de canos de PVC, distanciados 50 cm para facilitar o deslizamento das caixas, deslizando sempre duas a duas. Toda e qualquer batida ou movimentos bruscos, devem ser evitados. Um sistema também de canos, tipo escada, ou esteira, deve ir do chão até a altura da carroçeria para deslizar suavemente as caixas. As pessoas que ficam em cima do caminhão tem que ser as mais experientes e eficientes para evitar as batidas e as contusões.
Deve-se manter um ponto de equilíbrio quanto ao número de caixas na altura de 7 a 8, já que sabe-se que as duas últimas fileiras são responsáveis por 40% das hemorragias de peito. A maneira de transportar as caixas nos caminhões é bastante variada. Normalmente usa-se o sistema de canos laterais e de cobertura: tela, ou simples amarrações que deverão dar garantias para que as caixas tenham um mínimo de movimento, sem risco de acidentes, já que no momento que uma caixa se solta, outras sofrerão o mesmo processo.
Os motoristas que transportam aves devem ser bem treinados e ter noção exata da carga que estão transportando, ter idéia do número de aves que morrem normalmente no carregamento e transporte, além do conhecimento das lesões que podem ocorrer. O transporte das aves no período noturno é vantajoso por evitar temperaturas elevadas, favorecendo o bem estar das aves, o que reduz as perdas por mortalidade e resulta em carne de melhor qualidade.